Admito que o video mistura manifestações diferentes, daí que tenha falado na manifestação de londres, por ser específica aos estudantes (e não uma manif difusa e adoptada por todos, como a de hoje) e por ter tido como alvo a sede dos Tories.
Não se compara o grau de violência da manif de Londres com as manifs em que esteve envolvida a extrema esquerda e os anarquistas na Grécia.
Mas as situações não são comparáveis também, a situação da Grécia é bem extrema (mais do que a nossa e muito mais que a do Reino Unido) e a classe política tem responsabilidades enormes. Seria um erro resumi-la apenas aos anarquistas e ao incidente que vitimou 3 pessoas num incêndio provocado por cocktails molotov. Muitos outros sectores da sociedade manifestaram-se.
Tolan, mas com isso não estás a insinuar que o uso de violência numa manifestação é mais justificável quanto mais grave for a situação em causa, pois não?
André, eu não estou a insinuar coisas, num plano teórico, limito-me a constatar que a violência, que pode ir da marcha ao som dos Homens da Luta e dos Deolinda como a de hoje, ao extremo da quase guerra civil na Líbia, tem relação com a gravidade da situação em causa. Não se trata de justificar, eu não faço juízos morais sobre situações que não conheço. Nunca na vida me passou pela cabeça recorrer a violência, mas reconheço que em certos contextos, pode ser necessário. Mesmo o 25 de Abril foi feito com a ajuda das forças armadas e podíamos ter tido guerra civil. Evidentemente que não acho que a situação actual justifique violência grécia style, mas sem dúvida que uns vidros partidos no ministério da educação (é sábado, ninguém está lá) e umas rixas com os polícias ficavam bem na tv e corriam mundo.
Se a violência não serve um propósito claro e directo, não vejo como possa ser justificável.
No caso mais recente, na Líbia, não me parece que eles andem por lá a partir montras e a roubar televisões para assustar o Gaddafi. A violência ali tem o objectivo directo de conquistar território para resgatar o país de uma ditadura, não é exercida de forma gratuita.
Protestos que tentam chamar a atenção para problemas laborais não são sequer comparáveis com acções, praticamente militares, para tentar derrubar um regime que não tem problemas em matar cidadãos inocentes, que não concede o direito de liberdade de expressão e de acesso a eleições livres.
a violência simbólica, como o caso de Londres (escavacar uns vidros da sede dos Tories, andar à bulha com a polícia, queimar uns pneus e paus na estrada) serve o propósito de alimentar os media e dar visibilidade e impacto aos seus protestos. Andar de cerveja na mão a fazer V's de vitória e a deitar a língua de fora para a câmera, não, mesmo que seja só uma parte ínfima dos jovens, como eu vi, dá a imagem errada.
O protesto foi bom, foi bonito, mas foi morno. É preciso levar aquilo a sério ou ninguém os leva a sério.
O governo de Cavaco Silva teria caído da forma que caiu se não fosse a carga policial na Ponte 25 de Abril, por causa de uns trocos numas portagens? Não sei. As imagens marcaram e ainda hoje aparecem sempre em reportagens sobre a política daquela época, os momentos marcantes. Assim como a imagem dos polícias no terreiro do Paço abraçados a levar com canhões de água. Sim, o dramatismo conta, o simbólico conta muito nestas coisas.
Deviam ter pelo menos escavacado o Ministério da Educação, na prática, a política de educação das últimas décadas foi parcialmente responsável pelo desastre em que nos encontramos.
Acho que estamos anestesiados e eu não sou excepção. Mas posso deixar de estar, depende do meu limite de tolerância para o que vejo (a minha vida em si, corre bem e é confortável) e da empatia com uma manifestação, algo que confesso que não senti, pois não me revejo sequer no epíteto geração à rasca, acho demasiado soft e alegre para me tirar de casa num sábado.
Gosto dos cartazes a dizer "F**K FEES" por exemplo. É mais forte do "que parva que eu sou", o que parva que eu sou é resignado, o tom da música é um fadinho da desgraçada, é anestesiante.
Concordo quase com tudo menos com o meio. Se bem me recordo, tanto nos "Secos e molhados" como no buzinão na ponte, não houve uma violência activa da parte dos manifestantes. Houve um marcar de posição, uma vontade de causar danos económicos e incomodo político sem que para isso fosse utilizada violência. Se ela tiver que existir, que comece por ordem do governo (nunca culparei a polícia, que também é mal paga, por tal acção). Chamem-me com o propósito de paralisar a capital, cortar vias de acesso ou de fazer qualquer coisa que não seja a manteiga de ontem mas que tenha um propósito CLARO e REALISTA e eu estou lá.
13 comentários:
Ah! Então é isto que falta! Eu sabia que havia uma maneira simples de resolver todos os problemas.
Isto não resolve problemas.
O que faz é persuadir que os problemas existem, para começar. E não estamos aí ainda, parece-me.
Eu não fiquei convencido quanto ao desconforto que a situação actual provoca aquelas pessoas.
As de Londres, contra os cortes de educação draconianos impostos pelos Tories, convenceram-me que os putos estão mesmo chateados.
