terça-feira, 25 de setembro de 2012

too important to fail e eu desisto

nem o FMI é liberal

«Segundo o FMI, os resultados obtidos no estudo demonstram ainda que um «sistema [bancário] mais concentrado está associado a uma baixa probabilidade de crise bancária».

A instituição relaciona estes resultados com o conceito de «too-important-to-fail» [demasiado importante para falir], ou seja, de que perante poucos bancos num sistema bancário as autoridades tomam mais rapidamente ações para prevenir uma crise bancária. Diz ainda que os resultados são consistentes com trabalhos já feitos que apontam para o facto de a «excessiva competição poder levar à excessiva assunção de riscos» pelos bancos com o objetivo de manter elevadas rentabilidades.»


Ou seja, o "estudo" do FMI recomenda uma maior concentração de bancos para que a sua falência seja  mais catastrófica para obrigar as autoridades (contribuintes) a tomar mais rapidamente acções (injectar dinheiro dos contribuintes) para prevenir a referida falência porque ela é demasiado catastrófica para ocorrer.

Só posso agradecer, pelo menos, a vossa sinceridade e honestidade em assumir que sois uns refinados filhos da puta de chupistas do caralho que vos fodesse.

A banca, para vocês, é o único sector onde pelos vistos existe "excessiva concorrência" e "riscos excessivos". As leis de mercado para vocês só não funcionam na banca. Que credibilidade têm para exigir privatizações, fim de golden shares e abertura a capitais estrangeiros, ó meus cabrestos?

Depois de falências sucessivas assistiríamos a uma diferenciação natural, com bancos de perfil mais agressivo, capazes de emprestar aos Karagounis desta europa, e outros mais sólidos e transparentes, para onde iriam os investidores e consumidores mais avessos ao risco.

É precisamente a garantia do too important to fail que torna racionalmente desejável a tomada extrema de riscos, visto que são too important to fail e têm garantido o amparo do estado (contribuinte) a quem emprestam. E o que é "too important to fail", quantificado? Onde se traça a linha? Quantos mil milhões? E três bancos pequenos somados são equivalentes a um grandalhão?  Com que cara é que eu posso chamar filho da puta ao Seguro por dizer que a RTP é too important to fail? Que merda vaga é essa de too important to fail meus filhos da puta do caralho que vos foda? É quando o José Sócrates se vira para o Teixeira dos Santos e diz "que rico berbicacho que para aqui vai no BPN" e o Teixeira corrige "Sr. Ministro, o termo técnico é too important to fail"?

Querem favorecer os bancos maiores que controlam o mercado e impedir a entrada de novos bancos com novos modelos de negócio porque têm um risco acrescido ao não serem too important to fail como os maiores que já lá estão e que vos pagam o salário? Qual é a diferença entre vocês e uma merda de uma Ordem dos Médicos da banca, meus mafiosos? Que merda de liberalismo é esse, seus filhos da puta? Vocês percebem tanto de economia como o Mitt Romney de aviões. Vocês estão para o Friedman como o Estaline para o Marx! Vocês são uns traidores.

Desvaneceram-se as minhas ténues esperanças que, com a vossa ajuda, se pudesse vencer a pseudo-social-democracia de mama na quinta pata do estado a crédito do pós 25 de Abril e introduzir reformas fundamentais para nos desenvolvermos. Aquilo das rendas e dos tribunais foi só para disfarçar, pelos vistos. Sou um ingénuo, um parvo, é a conclusão a que chego e os sinais estavam aí. Os comunas tinham razão nisto, não sabem o quanto me custa dizer isto seu filhos da puta. Sabem quantas vezes eu bati em comunistas por dizerem mal de vocês, meus cornos de merda? Nenhuma. Mas apeteceu-me, muitas vezes. Agora apetece-me bater em vocês e nos comunistas. Uma coisa de cada vez, dia 29, marquem na agenda e lembrem-se:

O povo unido, é too important to fail!



