terça-feira, 15 de janeiro de 2013

aos 2:43



(dedicado aos defensores da supremacia da raça humana, incluindo os seus espécimes mais asquerosos)

15 comentários:

pássaro viajeiro disse...

Boa-noite.

Todos descendemos de seres rastejantes, só que nalguns isso nota-se mais.

Andorinha disse...

És grande Tolan! ;)

A Mais Picante disse...

A reportagem deixa um sorriso na cara. Já as palavras..

Anónimo disse...

Já tinha visto o vídeo, mas nunca é demais rever. Adoro!
Um dia seremos uma maioria (aqueles que pensam que a vida animal vale tanto quanto a dos Homens)!

A Mais Picante disse...

Espero que seja coerente e não coma carne nem peixe...

Tolan disse...

Pipoca,não é preciso ser-se vegetariano. Não sei como é para o anónimo a que respondeste, mas na minha cabeça, eu não elevo os animais a coisas divinas feitas à imagem de Deus. Eu desço é o homem à categoria de animal extremamente complexo, o mais inteligente dos macacos. Matar para comer não é nenhuma incoerência. Assim como esmagar uma melga que está a invadir o território do meu quarto, à noite. Na natureza, o leão come a gazela. Isso significa que um é superior ao outro?

Sister V. disse...

O ser humano deve ter um qualquer complexo de inferioridade. Sempre a tentar provar por A mais B que é superior.

A defesa da supremacia já resultou em genocídios e não foram precisos animais, bastou a raça humana para acontecerem.

Tolan disse...

... e por isso mesmo não me move nenhum sentimento especial de comunhão com a "espécie humana", como se fossemos todos primos ou irmãos. Muito pelo contrário. Basta ler o jornal e ver as atrocidades inacreditáveis que o homem é capaz de cometer sobre os seus semelhantes e sobre os animais e natureza, por crueldade, divertimento, ganância, fanatismo religioso, ânsia de poder, racismo...

Sãozinha disse...

Não sei o que é que queres demonstrar com este vídeo, relativamente à discussão dos últimos dias. E não estou a ser irónica, não compreendo mesmo.

A Mais Picante disse...

Tolan,
Vamos por partes. Eu adoro animais. Tenho cães em casa desde que nasci, são tratados como parte da família, já tive 1 animal de raça perigosa, já tive 1 animal agressivo de raça não perigosa. Sempre me deram imenso trabalho e zero de complicações. Sacrificaria, sem hesitar, qualquer animal de estimação se disso dependesse a segurança e integridade de um ser humano, ainda que esse ser humano fosse um assassino. Para mim é uma questão de ética. Até porque, assassino para mim pode não ser a mesma coisa que assassino para si, e não será com certeza a mesma coisa que assassino para um radical muçulmano.
Vamos começar a eleger humanos de primeira e de segunda? É? E já agora quem é que decide isso? Se bem me lembro foi assim que começou o holocausto. E se bem me lembro os nazis tratavam os seus cães bem melhor do que tratavam os cidadãos de segunda que eram os judeus, os ciganos, os comunistas, os homossexuais ou os deficientes.

Tolan disse...

Pipoca, pareces implicar que quem defende os animais e os equipara aos homens do ponto de vista metafísico ou filosófico ou teológico, faz a apologia da discriminação entre seres vivos. Isso não é um bocado incoerente? Se eu não considero um homem um animal superior ao um cão ou um mosquito, porque motivo eu havia de distinguir os homens pela raça, cor, credo?

Depois, quem diz que não distingue pessoas, está sempre a ser hipócrita quando passa à prática. É natural distinguir pessoas. Tu chegas ao ponto de relativizar a noção de assassino, consoante a cultura. Por essa ordem de ideias, prender um homem que matou uma pessoa, seria apenas uma injustiça menor do que a pena de morte.

E extrapolam sempre para desembocar no holocausto e no exemplo de Hitler. Até parece que Hitler baseou o seu holocausto e o ódio aos judeus na superioridade dos animais e não na superioridade de uma raça de homens em particular, a ariana, atribuindo-lhe um carácter divino e assumindo-se como um messias.

