sexta-feira, 12 de novembro de 2010

uma noite

Uma das coisas em que percebi o avanço inevitável da idade foi a minha progressiva vulnerabilidade física a noitadas. E a sensação de ridículo crescente em situações como estar numa fila para entrar no Lux e correr o risco de ser barrado. Nos bons tempos ia ao Lux 2 vezes por semana quase, morava muito perto. Mas depois aquilo começou a ser moda e os betos e vips que frequentavam a decadente zona de Santos, nomeadamente a Kapital e o Kremlin antes destes virarem jardim escola e antro de mitras suburbanos, começaram a migrar em bando para o Lux. Começou a suceder a típica cena de estar na fila e passar à frente um grupo de 10 pessoas porque uma Bibá qualquer conhece o irmão do primo do empregado do bar que levanta os copos das mesas. Eu conheço esse gajo, mas não vejo como seja possível que ele me ajude a entrar.

Eu próprio, admito, entrei várias vezes pela zona vip devido a certas companhias e pensava sempre, hipocritamente, "foda-se, eu valorizo infinitamente mais a boa música do Lux e o facto de ser uma das 3 melhores discotecas da europa, e gasto mais numa noite que esta pessoa num mês e ela é que consegue isto".

Nunca mais me vou esquecer de uma noite em que encontrei uma miúda num grupo, à porta do Lux, uma giraça de quem eu gostava à brava e, por distracção, não entrei no grupo dela. Sozinho, fui barrado. Tentei ligar-lhe mas ela não tinha bateria no telemóvel. Tentei explicar a situação à porteira lésbica, mas nada. Ter deitado uma garrafa de champanhe no lixo, 5 minutos antes, a poucos metros dali, não ajudou.

Fodido, sentei-me na corrente em frente ao Lux e esperei. Esperei horas, enregelado, até ser dia e o Lux fechar, sempre a chispar ódio aos porteiros. Ainda fiz uma pausa para ir comer um hamburger cheio de germes e beber umas cervejas na roulote perto da estação.
Quando ela saiu, finalmente, viu-me, ficou surpreendida e eu beijei-a em frente aos porteiros e à lésbica. Ela não ofereceu resistência. Afastámo-nos abraçados, comigo a deitar um olharzinho vitorioso por cima do ombro, pombos a levantar voo em câmera lenta e tudo.

Tudo teria corrido bem se não fosse dar-se o caso dela ter mesmo de ir para casa e foi, só esperei o autocarro com ela e adeus, eu ligo, não ligo eu etc. Da última vez que ouvi falar nela, pelo facebook, estava na índia a coser tapetes numa aldeia, virou freak. Mas pronto. Dont fuck with Tolan senhores porteiros. Sou persistente.

8 comentários:

Maria Fonseca disse...

Curiosamente, uma das coisas que mais gosto nas noites do Lux, são os pedacinhos de conversa com a Alfredo, quer à entrada quer à saída. Mas também,eu tenho um fetiche com porteiros da noite.

Tolan disse...

Então quando for ao Lux vou dizer "Eu sou amigo da Maria Fonseca senhor Alfredo. Tudo bem pá?"

Maria Fonseca disse...

Experimente e depois diga-me como correu.

Isabel disse...

Para quem esperou horas ao frio da madrugada, dar um saltinho até à India pode até nem ser má ideia. Excepto pelo facto da rapariga ter virado freak.

Sairaf disse...

Que persistência, sim senhor!!... mas quem espera sempre alcança.
Abraço

Rui Brasil disse...

Quem será a próxima vítima?


http://ups-i-did-it-again.blogspot.com/

Unknown disse...

Ahhh, essa grande estúpida de fato macaco e sotaque foleiro a olhar-te de cima a baixo e a dizer "oitenta eurrós.".

Recordo-me e entendo.

A Alemanha Ganhou a Guerra disse...

O que me chateia é ninguém neste tempo todo que permeia o momento em que este post foi postado e o momento em que eu faço este comentário ninguém tenha feito a pergunta principal e que é sem mais demora quais são as outras 2.

Agradecendo a resposta célere (caso contrário, não agradeço nada),

A Alemanha Ganhou a Guerra