sábado, 18 de junho de 2011

surf movies

Gosto muito do meu Tolstói, há muito que não lia um livro com este sentimento pleno, não apenas de gosto ou empatia, mas também existencial, torna-me observador e pensativo. Estou numa zona sem cabo, ao pé do mar e com duas pranchas de surf, uma grande para os dias de ondas pequenas e outra pequena para os dias de ondas maiores (hoje é um desses dias). Há lojas de surf que vendem filmes de surf e vou lá de bicicleta ver as coisas. Sempre tive algum preconceito contra filmes de surf recentes, tendia logo a pensar numa uma estética Portugal Radical, cheia de cortes, montagem histeriónica e um rock apunkalhado de 2ª, quando não ska, esse terror musical. Como em todos os géneros, nos filmes de surf há clássicos e outros de mastigar e deitar fora, há coisas boas e más e há um punhado de obras com uma fotografia que poderia pertencer a filme do Malick.

Tenho notado uma crescente consciência artística e contemplativa nos realizadores e na atitude geral no surf actual, a reflectir-se logo nas bandas sonoras muito interessantes ou na procura de referências "retro", desde as próprias pranchas às carrinhas antigas que transportam os alemães às centenas aqui para a praias de Peniche.

Os meios digitais democratizaram a realização de filmes independentes de qualidade, mas o mercado do surf também cresceu e popularizou-se e, havendo patrocínios de marcas, há a possibilidade de usar meios que antes eram tão artesanais como o próprio surf. Pode dar-se o caso de estar apenas mais atento a isso porque também tenho um crescente desejo de fuga e contraste com a cidade e a vida de ruído e stress. Isto não é novo, na cultura dos 60s é importante distinguir bem o movimento hippie do movimento do surf. Apesar de ambos serem uma oposição ao modo de vida materialista e convencional, no surf não há propriamente modo de pensar ou uma consciência política. O contacto espiritual com a natureza é prático e directo e o objectivo é só andar numa onda perfeita.

Aqui dois exemplos recentes de bons filmes.



2 comentários:

kiss me disse...

Vi o primeiro há uns 7 ou 8 mesinhos e gostei...

Duas frases que me ficaram na cabeça:

Sometimes when you're the most alone, you're not alone at all.

We dream of the perfect wave, the perfect job, the perfect house, the perfect love... And when we get there... we dream of something else.

Anónimo disse...

Into the wild :)