segunda-feira, 6 de setembro de 2010

rentrée política

A rentrée política portuguesa faz-me cada vez mais lembrar uma peça de revista, das que ficam muito tempo em cena e toda gente acaba por ter de as ir ver, nem que seja em autocarros da província em excursão com bilhete e pique nique no parque eduardo sétimo incluído. Não ajuda que um dos líderes tenha feito audições para musicais do La Féria, tal como não ajuda que o outro tenha representado a sua educação superior. Mas era aqui que eu queria chegar, a lado nenhum. Não tenho ideologia mas tenho ideias sobre isso e quero partilhar comigo mesmo. Finalmente concluí que o meu problema não é escolher uma ideologia, mas sim uma pessoa em função de um determinado contexto. Há pessoas da mesma ideologia que são completamente diferentes. Por exemplo, há pessoas do CDS PP que nunca fizeram abortos e são contra e outras que já fizeram abortos e são contra. Há pessoas do Bloco de Esquerda que vivem no Chiado e outras no Bairro Alto. Em teoria, poderia votar no Bloco de Esquerda, no PS, no PSD ou no CDS PP e mesmo no PCP. No PCP admito que teria grandes dificuldades, excepto no contexto das autárquicas em que um comuna, não se sabe porquê, tem uma aura de pessoa mais honesta. De resto, para servir de exemplo, no outro dia vi um congresso do PCP na tv e só 4 minutos depois é que percebi que não era o canal história a dar um documentário daqueles com a cor recuperada. Estavam a falar do papão da NATO. Quem é que fala da NATO em 2010? O PCP e o Nuno Rogeiro. O PCP tem tanto respeito pela individualidade humana como o Fernando Mendes pela nouvelle cuisine. Portanto, as ideologias não são referências estáticas como nos querem fazer crer desde pequeninos. 'Eu voto PSD' ou 'eu voto PS' soam-me a PSDÊEEEE PSDÊEeE PSD PSD PSDÊEEEee GLORIOOOSO PSD GLORIOSO P.S.D. ou OLÉ OLÉ E ESTE ORÇAMENTO É TODO NOSSO OLÉ OLÉ.

Para além dos partidos, ainda existe um eixo passível de utilização para classificação de pessoas com ideias: Esquerda direita.
Aquilo que vemos como tendências reformistas nos partidos são geralmente manifestações do pragmatismo do real. Existe um mundo, global, com certas regras. Portugal está lá metido.
De que serve termos ideologias políticas se somos dominados por aquilo que tem de ser, por aquilo que é razoável e possível? É preciso um grande líder para transformar e materializar uma ideia. Vivemos ainda na idade media. Era só isto que eu queria dizer. No fundo, não vale a pena pensar em coisas que depois na prática não têm qualquer espécie de impacto, como eu acabei de fazer agora. Na imagem é o Obama, um afro americano que não está na cadeia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Admito que estava a ler os textos do blog com atenção e interesse, a pensar que o autor podia sim ser um bom escritor, why not?, quando leio "aurea da pessoa honesta"... "Aurea"?? Queres dizer "aura", homem!! Imperdoável. Já não gosto de ti.

Sara