terça-feira, 2 de agosto de 2011

e pronto, estava-se mesmo a ver...

Videojogos violentos retirados do mercado após ataque na Noruega - Público.

Um tipo inspira-se na Bíblia, considera-se um templário, um cristão, recria um Mein Kampf caseiro durante 9 anos, tem acesso a armas legais automáticas, adquire fertilizantes químicos que são base de explosivos, inscreve-se em partido de extrema direita onde lhe fomentam as ideias, movimenta-se em fóruns de extremistas, testa explosivos na quinta, treina fogo real, tem acesso a munições especiais que explodem no impacto, não vê o pai há 10 anos, tem uma vida social de alienação total, tomava esteróides em barda, pertencia ou fingia pertencer à maçonaria etc. etc. etc. etc. e os jogos "violentos", jogados por centenas de milhões de pessoas por todo o mundo, surgem como bode expiatório numa manobra de marketing de uma worten lá do sítio.

Para se ver o ridículo da coisa, até o Warcraft proibiram, só porque a besta jogava Warcraft, um jogo tão violento como o Senhor dos Anéis ou o Harry Potter. Só me vem à memória o facto do assassino de John Lennon ser um adolescente obcecado pelo Catcher in The Rye do Salinger.

É evidente que alguém com instintos violentos e fantasias militares gostará, à partida, de jogos militares. A questão que se coloca é o percurso inverso. Podia encher centenas de páginas só de exemplos pré-jogos, pré-televisão, pré-cinema, de violência extrema fundada em ideologia / crenças. Neste particular, só a Bíblia podia encher 10 volumes. Não se metam nisso.

7 comentários:

LN disse...

O problema da violência nos videogamezinhos não está tanto na violência em si, que é pura diversão burguesa como a literatura policial, mas no factor X, ou seja: a verossimilhança com o real. O antropomorfismo de jogos como o Hitman, GTA, o nojo do Manhunt, etc, ainda que não tido pelo jackpot maluco das ideologias que há lá por trás, pode de facto sair de mázinha sorte num humano cujo estádio de evolução psíquica ainda seja precocezinha. A faixa etária que compreende os teenzinhos menos favorecidos pela graça do capital ou cultural, tem baixinha guarda à essa América global, que nos chega via Fnac.

O Breivik não tem nada que ver com isso. O tipo é o tão aguardado - por uma certa escatologia programática do mundo cristão - retorno do Cristo, Nosso Senhor Deus Sempiterno.

Anónimo disse...

Agora só jogam Singstar... e ainda assim acho que não deviam subestimar a capacidade deste jogo de fomentar novas vagas de violência na Noruega.

Tolan disse...

Sim, especialmente CONTRA pessoas que jogam ao singstar em altos berros e metem as cenas no youtube :D

LN: o GTA é uma sátira irónica ao que pensas que ele representa. Só mesmo jogando.

LN disse...

Uma «sátira irónica»? :s De um ensaio sociológico que leste? Eu não penso nada do GTA, apesar de ter perdido bastantes horas conhecendo a série enquanto púbere, não passa de diletantismo 'artístico' (tem piada o que esta América promove como arte) juvenil.

E representa a América dos Butthole Surfers ou do Bush? As acusações de xenofobia, racismo, delinquência e hooliganismo por parte de minorias étnicas e pais cristãos, devem-se a estes não terem percebido a sátira, ou a ironia?

Tolan disse...

LN, eu gosto de jogos, beber, futebol e lol cats. E pelo meio, livros e de escrever. Não sei se me interessa muito discutir as coisas contigo porque acho que te armas um bocadinho.

Sinnerman disse...

LN, deixando os jogos de lado...queres falar sobre, sei lá, telejornais? Real life? Todos os santos dias? MTV e a sua cultura "bling bling"?

Achar que videojogos promovem este tipo de situação é só das coisas mais absurdas que já ouvi na vida. E sim, joguei Hitman, joguei Manhunt, joguei GTA. Alucinado em potência?? ;)

Anónimo disse...

LN: «por uma certa escatologia programática do mundo cristão»


TLD: «E sim, joguei Hitman, joguei Manhunt, joguei GTA»


R.