25 comentários:

Anónimo disse...

Lindo!!!

binary solo disse...

mais vale tarde do que nunca. Bem vindo ao clube

Anónimo disse...

«e mama na quinta pata do estado a crédito do pós 25 de Abril»
Este é o maior erro. Assumir que com o 25 de Abril o corporativismo de Estado amainou ou aumentou. E é justamente por isso que hoje temos um partido que tem assento à direita e a comunicação social chama de "centristas". A nossa classe média (Tolan, gente da FCSH, Benfiquistas, artistas, malta com herdades e pais funcionários) foi a nossa desgraça. Já desde Veiga Simão que o ensino focou-se (e alimentou-se) em pressupostos errados. É criminoso a sociedade Portuguesa ter saído da agricultura para a "globalização", sem ter passado pela "industrialização". E é mais criminoso a classe média reclamar direitos.
R.

Izzy disse...

You mean "too" important to fail? (isto foi so pra meter nojo que eu partilho da indignacao). As altas esferas da banca e do sector financeiro em geral sao populadas por uma corja amoral que devia ser chibatada todos os dias. Eh ler The Big Short do Michael Lewis e querer vomitar com o virar das paginas.

Tolan disse...

obrigado Izzy, ups, que vergonha. Estava indignado.

ó R., não me lixes. O Estado Novo surgiu num contexto de falência da república. Depois do 25 de Abril fomos logo à falência duas vezes em pouco tempo, aquilo era o Soares a ligar a pedir dinheiro e aterrar um avião do fmi. Eu só gostava que pudéssemos viver em democracia e liberdade sem que isso fosse necessariamente uma licença para nos arruinarmos.

Anónimo disse...

Tolan, acho que não me fiz entender. Apenas acho que foi um pleonasmo. O "Estado" antes do 25 de Abril também tinha a mão na economia. O nosso "capitalismo" nasceu torto, assim como a democracia. É claro que são metáforas. E é claro que ninguém está a defender regimes. Mas acho que há muito "liberal" encapotado, tal como muito socialista "humanista". E há porque hoje se acha que o Estado Novo foi um "Chile" de Pinochet. Quando não foi. Hoje temos liberais a ganhar concursos por ajuste direto. Ontem tinhamos liberais na casa dos deputados. Ante-ontem tinhamos capitalistas a receber de mão beijada o Império dos tabacos porque o Governo não se financiava nas praças do mundo.
Eu também gostava de viver em Liberdade e Democracia. E de mérito. E de muita coisa. Mas estamos em Portugal.
R.

Tolan disse...

Ok R., entendido. Entretanto botei uma imagem castiça e um slogan, depois do Não Passarão, fica aqui um verdadeiro slogan liberal, com uma referência subtil à terminologia bancária.

Izzy disse...

Eu sugiro: too big to fail, poupas nas silabas e o povao gosta; alem disso too big to fail ja tem livro e filme o que ajuda na disseminacao da causa. E ja agora, o que ha dia 29?

Anónimo disse...

E só por curiosidade.
A última manifestação contou com quê? 100mil? 200? vá... 300 mil?
Quantos eleitores votaram no PSD? Quantos funcionários públicos temos?
Essa do "povo unido" tem barbas... (percebeste a piada?)
R.

tata disse...

É tão bonito ver o povo que invadiu as grandes quintas a lembrar Salazar com saudosismo... o povo unido não vale nada Tolan, porque no fim de contas, como diz o R estamos em Portugal e prevalece o meu em vez do nosso...

Tolan disse...

O 25 de Abril foi potenciado por aqueles que sempre resistiram ao fascismo durante a ditadura e que foram uma minoria mas que catalisaram o sentimento da maior parte da população: o desejo do fim da guerra e melhoria das condições de vida. Nas eleições perderam mas foram eles os propulsionadores da mudança. Hoje pelo menos 90% dos portugueses estão "insatisfeitos", qualquer sondagem demonstra isso, qualquer conversa de café te diz isso. Muitos dos motivos de insatisfação são altamente contraditórios. Eu sinto isso, pois nunca me identifico com "manadas", muito menos funcionários públicos ou sindicatos (já fui trabalhador do estado 7 anos, por isso estou à vontade para dizer isto). Mas o raciocínio correcto é ir subindo até à raiz de tudo e identificar os pontos comuns.

