sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Hemingway, Farewell to Arms (8/10)

Como vocês é mais filmes e menos livros, lembram-se de certeza daquela polémica que causou o Dancer in The Dark do Lars Von Trier, aquele com a Bjork cega aos gritos e aos pulos.
Não se lembram. A polémica girava em torno do efeito de manipulação nos filmes do Lars Von Trier. Há gajos como o Lars Von Trier que fazem filmes para as namoradas nos encherem o casaco de baba e ranho, o mesmo casaco que nos pediram emprestado para se protegerem do ar condicionado do cinema, acto de altruísmo que nos irá causar uma forte constipação.
Na altura gostei muito do filme e chocaram-me as acusações de manipulação que os críticos fizeram. É curioso que nisto nas obras há sempre um grupo de críticos abstractos a que nos referimos, como eu fiz agora. “Foi bem recebido pela crítica” ou “os críticos deram cabo do filme mas ele é bom”.
Normalmente, idealizo sempre estes “críticos abstractos” como franceses. São sempre franceses e falam com jornalistas enquanto trincam tostas barradas com camembert. E dizem “oh non alors dis donc hein? Ah bah ça alors bfff oulala” Acho patético acusar um filme de ser manipulador. O Dancer in The Dark Nem tenta passar mensagem moral nenhuma, a não ser a de que existem coisas mais tristes que o arranque de época 2010/2011 do Benfica, que a Bjork é avariada dos cornos e que uma câmera de mão sempre aos pulos acaba por cansar. Claro que é um filme impossível de rever, como o 6ºSentido. A gaja é enforcada no fim, mas é a fingir, é só um filme. No 6º Sentido, estão todos mortos, incluido o Bruce Willis.
O Farewell to Arms (é um livro) do Hernest Hemingway (é um escritor) é basicamente isto. É muito bom mas há qualquer coisa de calculado no efeito dramático final e que acaba por secar o resto. O resto parece apenas um pretexto para aquela machadada final que está num tom e num ritmo diferente do resto do romance. Não deixa de ser um clássico, mas falta-lhe a ambiguidade das obras maiores e a textura de ser um bocado de ficção arrancado a um bloco maior invisível e infinito de ficção [o mestre nisto era o Salinger (um escritor) que por acaso era protegido e amigo do Hemingway]. Na imagem ao alto é a Filipa Martins, uma escritora nascida em 1983 e que um dia será minha esposa, só que ainda não sabe.

2 comentários:

Maria disse...

Por acaso concordo contigo, a respeito ao livro do Hemingway ( sim, sei que é escritor e até pescava e tal). Estava a adorar a descrição da retirada dos italianos e a maneira como ele descrevia este povo, quando o homem acaba no Suiça com a outra tonta, Oh Darling! Até já se estava a advinhar o fim do livro ( sim, eu sei ler, se percebo é outra coisa).
Fiquei a pensar se esta parte não seria real e se não foi por esse motivo que o Hemingway tivesse levado a vida que levou, acabando daquela forma.

Quanto ao Dancer in the dark não vi o filme e agora duvido que o veja, já sei o fim.

Tolan disse...

Pesquisei para perceber até que ponto aquilo é autobiográfico, o tipo fez mesmo investigação, recortes de jornais, etc. e houve italianos que estiveram na retirada que disseram que a descrição era tão perfeita que lhes custava a acreditar que não estivesse estado lá. Também se apaixonou por uma enfermeira mas não encontrei nada sobre a morte dela.