quarta-feira, 1 de junho de 2011

os verdadeiros sinais da decadência dos valores

Depois da Jaguar e da Porsche terem morrido para mim (começou com o Boxter, definhou com o Cayenne, bateu a bota definitivamente com o 'utilitário' Panamera), a Ferrari faz um gigantesco FF de quatro lugares e tracção às 4.

Não, não é um BMW série 1 em esteróides

Já tinham feito outro de quatro lugares, o 612 Scaglietti, e este é um dos mais potentes alguma vez feitos pela Ferrari - quase tão potente como o Enzo. No entanto, como argumento de venda, no próprio site da Ferrari, está este preocupante parágrafo: «The FF: the Ferrari Four. Four as in four-wheel drive. Four as in the four comfortable seats that cocoon driver and occupants alike.»

Isto é preocupante. A minha querida Lamborghini também lançou ou vai lançar o aberrante Estoque de 4 portas, 4 lugares, desenhado para o segmento familiar.

O que acho piada nisto é que eles metem sempre motores brutais nestas coisas, como se tivessem um peso de consciência 'sim, é verdade, tem 4 portas e é confortável, mas tem 650 cavalos por isso é um Lamborghini' ou, no caso da Porsche 'isto não é um VW, reparem, tem aqui o símbolo da Porsche'.

Preferia muito que a Lamborghini e a Ferrari continuassem fieis e a fazer carros com pouca fiabilidade e que eu nunca poderei comprar e mesmo que tivesse dinheiro, não comprava. Ou comprava? A piada é essa, é um objecto que nos desafia imediatamente no acto de compra por não ter base racional - e por nos meter medo em vez de nos atrair com facilidades e mordomias e conforto.

O Aventator, LP700-4


- Querida? errm... lembras-te da Mercedes Vito que eu tinha dito que ia comprar para podermos levar os miúdos para o Algarve? Afinal comprei um prático Aventator LP700-4 e levo um de cada vez, em numa manhã está toda gente lá! Quem quer ir no Aventatorinho? *ovação eehhhh!!!! \o/*
- Estás doido!?!?
- Calma querida, com o que sobrou das nossas poupanças e venda de todo o nosso património, comprei-te uma Ford Transit de 1992, tem imenso espaço.

8 comentários:

Anónimo disse...

E a Aston Martin, não? Também embarcaram na onda das quatro portas, mas foram onde também onde nenhuma marca desportiva ousou ir:

http://www.astonmartin.com/cars/cygnet

Anónimo disse...

machadada final na fama da Porsche: o Panamera foi a escolha muito auto publicitada da Lucy para presentear o seu Djaló.

Maat disse...

maravilhoso. eu que tenho um comercial já pensei na tristeza que vai ser um dia que tenha filhos e tenha de comprar um carro de 5 lugares (o horror). quanto mais desvirtualizar desportivos puros em detrimento dos familiares... no entanto, a porsche continua a ser a minha marca preferida de desportivos (como se isso quisesse dizer alguma coisa ou alguma vez eu pudesse ter ou querer algum...).
um aventator para levar um de cada vez ao algrave... genial. só por isto apetecia-me casar contigo. dada a minha paixão por carros, este foi um dos melhores posts dos últimos tempos. te juro que quase me caía uma lágrima de emoção quando o estava a ler.

Anónimo disse...

Pior. A Jaguar e a Porsche já tem carros a Diesel.
O Ferdinand deve andar ás voltas no caixão.

Tolan disse...

em vez de fazerem carros a nitroglicerina por exemplo... isso é que era! "Este é o Porsche Nitro SS, cuidado a estacionar, um simples toque mais forte pode rebentar com um quarteirão e disparar o airbag também"

CO2 da Correia disse...

E anda-me este gajo a clamar por ciclovias...

Tolan disse...

Para além de carros, também gosto de bicicletas e essas ao menos posso comprar ^_^

Edgar V. Novo disse...

Já em tempo tinha falada desta porra. Mas o que é que estes novos gestores estão a fazer aos carros pá?

No fundo eu sei, estão o fazer o que as pessoas querem comprar. Hoje em dia não há gente corajosa e com eles no sítio que diga "pá, voces todos querem carros feios como o raio e sem classe ou interesse algum, mas eu não vos dou, prefiro ir à falência". É esta integridade e coragem que falta agora (nos automóveis como em tudo o resto), a de correr o risco de falir, mas nunca ceder ao mau gosto passageiro das modas e à fome inata por nulidades das massas.

As massas é que têm de ser conduzidas, e não o contrário.