domingo, 13 de janeiro de 2013

sobre os Pitbulls e a petição

Sobre o caso prático, não concordo com a petição, vem num contexto polémico e provocador que prejudica a defesa dos direitos dos animais, uma defesa que, em Portugal, tem mesmo muito por onde pegar e agir. Em Portugal, é a própria liga de defesa dos direitos animais que o avança, são abatidos mais de 100 mil animais em canis. Neste contexto,  faz sentido fazer de um pitbull que matou uma criança, a bandeira de uma causa? Com que intuito? Provocar? Não me choca que o animal seja abatido. O que choca é que o  dono não seja responsabilizado por homicídio por negligência, como seria um homem que deixa uma arma de fogo carregada ao alcance de uma criança. Considero que certas raças, nomeadamente o Pitbull, deveriam ser equiparadas a armas de fogo. Querem ter um? Deviam ter cadastro limpo e ser sujeitos a um processo. No Reino Unido, é proibido ter pitbulls, a não ser em casos excepcionais. Fizeram isso em resposta a uma moda cada vez mais espalhada entre os mitras. A propósito disso, o sítio onde vi mais pitbulls foi quando vivi perto de Alfama e sempre, no outro extremo da trela, um chungoso qualquer de brinco, cabelo oxigenado e boné. Uma amiga minha teve o seu cocker spaniel quase morto por um pitbull. Coincidência ou não, o dono desse cão era um refinado sacana. Depois do acidente, intimidou-a com ameaças de morte caso fizesse queixa e continuou a soltar o cão nas traseiras do prédio, onde crianças brincavam. Intimidação é o principal motivo da escolha do Pitbull. No caso de uma família com um bebé em casa, só consigo pensar em irresponsabilidade extrema. Num estudo levado a cabo pelo US Governement Centers For Disease Control, 32% de todos os ataques mortais nos EUA são causados por Pitbulls, no entanto os Pitbulls constituem apenas 2% do total de cães. Dessas mortes, 70% são crianças. Podem vir todos os criadores à tvi e sic garantir que o Pitbull é um cão como outro qualquer e procurar garantir o seu lucrativo negócio com o clássico argumento do "as armas não matam pessoas, pessoas matam pessoas", mas os factos são estes. Os pitbulls são o resultado de cruzamentos dirigidos pelo homem para criar um cão excepcionalmente poderoso e agressivo. Como tal, também vai ter mais tendência a atrair um certo tipo de donos e de contexto social. Em si, o cão até pode ser mentalmente mais estável que um cocker spaniel, mas as consequências dos desvios são trágicas. Tal como não existe, na maior parte dos casos, justificação para um particular ter armas de fogo, também não existe justificação para a posse de um certo tipo de raças que sejam estatisticamente mais propensas a acidentes letais.

30 comentários:

hmbf disse...

Caralho, isto parace-me tudo tão óbvio que chega a ser insultuoso ainda se perder tempo a discutir tais matérias.

Cátia Afonso disse...

Disse-me uma colega ontem (o mundo da Enfermagem é pequenino pequenino!) que a criança, internada no serviço em que ela trabalha, não tinha uma única mordidela de cão...

rosaamarela disse...

Ainda melhor que o texto é a resposta do hmbf, todavia aos "homens" que assinaram a petição pela salvação do cão deixo um recado: "VÃO PARIR " depois vejam se ainda têm vontade de salvar cães assassinos !

Tolan disse...

Cátia, penso que os médicos legistas vão certamente averiguar isso e se fosse o caso da morte não resultar de um ataque de cão, isso será conhecido. Em todo o caso, as estatísticas são incontornáveis, Não seria a primeira vez que um pitbull matava uma criança.

Henrique, também me parece, mas a lei ainda é esta.

Cuca, a Pirata disse...

Tolan, não deves defender a punição do dono do cão por homicídio negligente sem saberes exatamente o que aconteceu e que conduta lhe pode ser apontada a título culposo. Isto não é, nem pode ser automático e a culpa não se avalia pelo resultado mas antes pela conduta.
Até pode ser responsável, mas também pode muito bem não ser. Bastava que a situação concreta não fosse - de todo - previsível.
Isso das acusações por homicídio, ainda que negligente, são coisas demasiado sérias para serem vistas assim.

