Disseram-me que o meu cão tinha sido abatido pelo meu pai por ter mordido uma pessoa gravemente. Tinha acabado de chegar da escola, num dia parecido com este, de chuva. Devia ter 6 ou 7 anos e chapinhava nas poças de água com as botas com olhinhos de sapinho, a moda outono inverno de 83 ou 84. Vi a forma canina nos braços do meu pai, enrolada no seu velho cobertor roído, a ser pousada na cova lamacenta entre as duas laranjeiras, no fundo do escuro quintal. O meu pai abatera-o, com uma injecção de pentotal. Era ele ou a gnr e abate num canil municipal. Depois tive mais cães, ao longo da vida. E sempre que seguro num cachorro bebé e vejo os seus olhos azulados, o focinho húmido, as patas desproporcionais, penso, “ este idiota vai lixar-me um dia”.
Mas quem percebe mesmo disto é o Elmo.
1 comentário:
Às vezes isso da felicidade faz lembrar um daqueles anúncios de detergentes na televisão. Perde-se demasiado tempo a tentar ser feliz.
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