Se no 25 de Abril os dois grandes pontos comuns eram: fim da guerra e melhoria das condições de vida, hoje podes ter estes três motivos:

1) revolta contra a incapacidade, mentira e corrupção dos nossos governantes
2) não nos podem fazer tudo o que querem, há limites
3) não temos de nos subjugar ao poder financeiro (troikas, fmis etc.)



Tolan disse...

E esse raciocínio do "em Portugal" é um bocado... Os três pontos de que falei no comentário acima são globais. Existem movimentos que reclamam estas coisas, desde Espanha aqui ao lado até aos EUA... Há cartazes de manifs nos EUA que se aplicavam a qualquer manifestação portuguesa ou grega.

tata disse...

Tolan concordo obviamente contigo, mas não posso deixar de pensar que o mal vem de baixo e não de cima. O podre começa na tal raíz, nas pessoas que não votam, nas pessoas que escapam aos impostos obrigando os que pagam a compensar os buracos, nos que permanecem em subsdios com biscates de fora, etc. É uma bola gigante sem principio nem fim. É isso e a falta de responsabilização dos de baixo e dos de cima... Onde anda o Socrates? Como é possivel não haver um controlo do que prometeu, do que fez ou não fez? Porque podem eles chegar ao topo lixar esta merda toda, e sair de lágrimas nos olhos, sem qualquer tipo de responsabilização? O governo não devia ser feito por politicos mas por gestores, com medidas identicas às que somos regrados numa empresa.
Enfim, a esperança é-nos roubada, estamos todos revoltados, isto está tudo fodidos e estão todos feitos uns com os outros. Mas a culpa é nossa.

RCA disse...

E lá se foi o liberalismo pela janela... mas os novos valores estão assim um pouco misturados:


1) revolta contra a incapacidade, mentira e corrupção dos nossos governantes - ok, eu alinho com este. Fomos nós que os pusemos lá, mas ao abrigo da ideia que compramos gato por lebre, tudo bem... vamos lá revoltar-nos;

2) não nos podem fazer tudo o que querem, há limites - aparentemente podem. A não ser que a ideia seja ir buscar as chaimites, ou pandurs, ou lá o que é e tomar conta disto outra vez (mas por favor, digam ao louçã que é para nos encontrarmos em badajoz, a ver se ele não aparece);

3) não temos de nos subjugar ao poder financeiro (troikas, fmis etc.) - se fomos nós que metemos água no 1, não fazemos nada no 2, parece que temos. A não ser que seja para Portugal deixar de pagar a conta da luz e da água.

Anónimo disse...

Tolan. Quanto mais falas sobre o assunto, mais atoardas mandas. Não acredito que sejas um "comuna" e também não acredito que sejas um "liberal" de pêlo na venta.
Acho que, como qualquer Português, tens uma ideia errada do que foi o 25 de Abril e utilizas chavões que foram a paisagem na Educação e na História mais recente.
Mas se me permites e para falarmos sério.
1) "O 25 de Abril foi potenciado por aqueles que sempre resistiram ao fascismo durante a ditadura"

Falso. Não sei o que é "resistir ao fascismo" mas acho que é ser... Comunista? Não confundas com "opositores do regime" nem com pessoas descontentes com o Estado Novo. Que existiam. O 25 Abril apanhou o caldo e muita franja da "esquerda". Muitos setores do Estado Novo estavam descontentes com a política seguida nas províncias Ultramarinas (por exemplo) e outro exemplo, nem todos os opositores combatiam o "Fascismo".
2) "Hoje pelo menos 90% dos portugueses estão "insatisfeitos"

Um número da tua responsabilidade, portanto. A insatisfação (que eu também a sinto) não é o mesmo que participar em Manifestações ou querer "mais democracia" e ocupar o Parlamento.

