quarta-feira, 28 de março de 2012

umas coisas


Gosto muito que boa parte dos meus leitores pensem que sou eu que escrevo as cenas da Plaft e que ela é fictícia e fruto da minha esquizofrenia. Primeiro, fico lisonjeado pela confiança que depositais nos meus talentos de criação de uma voz feminina. Segundo, porque eu próprio também me interrogo se não é ficção e gosto que me relembrem dessa hipótese constantemente porque assim tenho de lhe fazer um reality check e isso dá-me uma desculpa clínica para lhe beliscar o rabo.

Terceiro, porque a solidão é aquilo que impele parte da nossa procura pelos outros e por comunicar com os outros e nos blogues isso tem um papel filha da mãe, isto é como o recreio do jardim escola em que perguntávamos "posso ser teu amigo?" e jogávamos ao bate pé e jogávamos à macaca com mestria a ver se a Inês reparava e dizíamos, quando nos zangávamos, "já não gosto de ti!" para, apenas uns minutos depois, partilharmos uma sandes com tulicreme. Gostamos de reconhecer a solidão em quem lemos porque acreditamos que quem não sente o mesmo não nos pode entender e fazer companhia: "se aquela pessoa não precisa de nada de mim, então não estou aqui a fazer nada, sou invisível".

como naquelas festas em que nos apresentam alguém que nem nos vê e não ouve aquela piada espirituosa que timidamente murmurámos para nós próprios, entre dois goles de gin tónico. Ou aquele amigo que mete nojo porque tem uma namorada e nós estamos na merda e o filho da puta não se cala com ela (desculpem L., R., J., J(2) e N.)

E no amor é extremo, nada dói mais do que ser desnecessário, especialmente quando é cristalizado no ciúme de sermos substituídos, é um convite a deixar de existir uma vez que não fazemos falta. Aceitamos ou rejeitamos esse convite em função do factor "personagem de dostoiévski" que há em nós, mas não se chega ao osso das coisas sem, pelo menos uma vez na vida, isso nos passar pela cabeça como um problema concreto a resolver. A minha solução é: não levem nada demasiado a sério porque um dia a vida trata de vos relativizar tudo, nem que seja nos breves segundos que antecedem a colisão frontal com um camião tir desgovernado a vir direito a vós na a1.

:)

5 comentários:

Elsa disse...

Excelência!

Cara-de-bolacha disse...

a minha solução é: Larga tudo e vem dar um mergulho ao Baleal! ;)

Johnny Guitar disse...

O Serge era um manipulador por excelência.

Anna Blue disse...

Estou indecisa entre "Clap, Clap, Clap" ou uma vénia.

zozô disse...

Esta foto é belíssima. :)
E o texto, não sei. Tem letras a mais e eu tenho pouco tempo.