Uma noite produtiva para mim é estar sozinho, ter cerveja, poder fumar, escrever e ouvir músicas, enquanto tento inventar histórias idiotas. Descobri há algum tempo que a música é uma droga estimulante muito boa para atingir determinados estados de espírito embora prejudique um pouco a concentração e o discernimento. Então podemos sintonizar o estado de espírito que queremos recorrendo a música e uma dose certa de bebida - apenas o suficiente para dissolver contracturas existenciais - como quando estamos num jantar e só depois do 2º copo de vinho as pessoas começam a rir e a falar um pouco mais alto. Ultimamente ando numa receita de oldies em barda, recorrendo ao youtube. As oldies são cantadas por fantasmas apaixonados. Naquela época as canções só falavam de uma coisa: amor. E aqueles fantasmas, as vozes registadas em suportes magnéticos ou de vinil, crepitantes do tempo, as imagens a preto e branco e cheias de grão, como se viessem do além, cantam para mim. A minha biblioteca é composta maioritariamente por livros de pessoas que já são fantasmas também, leio muito poucos autores vivos, quase que faço questão disso. Morram primeiro, depois logo se vê. O fumo dissolve-se pela janela aberta. De dez em dez minutos um avião levanta vôo, a caminho de outra metrópole. Já me habituei ao som que no início me parecia um trovão a anunciar tempestade. Sinto-me como um fantasma! Dreeeeam dream dream dream dreeEeeeam dream dream dream...
4 comentários:
http://www.youtube.com/watch?v=gqsT4xnKZPg
«Escrever para experimentar» À noite é o melhor.
bonitas músicas ._. mas essas dão-me vontade de beber mais, tem de ser coisas mais estilo pop da época. a da billie holiday então (a billie holiday em geral) é uma cena que me põe mesmo muito f***do
A canção da Billie é extraordinária.
Faz lembrar os temas dos romances do Faulkner.
Bom som, sem dúvida.
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