terça-feira, 7 de maio de 2013

in bloom

Para mudar de registo e fugir do futebol, por intermédio de um amigo, cheguei a este cover do In Bloom por parte dos Deolinda.

Como seria de esperar, gerou-se um pequeno debate nos comentários. Eu não gostei. Admito que de facto tenho uma aversão aos tiques vocais da vocalista dos Deolinda (e aos Deolinda) Aquela forma de atacar tudo em crescendo de intensidade não é cantar, é mugir. Qualquer sentimento fica triturado, uma vez que a voz, entretida que está a disfarçar limitações com acrobacias, não tem espaço para transmitir mais nada. Isto pode ser uma questão de gosto pessoal, por exemplo, salve as devidas proporções, também nunca fui à bola com a voz da Amy Winehouse.

Quanto ao cover, deve captar o espírito da música numa interpretação pessoal ou então subvertê-lo de forma irónica ou distanciada. No caso deste cover há apenas uma escolha de arranjos e instrumentos e que soa neutra no sentido Nouvelle Vague, só que em vez de bossa nova ou easy listening, é uma espécie de fado de fusão. Ou seja, é bem feito no sentido deolinda (sem a voz seria agradável). Mas podia ser esta faixa como uma da Cindy Lauper ou dos Megadeth, seria deolindizada da mesma forma. A interpretação está completamente ao lado do significado (negro), mas também não é exactamente irónica. A vocalista não parece cantar em inglês (aquilo é o quê? russo?) e dá a entender que só está a vocalizar sílabas e sons aleatórios que são giros, mesmo que a letra diga coisa como nature is a whore ou sell the kids for food.

Aqui o exemplo de um cover que acentua um sentimento orignal da música, o Lithium pelos  Polyphonic Spree. É um cover tão bom que é a única música boa dos Polyphonic Spree.



E aqui um exemplo de ironia, o Rape Me em versão crooner, de Richard Chease, que dedico à baliza do Helton no próximo Sábado.

10 comentários:

jack disse...

não consegui ouvir a versão toda, sequer. está completamente desvirtuada.
é nirvana. é grunge. a versão pessoal de cada um não pode distanciar-se tanto do que o artista desenhou.

disse...

exactamente isso Tolan, a voz. há vozes que fodem tudo o que tocam, a voz da vocalista dos Deolinda é uma delas, às quais consigo ainda juntar o anglituguês confrangedor da vocalista dos Supernova, o sotaque do Manuel Cruz (mas aqui dou de barato o meu chauvinismo linguístico em determinado contexto musical), a polifonia de bagaço da Sónia Tavares dos Gift, cuja flutuação entre graves e agudos dentro da mesma sílaba se assemelha muito à dos Deolinda.

mas acho que isto é uma coisa específica de determinadas pessoas, a voz dela irrita-me a mim, e aparentemente a ti, outros adoram-na. da mesma forma que a voz do Erza Koenig me dá para ouvir qualquer bosta de projecto em que ele entre e a outros fá-los lembrar Sodoma em campos nazis. Pelo menos sempre dei a essas vozes que abomino este benefício da dúvida.

talvez por ter sido um fanático adolescente de Nirvana não gosto da versão do Rape me, mas ouvia-a há uns anos no contexto dos álbuns do Richard Cheese e encaixava-se perfeitamente, se bem que nesses álbuns há adaptações geniais e este não é um dos casos.

Unknown disse...

gosto de covers como exercícios, e concordo: algumas que são verdadeiros atentados a tudo.

(os Polyphonic Spree tem dias - mas esta versão é de longe o mais parecido com uma coisa de jeito que eles já fizeram)

Anónimo disse...

Os Deolinda são bons para cagar em cima. Não têm a mais pequena centelha de nada e os trejeitos que a gaja faz com a boca puta que a pariu enfim deve ser uma parvalhona.

Os segundos não fazem uma versão, fazem uma cópia.

O terceiro seria anódino se não fosse irritante.

Eu sou do Benfica mas tenho mais medo que fé.

Mak, o Mau disse...

Os covers há já algum tempo que são um bocado como aquela história do hamburger gourmet. É simples e não dá trabalho, mas só vale alguma coisa quando é realmente bom, senão é só mais um a usar o nome e a tentar a sorte.

Desde a mina de Nouvelle Vague que já me dá a volta ao estômago ouvir um novo cover de uma qualquer gaja pós-moderna com voz de cama, que torna um tema qualquer numa espécie de gargarejo de sereia mal engendrado.

Pode ser ranhoso, mas um que me deu gozo ouvir, dentro do género, foi o Mark Ronson & Tiggers a sacar um cover da Britney Spears - https://www.youtube.com/watch?v=-tNKF83Q_pk

Para mim, cover de jeito ou é homenagem dentro do género ou é uma reinvenção com toque genial. Fora disso, é mato...

Anónimo disse...

Alguém que cale esta gaja. Obrigada.

A Bomboca Mais Gostosa disse...

Também não suporto os Deolinda, e não gostei da versão. A Amy tinha, na minha opinião, uma grande voz quando estava sóbria, claro está.
Concordo muito com o Mak, as novas covers que de vez em quando aparecem, como covers de músicas dos Guns's etc, dão-me volta ao estômago, como é que se consegue transformar música rock de qualidade em música de elevador e consultório médico?
Enfim.

A Bomboca Mais Gostosa disse...

PS- no início da música não percebi nada do que a gaja estava a cantar, parecia Coreano. Mais depressa percebo o que diz o Psy.

GATA disse...

O que eu me ri com o segundo comentário da Bomboca Mais Gostosa! :-)

Nirvana versão fado castiço, não, obrigada!

Carlos Jorge disse...

Foda-se, que cambada de preconceituosos-velhos-do-Restelo que aqui anda! Parolos de merda, sacudam o pó dessas ruínas culturais que vos oprimem e abram as janelas para a evidência: a versão dos Deolinda é muito superior à original!