3)"25 de Abril os dois grandes pontos comuns eram: fim da guerra e melhoria das condições de vida, hoje podes ter estes três motivos"

Falso. Nunca o 25 de Abril foi isso. Os pontos que assinalaste, existiram. Não foram os "grandes". Nem foram o início. Foram mais um efeito que uma causa. O 25 de Abril foi antes de tudo um levantar de armas, cuja interesse de classe era sobretudo... corporativo! Como tudo, existia descontentamento, existia setores de interesse etc.
Achar que o 25 de Abril foi do Povo para o Povo é o mesmo que chamar "Ditadura" (com o peso da palavra) ao Estado Novo.


"3) não temos de nos subjugar ao poder financeiro (troikas, fmis etc.)"

E não temos. Se não emitirmos dívida e se não formos financiados(estando numa espécie de União) como esperas financiar a despesa?
Porque não és sincero e dizes o que acontece?

Tal como tu, sou um descontente. Mas não sou descontente de agora. Nem acho que o problema seja só a Política Portuguesa. Há anos que mantemos o método de Hondt, nunca ninguém se preocupou ou bateu por nos aproximarmos dos círculos uninominais e responsabilizar quem elegemos. E agora, um Governo eleito (que foi eleito para cortar) corta despesa (boa ou má, não está em questão) e a preocupação é a "política"?


Entendes? A "Revolução" nunca foi feita pelos descamisados.

R.

Tolan disse...

R. queres ter uma visão "cínica" da política, do 25 de Abri, como se esse cinismo te colocasse acima dos pobres mortais que se manifestam ou acreditam. Qualquer acção, manifestação, voto, coligação, partido, movimento, implica uma aproximação a um ideal que na prática fica longe da perfeição. O que é preciso é que fique melhor ou diferente. Tu vês o 25 de Abril como "um levantamento de armas" estilo golpe de estado africano, eu vejo-o como um salto para algo muito melhor, mesmo que muito imperfeito. No 1º de Maio seguinte tiveste a maior manifestação de sempre em Portugal, a celebrar o dia do trabalhador em liberdade. Eram só corporativistas? Só comunistas? Qual é o motivo pelo qual as pessoas ainda hoje suspiram pelo 25 de Abril e reclamam um novo?

Quanto ao resultado, acredito que é preferível um colapso dramático já e onde ele deve ocorrer, para educar os mercados, os bancos, os futuros políticos, os investidores, os líderes europeus, os tecnocratas de bruxelas, de que as populações dos países não são um "deep pocket" infinito que fará sempre bailout do sistema. O colapso também obrigará a uma redução brutal da despesa do estado, e isso também educará a população que vive do estado que o país não produz o suficiente para o manter ao actual nível. Não vejo onde é que o aumento brutal de impostos na economia privada encaixa numa solução para o problema.

Anónimo disse...

Não tenho nada contra quem se manifesta. Acho até que é necessária a manifestação. Já sobre os "90%" aí é outra cantiga. Eu não vejo o 25 de Abril como um golpe de Estado. Nem sou nenhum saudosista. Vivo hoje infinitamente melhor que vivia na década de 80. A minha avó viveu melhor do que a década de 50 e 60. Apenas acho que em termos económicos o regime não mudou. O Corporativismo de Estado existe e sempre existiu. Seja no Estado novo ou no pós 25 de Abril. Quem aproveitou os tempos doidos das ocupações (seja em que setor, inclusive no Parlamento) deixou um belo serviço. Uma assimetria abissal entre novos empregados (sem mercado e espaço) e entre velhos empregados (emprego "duradouro" numa economia de serviços financiado pelo Estado). E é contra isto que eu me manifesto. Eu não acho que tudo seja corporativista ou comuna. Há cada vez mais descontentes. E também não entendo o que seja um governo Liberal que aumenta ainda mais impostos e tenta criar mecanismos ainda mais socialistas de estrangulamento da vida privada. Agora, manifestar-me... porque "quero emprego"... porque "quero direitos" e porque prefiro dar € ao Estado mas não ao patronato... é porque alguma coisa vai mal. Temos fracos patronatos e muito socialismo no espírito.

