sábado, 20 de agosto de 2011

consigo ouvir o meu coração a bater de dentro do armário fechado do outro lado da sala




I can hear my heart beat
Across the room, behind the closet door
When I'm laying in my bed in the dark
I can't gather all the love I need when I need it


O despertador toca e eu tenho sempre dificuldades em levantar-me, antes não tinha. Tomo banho e visto-me e faço a barba (private joke).
Tento lembrar-me das coisas que tenho nesse dia antes de me vestir. Às vezes esqueço-me de uma reunião e depois tenho de vir a casa vestir um fato à pressa à hora de almoço e detesto quando isso acontece.
Às vezes tomo o pequeno almoço em casa e às vezes não e tomo no café e peço A Bola emprestada ao senhor Garcia ou leio o Público que posso ter comprado ou não. Ensaio mentalmente opiniões sobre futebol e economia mundial. Depois vou trabalhar.
Antes de trabalhar vou beber mais café e fumar e ver jornais.
Depois vou trabalhar.
Revejo coisas que escrevi na noite anterior e faço posts.
Depois vou almoçar com os colegas. Não gosto de grupos grandes porque se perde muito tempo a discutir para onde se vai almoçar. Mas gosto deles, só que todos ao mesmo tempo tem este problema, há sempre um que não gosta deste ou daquele restaurante.
Às vezes vou almoçar sozinho quando estou a ler um livro bom e aproveito para ler. Jogo matraquilhos e ganho 95% das vezes.
Depois tento não adormecer e penso em como considero grande parte da actividade humana um gigantesco desperdício de amor e de coisas boas.
Depois vou para casa e vejo pessoas nos carros e traço-lhes o perfil e oiço rádio.
Vou ao McDonalds jantar ou comprar um frango.
Passo pela tasca, dou coisas ao esquizóide da rua e compro cerveja e tabaco.
Vou para casa. Está às escuras e acendo luzes. Janto num tabuleiro a ver o noticiário. Jogo PS. Bebo. Fumo.
Depois oiço música, vou para os chats, escrevo que nem um animal, não tenho sono.
Depois fico com sono e vou para cama.
Leio uma página e adormeço.
Depois o despertador toca e eu tenho sempre dificuldades em levantar-me, antes não tinha.

8 comentários:

Isabel disse...

"vejo pessoas nos carros e traço-lhes o perfil e oiço rádio." Eu também faço isso.

Anónimo disse...

tu és um bom escritor, moço. és melhor k o mec pk tens a mesma leveza e mais profundidade e não és conservador nem auto-complacente. mas esse escreve crónicas e tu queres escrever tb romances e para isso é preciso ter amor pra dar ou ser um grande filho da puta. como não cabes em nenhum dos lados, o teu romance vai ter uns altos e baixos, o que é bom, na literatura do futuro as imperfeições vão ser expostas (e não, como hoje, disfarçadas). consegues viver nessa terra de gente sonsa, mulheres masculinas, com a tua cerveja e cigarros, pois, e admiras-te (essa é ingénua) com a abertura aparente dos teus interlocutores paulistas (não te iludas, o br. é elitista, fechado, medieval; viaja mais, estoura o dinheirinho; curte as clavículas das raparigas). não ponhas os pés no meio literário (é um nojo), usa pseudónimo nos livros. lê o foucault todo. parabéns por manteres a motivação em altos níveis (ainda que isso corresponda ao mais estrito cumprimento de uma necessidade). um abraço cheio de empatia,

Maat disse...

também nao gosto de almoçar com grupos grandes, perde-se logo uns 15 minutos à espera de atrasados que ficam no pc a mandar um mail e ainda vão à casa de banho antes de saírem. e odeio desperdiçar tempo da minha hora de almoço, que é a minha parte preferida dos dias de trabalho :)

também gosto de ir para o parque ler livros (e fumar, nos bons velhos tempos).

Sílvia disse...

"Depois tento não adormecer e penso em como considero grande parte da actividade humana um gigantesco desperdício de amor e de coisas boas.". Subscrevo.
Quanto ao resto... that too shall pass.

a.i. disse...

olha Tolan, eu dantes trabalhava num sítio que era da função pública (aliás, já trabalhei em dois sítios da função pública), ganhava bem e em metade do ano não fazia nada, porque não havia trabalho para fazer e apanhava um grande tédio. Depois fui para o privado, e trabalho como uma escrava, o que na maior parte das vezes também é um grande tédio, e os meus chefes não batem bem dos parafusos, mas quando chego a casa, sinto que mereço o meu descanso, e às onze da noite estou sempre a cair de sono.
O que não impede que de manhã me custe (muuuuuito) levantar. E dantes não. Dantes levantava-me de um pulo toda feliz.
Moral da história: mmmmmmmmm

Anónimo disse...

Tolan,

Eu tenho sempre um fato de reserva no escritório para essas ocasiões. :-) vale a pena!

Rita

Anónimo disse...

Epá, Tolan! Apetecia-me dar-te um gand'abraço e dizer-te simplesmente: "Pá, Tolan, foda-se! Caralho, pá!"

zozô disse...

Deixa de fumar, de beber café e dorme, pelo menos, oito horas. É o meu segredo de beleza.