Enquanto uma brigada de fundamentalistas não me tocar à campainha a exigir a morte da Julieta que dorme ao pé da lareira para que um bom cristão como o Breivik possa sobreviver, o problema não se me coloca. Mas se me colocassem o problema dessa forma, não hesitaria em preferir a minha cadela, uma vez que nem sequer fui eu que coloquei o dilema em primeiro lugar e se esse problema me fosse colocado, é porque algo de errado se passava, uma vez que não fui eu que desejei a morte ao Breivik e montei um problema cruel qualquer para testar cenas teológicas.

O que não admito é que em teoria se assuma que eu deveria sacrificar um cão em qualquer contexto por qualquer pessoa "mais asquerosa".

É completamente diferente falar de um pit bull que matou uma criança e pode matar outra vez. Eu próprio acataria uma decisão judicial nesse sentido, se um cão meu constituísse um risco para as pessoas ou mesmo para os cães de outras pessoas. Como expliquei, o meu pai até se antecipou, eutanasiando um cão de que gostava, apenas por sentido de responsabilidade para com a comunidade e para com a sua família. E isso é uma questão prática e não metafísica e teológica de pacotilha. Foi uma lição que aprendi aos 7 anos e demorei uns bons 4 ou 5 anos a interiorizar. Outra lição prática que aprendi, também da maneira mais dura, foi quando o próprio problema da eutanásia se colocou no caso do meu pai que morreu com um tumor cerebral e que tinha dito textualmente que preferia morrer com dignidade nessas circunstâncias e era favorável à eutanásia. Felizmente, foi perdendo a consciência e o discernimento e nunca tive de o ouvir pedir-me isso, mas não desejo a ninguém o que foi o último mês de "vida" dele, com um dos olhos a sair de uma órbita empurrado pelo tumor, a sufocar em fluídos nos pulmões, paralisado, encharcado em morfina e magro como um cadáver. Desculpa se a descrição é gráfica demais, mas não há teórico católico que não venha com a puta da conversa do hitler e do holocausto a propósito dos perigos da morte legalmente assistida em doentes terminais. Contudo, nunca apanhei disso. Mais uma lição prática. Dá-se o caso da maioria de pessoas que realmente lidam com estes casos, sejam católicos ou não, médicos, enfermeiras, amigos, familiares etc. serem muito mais pragmáticos, humanos e compreensivos que os teóricos que discutem estas coisas na internet ou em colunas de jornais e chamam potenciais hitlers ou inquisidores uns aos outros.

Tolan disse...

ah, e sim, há seres humanos de primeira e de segunda e de terceira, quarta e quinta, sem dúvida, todos fazemos isso, uns assumem isso como uma inevitabilidade e outros correm atrás de utopias que os lançam frequentemente em contradições e hipocrisias ou nos piores casos (comunismo, fundamentalismo religioso etc.) acabam em tragédias globais. Os de 5ª estão nas prisões porque nós, os de 4ª, 3ª, 2ª ou 1ª os achamos perigosos ou malvados ao ponto de os privar da liberdade.

S* disse...

Oh, já não dá o vídeo...

A Mais Picante disse...

Não me fiz entender. O que quero dizer é que ao dizer que a vida de um animal vale mais que a de um assassino, então posso concluir que, caso necessário se deva salvar o animal primeiro e só depois o homem assassino. Que num naufrágio se salvariam primeiro mulheres e crianças, depois homens de bem, depois animais e só depois criminosos. E isso abre uma porta perigosa já que a noção de criminoso até pode ser relativa. Como lhe digo eu sou criminosa para um fundamentalista muçulmano: sou católica, trabalho, conduzo.. sou infiel, enfim merecia ser apedrejada. De acordo com essa bitola salvar-se-iam primeiro os gatos e periquitos que os ocidentais.
Acho que isso abre uma porta perigosa, que no passado conduziu a atrocidades.

Agora na prática claro que gosto mais dos meus animais do que de qualquer assassino, do que de qualquer desconhecido. Acho é que qualquer animal deverá ser abatido se puser a integridade física de qualquer humano em causa, assassinos incluídos.

Sister V. disse...

Tolan, és o maior! Concordo em absoluto com o que aqui escreveste :)