Cuca, a Pirata disse...

A pensares dessa maneira, sempre, mas sempre que alguém atropela outra pessoa e a pessoa morre, o condutor também teria que ser condenado por homicídio negligente. O que, como é evidente, não faz nenhum sentido. Um carro é infinitamente mais perigoso do que um cão e a sociedade permite que as pessoas os tenham. A culpa negligente depende da inobservância de um dever de cuidado. Houve aqui alguma coisa parecida com isso? sabemos lá nós...

Filipa disse...

Eu já tive um Pitbull e não sou mitra, era a coisa mais amorosa do mundo.
Tudo depende da educação que lhes dão, não há cães perigosos.
As opiniões como a tua é que são perigosas.

Anónimo disse...

concordo com a filipa, as suas opiniões é que são perigosas, além de terem como fundamento uma ou duas experiências pessoais e propaganda rasca da comunicação social. Tenho uma boxer pitbul que nunca fez mal a ninguém mas como sei que não simpatiza muito com crianças nunca a deixaria sozinha com nenhuma. A verdade é que de acordo com estudos (e não com o correio da manhã) a crença de que os pitbuls atacam "imensa gente" tem mais a ver com a histeria coletiva provocada pela comunicação social, que conta sempre historias pela metade e explora o tema até ficar tudo com fobia a cães.. Além de que a maior parte dos cães ditos "perigosos" não são naturalmente agressivos, como referiu, mas sim protetores. tudo depende da educação que der ao cão. A minha é tão perigosa que recentemente salvou um cão abandonado. já tem havido notícias de cães ditos "perigosos" salvarem pessoas (até crianças) das mais variadas formas, o problema é essas notícias não serem divulgadas.

Tolan disse...

As minhas opiniões são perigosas? Para quem? Só for para o negócio da criação de pit bulls. Já o anónimo pode retirar prazer de ter uma cadela que não simpatiza muito com crianças e que tem potencial físico para matar uma. Esperemos então que nunca se distraia. Mas idealmente, a sociedade não devia depender da sua atenção e responsabilidade para garantir a integridade física de inocentes, tal como não tem de confiar na educação que o vizinho dá ou não dá a um cão com potencial letal ou na sanidade mental de um miúdo que compra uma arma semi-automática. Queres mais números? Não te chegaram os 32% de ataques fatais serem de Pit Bulls quando são apenas 2 % dos cães? Estimam que 60% dos mortos em ataques de cães venham destas duas raças, Pit Bull e Rotweiller. Não chega? Isto não é o mesmo que dizer que a maior parte deles são perigosos, nota bem, tal como as 240 milhões de armas que existem nos EUA não estão todas na mão de mass muderers que fazem matanças em escolas. Acredito que a grande maioria dos pit bulls são até mais estáveis e protectores que muitas outras raças. O ponto não é esse. Há quase 500 raças de cães. Porquê desenvolver e comercializar Pit Bull ou Rottweillers para civis? E porquê não responsabilizar criminalmente quem opte por ser proprietário de cães que, em caso de distracção, acidente ou irresponsabilidade, possam matar uma pessoa?

Tolan disse...

Cuca, sobre homicídio involuntário, é completamente diferente um cão de um carro, caramba. Nem percebi essa comparação. Um cão age de forma independente dos donos na esmagadora maioria destes casos. Um carro não. Quanto ao carro, os condutores chegam a ser acusados de homicídio por negligencia em casos de atropelamento sob influência de álcool, ou não? Pois bem, certos cães acarretam imediatamente um risco e a aceitação do risco quando se opta, de livre vontade, por certas raças. É como se tivesses um modelo de automóvel substancialmente mais propenso a matar pessoas que outro modelo, independentemente de qualidades que pudesse ter, o que não existe pois a segurança dos carros, passiva e activa, deve obedecer a standards da indústria. Se existisse um carro que só consistisse em 2% do total de carros e fosse responsável por 30% da morte de pessoas que não o condutor, podes ter a certeza que o construtor teria um problema sério.

Unknown disse...

