segunda-feira, 7 de março de 2011

entre o céu e o inferno

é carregar-se no play e, na leitura do texto, imaginar a voz do narrador como sendo grave e profunda


Querida,
Eu sei que tu eu e eu não fomos felizes a maior parte do tempo mas tivemos os nossos momentos, como daquela vez em que eu encontrei uma nota de cinco euros boa, ou quando, ao contemplares em silêncio as estrelas, eu te explicava o que era cada constelação e os nomes das respectivas estrelas, distância em anos luz, idade, objectos do catálogo Messier que podiam ser vistos no seu enquadramento com a ajuda de um telescopio dobsoniano de 10" pelo menos e tu mandavas-me calar, que só querias ver o céu e os seus mistérios e eu pensava que estavas a brincar e continuava a explicar-te que as diferenças de cor das estrelas se devem à temperatura mas também ao efeito de doppler. Mas sempre foste assim, ignorante, como um cão que lambe uma tomada eléctrica e apanha um choque e fica com o pêlo todo em pé e a fumegar ou as pessoas que votam na eurovisão. Quando te conheci, os teus olhos tristes contemplavam o infinito à procura de algo, sonhadores, hesitantes, mas depois de começares a usar as lentes de contacto certas, também isso desapareceu. O nosso mundo ruiu como um castelo de areia à beira mar, construído por uma criança com um pai estúpido que não percebeu que a distância ideal tem de ser relativa à preia-mar e qualquer tabela de marés tem a informação disponível e até há relógios com as marés. É assim o mundo, feito de castelos de areia à beira mar, condenados a desaparecer à passagem das ondas do tempo porque foram construídos por crianças com pais que não supervisionam os locais de construção dos seus castelos. Tu hoje, em momentos de meditação solene pensas 'que atrasada mental que fui, fónix, lol XD *facepalm*' e tens razão e nunca deixarás de ser atrasada mental porque não há cura para isso, não acredites nas cenas da IURD. Eu às vezes à noite monto o tabuleiro do jogo do Monopólio e depois coloco os meus peluches a jogar comigo e jogam melhor do que tu jogavas. A zebra ganha sempre e é dona das melhores avenidas de Lisboa.

9 comentários:

kiss me disse...

Eu votei em ti para o prémio BILF, mas mesmo que não tivesse votado ia já mudar o voto só pelos posts de hoje.

Tolan disse...

Obrigado *cora*

Ísis disse...

Caramba. Nem me atrevo a comentar. Volto mais tarde :)

Patife disse...

Tolan, rapaz, já que o Patife não pode ser o BILF este ano, que o prémio fique dignamente representado pela tua pessoa. Este post é de génio. ;)

Tolan disse...

Obrigado Patife. Desde que não votes em mim... era um pouco creepy :] E eu acho que tu davas um excelente BILF, para o ano eu próprio nomeio-te. O que também seria creepy :]

Maçã disse...

eu ia dizer uma coisa, mas já nem sei bem. tens um dom tolan, escreve-me lá de uma vez esse livro

Tolan disse...

Obrigado apple, 220 páginas, está a fazer-se, a fazer-se, mas aviso desde já que nunca terá o power do blogue, vocês são privilegiados.

A Chata disse...

Com a Pipi a fazer campanha por ti e com estes textos, tens o BILF award no papo...

anouc disse...

Muito bom. Sorri diversas vezes, logo eu, que raramente sorrio.
Achei a música demasiado apropriada, e não gostando do estilo, estou neste momento com o estômago às voltas. Mas já fico bem. A sério, já fico bem.