E o colapso não vai reduzir nada da despesa do Estado. Não vai existir nenhum colapso. Tal como não existiu nenhuma "Revolução". Dou-te um exemplo. Salazar criou os "regentes escolares". 60 e tal anos depois, adivinha o que o Governo da República Portuguesa fez. Desde Veiga Simão que o ensino em Portugal ensina a tabuada dos 5. E o mercado pede a dos 10 em continua melhoria.
Repito. Sou um descontente como tu. Apenas não acho que a "Revolução" vá mudar qualquer coisa de susbtancial. Enquanto a mentalidade dos Portugueses (onde eu me incluo) não mudar.
R.

Anónimo disse...

E só para nos clarificarmos em relação ao que escreveste aqui: «eu vejo-o como um salto para algo muito melhor,»
Tens um antigo sindicalista a liderar o Supremo Tribunal de Justiça. Eu repito, um antigo sindicalista. Que defende os próprios interesses. A liderar um órgão do Estado. E tu dizes-me que demos um salto para melhor? Hoje não consigo eleger um deputado nem eu sei quem é eleito (pois as listas são fechadas) e tu dizes-me que demos um salto para melhor?
Hoje continuas a ter professores a ensinar-te José Saramago como o expoente máximo das Letras Lusas... e... demos um salto para melhor...?
Estás a ver o problema? É este o problema.
Aparte as fórmulas e as discussões. Opinião muito pessoal. É que o povo (pobre e deseducado) nunca quis "liberdade". Os Portugueses sempre quiseram "Riqueza" e Europa. E é por isso que hoje se manifestam. Mas ter um sindicalista ou não conseguires eleger um deputado... é coisa menor.
Bah.
R.

MJLF disse...

Maravilhoso! Dia 29 vou cantar Acordai às 20h na praça do Rossio em Lisboa ;)
Abraço

Tolan disse...

R., eu concordo com quase tudo o que tu disseste, menos com isso do 25 de Abril, mas estamos a fugir ao tema central, as manifestações actuais e a questão da dívida.

Inicialmente pensei (eu e talvez a maior parte do eleitorado) que a troika poderia forçar as reformas que de outro modo nenhum governo teria capacidade de implementar. Porque sim, redução de funcionários públicos por exemplo, não causaria qualquer sururu de especial. As medidas de cortes de subsídios de funcionários públicos só foi travada pelo tribunal constitucional, não foi pelas ruas nem pela opinião pública. Experimente-se fazer uma sondagem do tipo "concorda com despedimentos de funcionários públicos?" e vais ter uma % provavelmente parecida com a proporção de funcionários públicos que teme o despedimento. Até porque há certamente funcionários públicos que preferiam isso do que ver os salários de TODOS reduzidos, incluindo os deles.

Das medidas programadas constam muitas que são benéficas e necessárias ao país e que se focam em redução de despesa do estado, melhoria da competitividade da economia etc. Podes consultar o memorando: http://aventadores.files.wordpress.com/2011/05/2011-05-18-mou_pt.pdf

O aumento da carga fiscal também está previsto, embora não exactamente quantificado (quantificam a receita que tem de se obter, mas não a carga necessária para obter).

O problema é que a implementação das medidas a nível da redução de despesa do estado têm um efeito benéfico que só se verifica no longo prazo. No curto prazo implicariam as despesas extraordinárias (reestruturações, indemnizações a funcionários públicos, subsídios de desemprego etc.) A recessão que implicam seria algo previsível e teríamos sempre um período recessivo de ajustamento do nosso nível de vida. Sempre.