Adoro animais, tenho animais de estimação que não estão presos e até são tratados como pessoas, com carinhos, etc, etc, mas nunca me passou pela cabeça ter um cão de uma raça perigosa como não teria um leão, tigre ou outro que tal. Mesmo com os animais mais carinhosos e inofensivos com crianças é preciso todo o cuidado pois eles às vezes reagem mal aos "carinhos" exagerados de pequenas pestes. Sim, os pais deviam ser julgados por negligência. Se tal acontecesse com um filho meu até eu mataria o cão.E sim, há animais que merecem mais respeito que muitas pessoas que são simplesmente irracionais e com consciência disso.

Izzy disse...

O primeiro comentador fez o resumo definitivo desta polemica.

Tolan disse...

Ao reler o meu post apercebo-me que dou a impressão que acho que TODOS os proprietários de pit bulls os têm para intimidar. Não é o caso, evidentemente, estava a referir-me ao perfil do "mitra" que raramente opta pelo chihuahua ou o daschund.

Sãozinha disse...

Tolan, há uma coisa em direito penal que se chama nexo de causalidade. Ou há ou não há. Responsabilidade objetiva não é possível em casos de homicídio. Se não se respeitarem as regras de cuidado, sim. Só por ter um pitbull, não há homicídio por negligência. Ter um pitbull a dormir numa cozinha é violar deveres de cuidado? Ter uma criança e um pitbull na mesma casa viola deveres de cuidado? Se sim, então que se condene, face ao caso em concreto, nunca abstratamente.

A. disse...

Segundo o público, um jornal com maior credibilidade do que a amiga que diz que viu, a criança:

"deu entrada com um traumatismo crânio-encefálico grave, com o crânio esmagado e com massa encefálica arrancada, segundo fonte hospitalar. O menino não resistiu aos ferimentos e morreu por volta das 0h de terça-feira.

A autópsia, realizada na quarta-feira, concluiu que a morte se ficou a dever aos ferimentos provocados pela mordedura do cão, segundo disse ao PÚBLICO fonte do Instituto de Medicina Legal."

Trocado por miúdos: o cão arrancou parte da cabeça do miúdo.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/mais-de-11-mil-pessoas-contra-abate-do-cao-que-matou-crianca-em-beja-1580190

Izzie disse...

Calma, que os donos do bicho poderão ser acusados de homicídio por negligência. Há que apurar outros factos, mais exigentes quando está em causa conduta humana: saber se era previsível o cão ter um comportamento perigoso, e se ainda assim optaram por o ter num local acessível à criança.
Vai ser investigado, descansa. Não pode é ser automático.

Flying Solo disse...

Estou contigo Tolan, o que me choca é ver a tal petição circular com uma foto de pittbull assustado e arrependido, quem escolheu a foto sabia o que estava a fazer...
Já agora...nos dias que não chove, como te reconhecemos na bike?

Tolan disse...

Sãozinha, eu não estou a defender que estes pais em concreto (não conheço o caso) sejam acusados. O que quis dizer é que a lei deveria responsabilizar criminalmente os donos dos cães. E tendo em conta as estatísticas que existem (e não apenas o sensacionalismo dos media), sim, acho que deixar um miúdo de dois anos ao alcance de um pit bull, é no mínimo arriscado e incompreensível. Se é crime? Provavelmente não. Mas no mínimo devia ser equiparado a deixar uma arma de fogo carregada num sítio onde a criança de dois anos pudesse dar com ela e magoar-se.

anouc disse...

Ando há anos a discutir este assunto, a apesar de ficar sempre completamente exausta e à beira de um ataque de nervos, continuo (sabe-se lá porquê) a ter acesas discussões com este e aquele. Mas realmente não vale a pena. Parece que são línguas diferentes.

Colocar a vida de um animal acima da vida de um ser humano, é desrespeitar por completo a própria existência.

Tolan disse...

Anouc, ao de dizer isso dessa forma, tornas o argumento abstracto e vulnerável a interpretações extremas. Por exemplo, eu não trocava nem uma unha de uma pata da minha Julieta pela vida do Breivik. E o problema é que as pessoas reagem a essa afirmação pensando no binómio oposto ao que tu tens em mente (criança - pit bull).. elas têm em mente: o meu cão fofinho - breivik. E assim ofendemo-nos todos. O Daniel Oliveira por sua vez precisou muito claramente: até o ser humano mais asqueroso. E nisso, não concordo com ele.

