segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

promessa de mudar

Com um rol de promessas e um DVD dos U2, reconquistei a confiança da minha namorada Princesa. Parte das minhas promessas tiveram a ver com um suposto desejo genuíno de mudança da minha pessoa. Disse-lhe que iria mudar certos hábitos e comportamentos que causaram stress na nossa relação e que a fizeram perder parcialmente o interesse em mim e retomar perigosos contactos com o ex namorado que já percebi que era fuzileiro, ou isso ou traficante de droga, isto foi só umas coisas que apanhei e que envolviam armas de fogo de calibre militar e ciúmes. Já sei que algumas vozes cínicas se vão levantar e dizer que é pouco correcto alguém transformar-se numa pessoa que não é só para agradar a outra. Primeiro, é neste princípio que reside a base das relações humanas em geral. E segundo, os meus defeitos podiam ilustrar todos os livros de auto ajuda que já li (e foram muitos) naqueles capítulos dedicados à sensibilização, com exemplos reais de pessoas miseráveis nas quais o leitor se pode rever. Portanto, também pensei que a Princesa me podia ser útil no intuito de me transformar numa pessoa mais feliz e fisicamente saudável. É certo que não passa de teatro, no íntimo, mas é como aquela terapia do riso, não importa o motivo da risota, o que conta é o efeito do acto físico de rir. Portanto, por mais que odiasse correr com ela às 7:30 da manhã às voltas na Cidade Universitária, com um cigarro ao canto da boca, a verdade é que aquilo me teria feito bem nos dias em que não desmaiava à 4ª volta e acordava com ela a dar-me estalos na cara e a sibilar “levanta-te mariquinhas, está tudo a olhar”. Isso e passar pela decathlon depois, comprar mais um stock de barrinhas de cereais e líquidos hidratantes, que já topei que até são bons para as violentas ressacas de vinho rasca que bebo quanto estou sozinho. Fez parte da negociação trocar a corrida pela surf.

Um desporto de que gosto é o surf. Gosto de fazer surf, é uma afirmação estética do corpo enquanto objecto frágil exposto aos elementos mais brutais da natureza, há qualquer coisa de Caspar Friedrich na imagem do surfista de costas para o espectador, enfrentando a fúria do mar. E é essencialmente esse o motivo que me leva a fazer surf e acredito que a maior parte dos surfistas sente o mesmo.
O problema é que exagerei um pouco nos meus supostos dotes de surfista e criei elevadas expectativas e este fim de semana, sem saber bem como, vi-me atirado para o Lagide em mar de dois metros, com ventos gélidos acima de 20 nós offshore, com um fato de verão, em cima de uma placa de rocha a 50cm de profundidade coberta de ouriços de mar. De maneiras que optei por parecer ocupado, remando de um lado para o outro, evitando cuidadosamente a rebentação pelo elegante acto de largar a prancha e mergulhar e fechando os olhos quando uma das crianças surfistas de uma equipa local em treinos vinha direita a mim.
Felizmente, a Princesa é um pouco míope e havia lá um surfista bastante bom com um fato escuro parecido com o meu. Ela não me distinguia do promontório, onde o carro estava estacionado, pelo que no fim bastou-me dizer que apanhei umas “ondas do caraças” e ela disse “eu vi” e deu-me beijinhos e parece que ficou com qualquer coisa vagamente semelhante a respeito e admiração no olhar, algo que nunca lhe arranquei por sacar uma medalha de ouro numa corrida extreme no GT5 na ps3. Também estava gelado a sério e essa parte não era a fingir, nem a parte de ter de ser ela a conduzir porque não sentia os pés e ao largar a embraiagem quase que atropelei um casal de velhotes com um caniche.

16 comentários:

Maria disse...

És escritor Tolan?
É que se não és...podias e devias ser.

Anónimo disse...

Estás no bom caminho para voltares a ser o príncipe da tua princesa.Cuidado é com o ex,pode ter tido alguma coisa a ver , com as armas desaparecidas há uns dias.

Maria Amaral

Tolan disse...

Obrigado Maria, também digo o mesmo a mim próprio todos os dias quando tenho de ir trabalhar e enfrentar o trânsito.

Maria Amaral, sim, ela disse-me qualquer coisa que ele andava agitado e a enviar-lhe sms às tantas da manhã a dizer "queres uma M16 para ir aos pombos?"

Andorinha disse...

És tão exagerado pa. E normal, ó Deus como és normal. PS3 addicted, surfista de banheira (fato de verão nesta altura é pra ficares com uma boa pneumonia), esforço pra ficar com uma gaja boazona equivalente a 13 (escala de 1-20). E pronto, assim te corre a vida. Pelo menos tens sexo.

Anónimo disse...

boa. assim já não és nojento. :)

Bluesy disse...

Tolan, quero os meus livros de volta.

Anónimo disse...

Em que área trabalhas?

Tolan disse...

Alcântara.

Anónimo disse...

:)
sector

Tolan disse...

Vendo pandas de peluche, numa loja. Está a correr bem até.

Anónimo disse...

ahahah
Por isso é que vai a conferências, cujo tema passa por "como aumentar a venda de pandas de peluche"
ahahah

Anónimo disse...

Isto do anonimato gera extremos: mas alguém vai descobrir a identidade de uma pessoa apenas por saber o sector em que trabalha?
A curiosidade passa por perceber se necessita ou utiliza esta escrita criativa no dia-a-dia...

Anónimo disse...

Vende pandas de peluche numa loja?Bolas!Se fosse porta-a-porta.
De qualquer das formas isso dos peluches , mais as armas do ex da sua princesa, acrescentando as outras armas desaparecidas... Sei não...Cheira-me a contrabando.
Eu é que não lhe comprava nenhum panda!

Maria Amaral

Maria disse...

O Tolan é jornalista?

Tolan disse...

O Tolan não trabalha com nada que tenha a ver com escrita :\

Anónimo disse...

O Tolan sabe nadar? (yô)


Maria Amaral