Jorge Luís Borges
Excertos da entrevista:
1ºexcerto:
«quando eu era jovem andava sempre à caça de novas metáforas. Descobri então que as metáforas verdadeiramente boas são sempre as mesmas. Quer dizer, compara-se o tempo com uma estrada, a morte com o sono, a vida com um sonho, e são essas as grandes metáforas da literatura porque correspondem a algo essencial. Se inventamos metáforas, elas são capazes de surpreender durante uma fracção de segundo, mas não provocam qualquer tipo de emoção profunda.»
2º excerto:
«Há um livro de que tenho de falar e esse livro é Huckleberry Finn. Não gosto nada de Tom Sawyer. Acho que Tom Sawyer estraga os últimos capítulos de Huckleberry Finn. Com todas aquelas piadas tolas. Tudo piadas sem sentido; mas suponho que Mark Twain pensou que tinha a obrigação de ter graça mesmo quando não estava para aí virado. Acho que Mark Twain foi realmente um grande escritor mas julgo que ele não se dava conta disso. Todavia, para se escrever um livro que se possa considerar realmente um grande livro, talvez seja necessário que uma pessoa não se dê conta disso. Pode-se trabalhar que nem um forçado e alterar qualquer adjectivo para um outro adjectivo, mas talvez se escreva melhor se se deixarem ficar os erros.»
3º excerto
(...)há uma tendência para encarar qualquer tipo de escrita - especialmente a poesia - como um malabarismo de estilo. Conheci muitos poetas que escreveram bem - coisas muito boas - de um modo delicado e por aí adiante - mas se falar com eles, só lhe contam histórias obscenas ou falam de política da mesma forma que toda gente fala; portanto, o que escrevem é na verdade uma questão secundária. Aprenderam a escrever do mesmo modo que se pode aprender a jogar xadrez ou a jogar bridge. Eles não eram realmente poetas ou escritores. Aquilo era um truque que eles aprenderam, e aprenderam-no por completo. Tinham a coisa dominada na ponta dos dedos. Mas a maioria deles - excepto quatro ou cinco, diria eu - parecia pensar na vida como não tendo nada de poético ou misterioso. Sabem que quando têm de escrever, então, bem, têm de se tornar de repente extremamente tristes ou irónicos.
Para colocarem o chapéu de escritores?
Sim, para colocarem o chapéu de escritores e entrarem num certo estado de espírito e depois escreverem. Depois disso, voltam à política corriqueira."
Excertos retirados das entrevistas da Paris Review, livro que me foi gentilmente cedido - já convenientemente rabiscado, emendado e sublinhado nas partes em que devo prestar atenção - pela bluesy que,, entretanto, parece que implodiu o blog.
3 comentários:
My pleasure. Os sublinhados são das coisas a que EU devo prestar atenção. E sim, implodi o blog porque o meu saco encheu da merda que se anda a escrever na blogocoisa (salvo raras execepções)
PS: gosto do novo look, mesmo sendo um bocado paneleiro.
*excepções (damn)
Eu avisei.
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