Izzie disse...

Mas Tolan, o DO falava no âmbito dos princípios, normas abstractas e gerais. Agora em cada caso concreto, as pessoas são livres de achar o que quiserem. Num incêndio, eu salvava a minha gata ou o João César das Neves? Nem hesitava.

A. disse...

Lá está, acabei de dar esse exemplo no meu blog: numa casa a arder, um bombeiro nao deverá pensar em primeiro checar o cadastro antes de decidir salvar a pessoa ou um cão.

anouc disse...

Caro Tolan, eu li, (NINGUÉM me contou)uma blogger a dizer que se tivesse de escolher entre a vida de um desconhecido e a dos seus animais de estimação, escolhia a dos animais. Pah... eu não estou a falar do Breivik ou do Hitler ou da cabra da minha professora da primária que espancava os miúdos com uma régua de madeira... eu falo no senso geral.
Afirmar-se "entre um desconhecido e os meus gatos, escolho os meus gatos!", Mas quéstamerda pah? Eu poderia ser essa desconhecida. Os meus filhos poderiam ser esses desconhecidos! Mas que cabeça vazia diz uma coisa destas?!?

Tolan disse...

eh eh podemos pelo menos estar descansados que nunca vai acontecer alguém ter de escolher entre o cão ou o gato e um desconhecido :)

Peppy Miller disse...

Uma altura vi uma reportagem sobre a "criação" dos pitbulls e fiquei pretificada com o sonho de quem cruzou as raças para originar o pittbull. Dizem que os cães são o espelho do comportamento dos donos.. às vezes nem sempre assim é. na altura que vi a notícia e a petição vi uma fotografia de um cão (muito parecido ao labrador) num canil como sendo o Zico.. e a verdade é que olhei para o "zico" e pensei: "bolas este cãozito parece inofensivo".. agora vejo que afinal era um pitbull. Bom e um pitbull não é um caozinho asemelhado a um lavrador. Uma altura, um tio meu, tinha um cão parecido com um dalmata (era pequena e não me lembro bem da raça do cão. Esse cão, devido ao instinto animal que tem ( e que todos os animais têm)viu uma cabrita pequenina e atacou-a. Esse meu tio (lembro-me como se fosse hoje) pegou numa ferramenta (turquês) e bateu com ela no crânio do bichinho.. o sofrimento dele nunca mais hei-de conseguir esquecer. Existem pessoas que fazem muito mais por menos e este exemplo, sei que não é comparável, mas vem mostrar o quanto nós podemos ser vulneráveis às situações em que realmente elas acontecem e o que elas representam para nós. É um caso bicudo, mas acho que acima de tudo, a verdade não está exposta tal como ela é e como tal várias opiniões surgem..

Anónimo disse...

"O Ministério Público abriu um inquérito judicial, para apurar responsabilidades."

Se existem responsabilidades por apurar, então o relatório de autópsia não foi conclusivo sobre o ataque do cão. Consta que a causa de morte do bébé foi traumatismo craniano e que não existem sinais de mordidas ou arranhões.


Anónimo disse...

Luna

O Público diz "de acordo com fonte hospitalar" e não de acordo com o relatório de autópsia.

A. disse...

A bem do rigor: o público diz que de acordo com fonte hospitalar havia traumatismo cranio-encefálico com perda de massa encefálica, enquanto que de acordo com a fonte do Instituto de Medicina Legal (o sítio onde se fazem as autópsias) a morte da criança resultou dos ferimentos causados pela mordedura do cão.

Anónimo disse...

Os jornais podem ter acesso a relatórios e outros documentos que estão em segredo de justiça?

Anónimo disse...

primeiro, pitbull são para serem extntos. Donos destes cães não são pessoas normais nem civilizadas Açaime para quê? Donos devem cumprir pena são responsáveis como fossem eles próprios a matar. Cães devem ser mortos. Os que querem que o cão viva devia acontecer-lhes o mesmo ou aos filhos, é um nojo. E quem escolhe um pitbull para cão de familia na grande maioria são os rufias, gatunos, gente de rua e de lutas, gente boa e vida normal não tem pitbulls