Não me parece que meios como estes e os que mataram inocentes em Atenas possam ser levados em conta como "os putos estão mesmo chateados".
Acho que será mais "Há aqui uns putos que não têm que se preocupar mais com alojamento e amor. Há disso tudo na prisão".
Admito que o video mistura manifestações diferentes, daí que tenha falado na manifestação de londres, por ser específica aos estudantes (e não uma manif difusa e adoptada por todos, como a de hoje) e por ter tido como alvo a sede dos Tories.
Não se compara o grau de violência da manif de Londres com as manifs em que esteve envolvida a extrema esquerda e os anarquistas na Grécia.
Mas as situações não são comparáveis também, a situação da Grécia é bem extrema (mais do que a nossa e muito mais que a do Reino Unido) e a classe política tem responsabilidades enormes. Seria um erro resumi-la apenas aos anarquistas e ao incidente que vitimou 3 pessoas num incêndio provocado por cocktails molotov. Muitos outros sectores da sociedade manifestaram-se.
Concordo. Não se pode resumir mas as consequências estão lá e não são reversíveis.
Na Sic Notícias:
Jornalista:Então, veio para a manifestação?
Jovem:Não não. Só vim ver as rolas.
Tolan, mas com isso não estás a insinuar que o uso de violência numa manifestação é mais justificável quanto mais grave for a situação em causa, pois não?
André, eu não estou a insinuar coisas, num plano teórico, limito-me a constatar que a violência, que pode ir da marcha ao som dos Homens da Luta e dos Deolinda como a de hoje, ao extremo da quase guerra civil na Líbia, tem relação com a gravidade da situação em causa. Não se trata de justificar, eu não faço juízos morais sobre situações que não conheço. Nunca na vida me passou pela cabeça recorrer a violência, mas reconheço que em certos contextos, pode ser necessário. Mesmo o 25 de Abril foi feito com a ajuda das forças armadas e podíamos ter tido guerra civil. Evidentemente que não acho que a situação actual justifique violência grécia style, mas sem dúvida que uns vidros partidos no ministério da educação (é sábado, ninguém está lá) e umas rixas com os polícias ficavam bem na tv e corriam mundo.
Se a violência não serve um propósito claro e directo, não vejo como possa ser justificável.
No caso mais recente, na Líbia, não me parece que eles andem por lá a partir montras e a roubar televisões para assustar o Gaddafi.
A violência ali tem o objectivo directo de conquistar território para resgatar o país de uma ditadura, não é exercida de forma gratuita.
Protestos que tentam chamar a atenção para problemas laborais não são sequer comparáveis com acções, praticamente militares, para tentar derrubar um regime que não tem problemas em matar cidadãos inocentes, que não concede o direito de liberdade de expressão e de acesso a eleições livres.
a violência simbólica, como o caso de Londres (escavacar uns vidros da sede dos Tories, andar à bulha com a polícia, queimar uns pneus e paus na estrada) serve o propósito de alimentar os media e dar visibilidade e impacto aos seus protestos. Andar de cerveja na mão a fazer V's de vitória e a deitar a língua de fora para a câmera, não, mesmo que seja só uma parte ínfima dos jovens, como eu vi, dá a imagem errada.
O protesto foi bom, foi bonito, mas foi morno. É preciso levar aquilo a sério ou ninguém os leva a sério.
O governo de Cavaco Silva teria caído da forma que caiu se não fosse a carga policial na Ponte 25 de Abril, por causa de uns trocos numas portagens? Não sei. As imagens marcaram e ainda hoje aparecem sempre em reportagens sobre a política daquela época, os momentos marcantes. Assim como a imagem dos polícias no terreiro do Paço abraçados a levar com canhões de água. Sim, o dramatismo conta, o simbólico conta muito nestas coisas.
Deviam ter pelo menos escavacado o Ministério da Educação, na prática, a política de educação das últimas décadas foi parcialmente responsável pelo desastre em que nos encontramos.
Acho que estamos anestesiados e eu não sou excepção. Mas posso deixar de estar, depende do meu limite de tolerância para o que vejo (a minha vida em si, corre bem e é confortável) e da empatia com uma manifestação, algo que confesso que não senti, pois não me revejo sequer no epíteto geração à rasca, acho demasiado soft e alegre para me tirar de casa num sábado.
Gosto dos cartazes a dizer "F**K FEES" por exemplo. É mais forte do "que parva que eu sou", o que parva que eu sou é resignado, o tom da música é um fadinho da desgraçada, é anestesiante.
http://www.youtube.com/watch?v=CEbzL-jjo4s
Concordo quase com tudo menos com o meio.
Se bem me recordo, tanto nos "Secos e molhados" como no buzinão na ponte, não houve uma violência activa da parte dos manifestantes. Houve um marcar de posição, uma vontade de causar danos económicos e incomodo político sem que para isso fosse utilizada violência. Se ela tiver que existir, que comece por ordem do governo (nunca culparei a polícia, que também é mal paga, por tal acção).
Chamem-me com o propósito de paralisar a capital, cortar vias de acesso ou de fazer qualquer coisa que não seja a manteiga de ontem mas que tenha um propósito CLARO e REALISTA e eu estou lá.
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