Mas como as metas de redução são irreais no prazo acordado e o volume de dívida é enorme, a juros demasiado elevados, a recessão é intensamente agravada pelo aumento progressivo da carga fiscal a para cumprir no curto prazo.

As pessoas entendem isto. Se lhes pedissem sacrifícios que tivessem uma lógica amplamente racional, acho que a contestação era muito menor. Mas assim?

A Grécia funciona como uma espécie de antevisão do que isto vai dar. É de tal forma que em Espanha ainda nem pediram resgate e a coisa já está a estalar forte e feio.

Portanto, a alternativa é exactamente defender o não pagamento da dívida para colocar pressão nos nossos governantes e nos partidos (que apesar de tudo, devem contas a nós e não a entidades externas) para que algo se altere. Pode implicar meramente uma renegociação dos montantes, dos prazos e dos juros, como pode implicar um default total, mas só com uma força contrária à que está a ser aplicada contra nós neste momento é que podemos não ser, pura e simplesmente, esmagados.

Quanto à europa, querem-nos no euro porque temem apenas o efeito de contágio que teria a nossa saída, a países como Espanha ou Itália. Nós não somos too important to fail. As populaçoes da Grécia e de Portugal estão a ser tratadas como descartáveis e não existe solidariedade europeia. Nesse contexto, para mim torna-se evidente que o Euro não faz sentido. Uma tomada de posição nesse sentido podia pelo menos alertar as consciência europeias e eventualmente mudar algo.

Isa disse...

os tribunais não são órgãos do Estado. o poder judicial é independente e o presidente do STJ nao é eleito politicamente, mas sim pelos seus pares.

Anónimo disse...

Isa, «O pessoal ao serviço do Supremo Tribunal de Justiça rege-se pelo disposto no presente diploma, pelos diplomas próprios e, em tudo o que não for com eles incompatíveis, pelo regime geral da função pública.»
Aquilo que tu escreves é uma leitura jurídica. O poder judicial é efetivamente independente. Neste caso existe diploma próprio que afasta o STJ do ministério da Justiça. Mas isso não o faz um não orgão do "Estado", visto que é financiado da mesma forma. Já sobre a eleição ninguém escreveu o contrário. Só me espanta que um sindicato (?) consiga eleger um Juiz, que é a cabeça do orgão.
R.

Isa disse...

é um facto q o presidente do STJ acaba por ser mais um "político" do que um juiz, pq anda de um lado pro outro, por ser a 3ª ou 4ª figura do Estado, nao me lembro agora qual, mas é eleito pelos seus pares, os restantes juizes do STJ, nao pelo sindicato. foi isto que sugeriste na ultima frase ou eu nao percebi nada?

de resto, valeu a explicação aí. Cheers, R.

Anónimo disse...

O Saramago é o maior, o corporativismo sempre existiu (desde os fenícios, pelo menos), os tugas são uns amochadores (enquanto o pau vai e vem folgam as costas), mas tu, R, conseguiste nascer e florescer neste campo tão cinzento... Afinal há esperança e estás cá tu para nos salvar. Um grande bem haja!

Anónimo disse...

Foi isso que sugeri Isa.
Eu como sou Sportinguista, mesmo que um dia a jogar ao Monopólio com 6 mulheres Benfiquistas, serei sempre acusado de criar monopólio... para os Sportinguistas.
Não entendo a ideia de um sindicato no seio da Justiça. E não entendo como é que um ex-sindicalista chega à tutela. É claro que não é eleito pelo sindicato. Mas foi um sindicalista. Neste caso é pior que um ex-comunista arrependido.
Anónimo. Passo o sarcasmo. Mas o Tuga preocupa-se com problemas quando está mesmo à rasquinha. De resto a preocupação é nula. E a preocupação é sempre distinta da do companheiro. A meu ver e repito, falta-nos utilizar a palavra indústria no dia a dia. Ainda utilizamos muito o "profissão". Somos 5 milhões de artistas.
R: