"Confidenciavam sobre várias amantes, amadas absolutamente únicas e extraordinárias, com quem - em segredo - ainda mantinham relações.
Estavam sentados no jardim, quando Ábel se calou no meio de uma história dessas.
- Minto - disse, e levantou-se.
Tibor também se ergueu.
- Porquê?
- Todas as palavras que eu disse sobre mulheres são pura mentira. Nenhuma delas é verdadeira, nem sequer uma. E tu também mentes. Reconhece que estás a mentir, diz, Tibor, que estás a mentir.
Ábel agarrou-se à mão de Tibor.
- Sim - disse Tibor, constrangido. Recolheu a mão"
pag 105, Os Rebeldes, Sándor Marai, Dom Quixote. Isto atingiu um 9 na escala de Liberace.
É preciso dizer que eles têm cerca de 16 anos acho eu, e que o resto do livro não tinha apresentado, até ali, resquícios de panasquice, fora as descrições masculinas com adjectivos como "belo" que são sempre de desconfiar. Só que ontem, à página 155, dou com isto, a meio de uma cena em que estão e experimentar fantasias num teatro:
"Tibor ergueu a saia e rodou espantado sobre si mesmo.
- A saia - disse, numa surpresa sincera - nem é roupa assim tão incómoda, como seria de esperar."
Começo a ter medo da grande revelação final deste livro, sinceramente. E vou começar a lê-lo com a capa falsa do Por quem os sinos dobram do Hemingway, um truque que utilizo para ler os livros do Mishima e de poesia, em sítios públicos.
3 comentários:
Ih ih ih.
O José é com certeza uma gaja!
já conheço o final.
Enviar um comentário