A Beat Generation! Não percebo porque os artistas que eram incluídos na beat generation, como o Allen Ginsberg, William S. Burroughs ou o Jack Kerouac, haviam de rejeitar um rótulo tão fixe. Suponho que tem a ver com aquela coisa da "perda da individualidade" etc. Prima-donas...
Estes tipos tinham mesmo muito em comum. Preocupavam-se com aquilo que eu chamaria de intenção criativa a priori, ou arte-tao-espartilhada-por-manifestos-que-acaba-por-ser-pífia e iam ao cú uns aos outros. Também experimentavam drogas e rejeitavam o materialismo, abraçavam a cultura oriental. O Kerouac era o mais genuíno, o mais próximo de uma pessoa boa e normal.
Onde eu queria chegar é que em Portugal, a geração 70/início de 80, tem algo de beat. Assim como eles eram o pós guerra e cresceram na aurora da época da abundância, nós acompanhámos o início do desenvolvimento português do final dos 80s e dos 90s. Nós, os que víamos o Tom Sawyer na tv, fomos os primeiros a crescer com televisão e publicidade a sério. Quase quatro décadas depois, tivemos finalmente carros, como os putos americanos nos 50s.
Talvez seja por isso que muitos sintam angústias existenciais semelhantes às dos beat americanos dos 50s: a rejeição do materialismo, o sentimento de uma vida que não é preenchida pela profissão (qualquer profissão), a busca de espiritualidade e verdade em que o budismo ou o zen surge frequentemente como resposta, o hedonismo nas drogas, bebida e no sexo. Pode ser isto, mas também pode dar-se o caso de isto ser uma coisa perfeitamente cíclica e que todas as épocas tenham os seus beat. Camões, por exemplo, é um bocado beat. Pessoa e Sá Carneiro, são beat a valer. Se calhar, devia apagar este texto inconclusivo. Estou confuso. Estava muito entusiasmado com ele.
4 comentários:
Esta comparação é muito interessante mesmo. E eu estou de acordo que há qualquer coisa de especial (não digo que seja positivo ou negativo, mas especial no sentido de singular) com a geração de 70.
Por outro lado não estou seguro de esta geração produza alguma coisa que fique, por serem demasiado displicentes. Mas, num certo sentido, penso que foram os primeiros em muitos anos a pensar com as suas próprias cabeças. Enfim, é um assunto em que às vezes penso mas que tem pano para mangas...
Não concordo contigo. A geração de 70 é uma geração deprimida por promessas não cumpridas que educa os filhos de forma mais conservadora do que foi educada pelos pais.
nunca tinha pensado desta maneira.. nao diria que sao comparaveis mas pelo menos tanto tu como eu temos preocupações semelhantes aos beats. julgo eu.
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