quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

novidade

A novidade fascina-nos, mesmo que não sirva para nada. Termos um objecto que nunca existiu antes e que faz coisas nunca feitas, nem que seja jogar ao angry birds num ipad com ecrã maior que o do iphone, dá uma sensação de pioneirismo, de viver no limite da evolução humana, de ser um privilegiado à face do planeta terra. Ter a novidade antes dos outros também é importante uma vez que dá status. Mas a busca pela novidade por vezes causa uma decadência estética. Não é, de todo, o caso da Apple. Digo isto para aqueles que pensam que este post ia ser mais um sobre o meu desprezo pelo Steve Jobs. Não senhor. Mas a novidade pode deixar de ser melhor, para passar apenas a ser diferente. A roupa made in china é cada vez mais descartável por princípio, a regra é usar e deitar fora. Mas há coisas que são melhores de ano para ano. As televisões, por exemplo. Melhores e mais baratas e mais económicas. Já os automóveis, tendem a ser melhores do ponto de vista tecnológico mas por vezes são simplesmente feios. Os poetas continuam a não servir absolutamente para nada, pelo que nem sequer podemos falar de evolução. Estava a tentar lembrar-me de experiências recentes em que me senti humilde e em transe perante uma experiência de novidade com qualidade estética (sem contar com algumas jogadas do Benfica 2011/2012).

Uma vez, foi quando passei no Hotel Unique em São Paulo, do arquitecto Ruy Ohtake, todo ele magnífico, a lembrar um barco, carregado de detalhes surpreendentes mas esteticamente válidos e elegantes...


...com quartos que não cheguei a ver mas que parecem divertidos até para andar de skate nos intervalos dos powerpoints...



... mas o que me levou às lágrimas foi o Bar, uma parede de prateleiras gigante a subir por ali acima, cheia de garrafas translúcidas, coloridas, brilhantes como esmeraldas, rubis e diamantes... Parecia que Deus e o Diabo se tinham juntado para desenhar um sítio onde pudessem confraternizar e ignorar os meros mortais, até porque as garrafas, a maior parte delas, estavam completamente fora do alcance do barman, estavam ali apenas como jóias inacessíveis e mágicas!

(felizmente, o barman tinha todas as bebidas necessárias para bloodymarys acessíveis debaixo do balcão)

3 comentários:

disse...

engraçado que fales no Ruy Othake, o gajo tem coisas medonhas dentro dessa perspectiva da novidade, e para o confirmar só precisas de fazer uma pesquisa por imagens no google. mas apesar de às vezes parecer, também não é nenhum Troufa Real. e o bar parece de facto interessante, apesar de banal.

kiss me disse...

E o Skye lá em cima também é qualquer coisa de espetacular...

Pipoca dos Saltos Altos disse...

pelo menos bebeeste o que querias, podia ter sido pior :)