As catástrofes à distância têm um grau de drama tão abstracto que não conseguimos comover-nos. Somos bombardeados por catástrofes nos media, sejam guerras ou catástrofes naturais e, por defesa, é natural que nos tornemos um pouco mais frios. Essa frieza também varia em função da identificação com as vítimas. Assim, é natural que o 11 de Setembro nos comova mais que os números abstractos de civis mortos no Afeganistão.
Depois, temos a matemática fria. Sabemos racionalmente que 10 mil mortos é pior que mil mortos mas menos mau que 20 mil mortos, mas os números causam reacções emocionais que não são proporcionais. É um caso em que o todo é inferior à soma das partes. É só quando descemos ao nível do drama individual e particular, que algo muda. Pelas zonas afectadas no Japão, haverá neste momento milhares de histórias assim, comoventes: Japan earthquake: Father's search for missing wife
12 comentários:
Esta do Japão é a maior catástrofe que assisti em vida. Sem ser em números frios (que vão aumentando e com uma ameaça apocalíptica a pairar) o balanço definitivo só estará resolvido daqui a umas décadas...
Ha uma citacao que gosto e odeio simultaneamente. Gosto dela pela verdade cinica que espelha; odeio-a por ser atribuida a Stalin. Conheco-a em ingles, mas traduzida sera mais ou menos isto: a morte de um homem e' uma tragedia, mas a morte de um milhao de homens nao passa de uma estatistica.
Ha uma versao anedotizada sobre dois politicos que discutem como invadir um pais (escolha o conflito que quiser) e diz um para o outro: Ja sei como vamos fazer! Bombardeamos os x milhoes e matamos um dentista. Diz o outro: um dentista? Porque um dentista? Ao que o primeiro responde: ves? Ninguem quer saber dos x milhoes...
Eu tambem acredito que e' a personalizacao da tragedia, ou das causas, que mexe connosco. O efeito perverso e' que com o deficit crescente de atencao de que todos vamos sofrendo, chega-se a uma altura em que ate a personalizacao das vitimas se torna cansativa quando nao quase pornografica (como foi por exemplo no Haiti).
Congratulo-o pelo seu blog e pela sua escrita; ainda que nao comentadora sou leitora diaria de ha uns tempos para ca e sempre com agrado.
Anathelion, excelente comentário. Estou de acordo com tudo, até com o último parágrafo.
ocorreu-me logo a expressão do Stalin, mas já cá está.
é por isso também que, por muitas criancinhas a morrer em áfrica que haja...as tragédias pessoais assumem sempre esse papel.
btw, feliz aniversário***
A Pólo diz que o Tolan faz anos e eu creio na Pólo, portanto, que as algálias fiquem bem longe de si.
Parabéns!!! ;)
Ao que parece isto não acontecerá de novo, agora no Japão.
A propósito, este dfb tem uma frase que não é deste mundo: "you held my hand and we fell into it, like a daydream or a fever"
Muitos Parabéns!
Muitos parabéns Tolan!
Mais uma dessas historias comoventes: -Boy continues lonely search for family members- http://www.asahi.com/english/TKY201103160138.html
chuif, sniff
Muitos Parabéns Tolan!!
Tentei falar ctg, mas já deves estar com aqueles dramas das mulheres....a partir de uma certa idade ficam deprimidas....
Aladin, o video dos cães já o conhecia (enviei-o para a minha mãe chorar). Essa música de GSYBE não conhecia, fantástico o poema...
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