terça-feira, 19 de abril de 2011

então eu sou geek

Em 1996 chego da província com uma mochila cheia de tupperwares cheios de comida preparados pela a minha mãe (que os preparou por pressão de grupo porque as mães dos meus amigos da província o faziam) e chego à universidade para um magnífico curso de matemática. Era como se tivesse chegado ao paraíso. Na província eu era o geek. Ali era... era uma pessoa! Havia colegas com depressões e tudo. Era genial. A minha família, que julgava disfuncional, era afinal a da Casa Na Pradaria comparada com as dos meus colegas que eram, vejam bem, divorciados.

Nas praxes, intensas ainda naquela época (1996) uma veterana sexy elegeu-me rei dos caloiros, num jogo de xadrez humano em que atirávamos ovos (fui o único sobrevivente). Lembro-me da raiva que suscitou no seu colega veterano que exclamou na minha cara "escolheste este monte de esterco para rei dos caloiros!?", largando perdigotos. Contemplei-o, impassível. A verdade é que tinha aterrado no paraíso, o curso era composto por geeks hardcore, bastava usarmos a camisa fora das calças para sermos considerados tipos cool. Não me refiro a gente que tinha hobbits como filatelia ou astronomia (o meu caso) mas sim gente que discutia acaloradamente se a Texas Instruments era melhor que a HP, nos intervalos, e testavam algoritmos recursivos para ver qual das máquinas tinha um maior erro numérico de arredondamento devido à truncagem dos bits do processaor. O meu curso estava no top 3 nacional de dificuldade, um ranking subjectivo, que o colocava a par de Engenharia Aeroespacial no Técnico e outro qualquer. Lembro de ler aquilo na revista pensar "chalenge accepted".

Pessoas de outros cursos discutiam se jogador A era melhor que jogador B, ou mamas e rabos, nós discutíamos a teimosia da HP em ter um sistema de computação nas máquinas que era pouco intuitivo e só poderoso em situações complexas. Os rascas usavam Casio, como eu, embora a minha fosse programável e gráfica e tivesse cores e permitisse desenhar seios com equações condicionais. Sim, eu era, sou e serei geek até morrer.

Deixo-vos com a música geeks are sexy que fiz, em tempos, em homenagem às minhas origens e que traduz, com fidelidade, o conflito em que qualquer geek vive. Dedico-a a todos os que estudaram ou estudam qualquer curso com uma forte componente de matemática. Os outros... os outros são José Luís Peixotos :P

19 comentários:

Anónimo disse...

Quando não são chatos, os geeks são sexys, hell yeah.

LN disse...

Vais perder 80% da freguesia feminina à custa desta confissão...

Tolan disse...

yEAAAHH!

Anónimo disse...

Não vais nada, Tolan.
As mulheres adoram, adoram, mas adoram mesmo despentear penteadinhos... ;)

Beijinhos grandes!

disse...

Oh Tolan desde que conheci um super geek que agora tenho medo deles...Mas acho que era um geek muito à frente (nada que se compare contigo, espero eu)e não é que o rapaz disse que tinha a sua própria linguagem geekekeza que usava para falar com os restantes membros do grupo?e é que não se percebia absolutamente nada do que ele dizia. Também dizia que resolvia equações nos vidros para poder contempla-las, Valha-me Deus lol
Atenção que há geeks bem sexy´s mas não exagerando, é que com exageros parece que vivem noutro mundo, mundo esse onde não chega qualquer miúda talvez só uma geek mesmo...

Não leves a mal, gosto muito do teu blogue :)

Anónimo disse...

A grande questão é: sabes dançar?

Catarina

Madalena disse...

Acho esta questão da dança mto pertinente...Quando em situação de baile, festa, discoteca, rave, etc o Tolan dança? Ou fica a olhar? :b

Tolan disse...

Já tenho um post sobre isso:

http://tolanbaranduna.blogspot.com/2010/12/tenho-um-date-logo-noite-agradeco.html

Sofia P. disse...

Nice! Os meus colegas de curso nerds (acho que se aplica melhor esta definição) usavam t-shirts do dragonball e andavam com mochilas montecampo com uns 10 anos iguais à que eu usava na preparatória :D mas não eram de matemática. Os de matemática tavam muito à frente!

Cat disse...

Hoje sinto-me mais rica. Já conheço 2 geeks e 2 nerds. O pior é perceber o que dizem quando falam entre si. Parece que entramos num universo paralelo. É quase fascinante. :)

maria 3a disse...

como geek que também sou, sinto-me ofendida por ser chamada de josé luís peixoto. nao só os matemáticos sao geeks, ok? queria-te ver em química orgânica ;) vocês podem comparar as máquinas de calcular mas aposto que nao usam óculos de proteccao para grelhar carne :)

Sofia P. disse...

http://spikedmath.com/386.html

:D

Tolan disse...

maria 3a, Química Orgânica qualifica-se. Química tem muita matemática também. Pode entrar.

maria 3a disse...

ah bom :) obrigadinhos.

Anónimo disse...

Física é hardcore!

Sofia R.

Aladdin Sane disse...

quando era novo (12 anos?) costumava apontar num caderno os resultados dos jogos sem fronteiras. e, ainda pior, os de um concurso chamado "com pés e cabeça", apresentado pelo fialho gouveia, em que cada equipa representava um distrito. deprimente, mesmo (agora que me lembro) foi ter chorado, perante os meus pais!, quando a equipa de coimbra perdeu na final.

meaning: podeis ser todos uns geeks, ou nerds orgulhosos, mas eu cá sou um freak. UM FREAK! e tenho um trabalho bonitinho! com caderninhos! e ouço músicas chamadas surrounded by your friends, etc e tal.

Anónimo disse...

ENGENHARIA!!!!

Lugh disse...

Bem... cada um é o que é. A mim não me incomoda o que cada um possa ser desde que não interfira com o meu direito a ser. Critico os gostos, mas faço-o para mim ou para os meus. Apenas porque sim. Aceito sempre aquilo que alguém escolheu ser. Repito: desde que não me prejudique.
No caso da praxe, por exemplo, já interfere no meu direito a ser. Duvido seriamente que alguém me chame monte de esterco e - mais cedo ou mais tarde - não ganhe um novo andar. E não um andar melhor, por sinal!

AEnima disse...

Quando geek, sempre geek. Mesmo que a estetica e o tempo disfarce a aparencia. So um geek cometeria a gralha de trocar hobbies por hobbits.