sábado, 30 de outubro de 2010

o talento perdido

Alguns amigos e "amigas" dizem "eu escrevia poemas" ou "eu fazia música" ou "eu escrevia histórias" ou "eu pintava muito bem" referindo-se a um tempo normalmente pré-universitário. Depois há qualquer coisa que fica soterrada pela maturidade, pela cultura, pela rotina e pela noção de ridículo que escapa completamente aos adolescentes. As "artes" têm uma componente de técnica que normalmente só é adquirida com o tempo, o estudo e a prática e alguma autocrítica. Por isso, é difícil crescer e fazer qualquer coisa pura, viva, infantil.

13 comentários:

Anónimo disse...

Então e passar a vida a dizer que se quer ser escritor há não sei quantos anos e ainda não ter escrito nada?

Maria disse...

Quem é que não escrevia aqueles poemas, ou frases, quando o seu amor adolescente não era correspondido.
Mas concordo com o que escreves. É como ver aqueles putos, geração de MTV, a cantar sobre heartbreak, eles não sabem o que é por isso não podem sentir na alma o que estão a vociferar. Ou como ter uma criança cantar fado de Coimbra, nesta idade ele não deveria saber o que é sentir saudade.

Tolan disse...

Anónimo (finalmente, um anónimo chato), daqui a 15-20 anos falamos.

Pedro Góis Nogueira disse...

É isso. Muito trabalho a escrever, a seleccionar, a cortar e a ler, ler muito. E sem garantias de seja o que for. É preciso muito amor, fé e irracionalidade. Depois, há os escritores marketing que preferem o caminho da auto-promoção da batota, do "morreste-me" e essas coisas, mas isso já é outra conversa...

Anónimo disse...

Está bem. Quem esperou uns anos, sempre pode esperar mais um bocadinho.

Anónimo disse...

E a ver se a montanha não pare um rato, oh next big thing da literatura portuguesa.

Prezado disse...

Sendo que o ganho da autocritica é precioso, é pena que isso cause em muitos casos o fim da experimentação e cada vez mais sermos mais iguais uns aos outros ( em ideias, digo ).

Tolan disse...

e um rato fofinho? daqueles com bigodes cheios de queijo e as esfregar as patinhas? era mau?

Anónimo disse...

Ainda não descobri se toda a gente nasce um prodígio e depois acontece uma espécie fenómeno Lamarkista (do género you don't use it, you lose it), ou se ganhamos os dois dedinhos de testa com a idade. A minha mãe ainda acha que eu teria sido uma óptima artista plástica (talvez porque sempre foi o sonho dela) embora eu ache que o contributo que posso vir a dar à ciência seja muito maior XD garanto que ninguém nunca pagaria um euro pela mina "arte".

Beatrix Kiddo disse...

tens um anónimo chato...isso é TUDO! :p e pelos vistos está à espera há uns anos. bravo.

Cuca, a Pirata disse...

É relativamente fácil ser-se uma promessa. E o motivo pelo qual há tantos miúdos-promessa é porque não faltam crentes. A começar por eles próprios.

Anónimo disse...

E fez-se o Cabaret Voltaire para quê? E o surrealismo?

Estou a ver que é precisa outra demão no mural do "abaixo a arte"...

João Pedro Fernandes disse...

bravo tolan. gosto bastante do teu blog.