quinta-feira, 19 de agosto de 2010

sentir a dor

Sinto uma dor que não é uma dor qualquer. Dói-me quando estou deitado e dói-me quando estou sentado. Dói-me quando estou em pé. Dói-me quando estou a tomar o pequeno-almoço, no café... ou a conduzir o meu carro nesta cidade perdida debaixo das estrelas. Não é uma dor de cabeça, ou de dentes, nem é cancro ou reumático. É uma dor mais profunda e sincera e que nenhum médico pode curar… se bem que alguns cancros, os médicos também não conseguem curar… como o do actor, o que fazia de Toni no conversa da treta. É uma dor de alma. Uma dor cá dentro, como uma coisa que está cá dentro e dói e não se consegue tirar.
És tu que me faltas num abraço enorme, um abraço do tamanho de algo grande, maior que uma baleia das grandes. Sinto apenas o ar entre mim e os braços, o vazio do nada. Oiço os teus risos a ecoar na casa a vir de todos os lados, oh , os teus risos. Ah ah ah… ah ah ah… Como te rias de coisas simples e pequenas… o gelado de uma criança a cair no chão… uma gaivota a ir contra um vidro... e nós os dois, ríamos felizes, de mão dada pelo universo, como dois balões a flutuar nas mãos de uma criança.
Choro um rio por ti, um rio de lágrimas sem fim, um rio com rápidos e cascatas, um rio maior do que aqueles no Paquistão … Um rio com salmões. Tu gostavas de salmão fumado. Comias o salmão directamente da embalagem. Gostavas de coisas simples. Eu não fui simples como o salmão. Eu fui um salmão com um pouco de limão e pimenta, um toque de vinagre balsâmico e ervas nórdicas, pousado sobre uma folha de alface bebé, com tomatinhos cherry a acompanhar.
Mas olho para o futuro com confiança porque sei que tenho valor, sei que tenho amor para dar a alguém que me queira, alguém que precise de salmão com ervas de cheiro e de um rio de lágrimas cristalinas, puras. Sei disso, eu sei. Ouviste? Eu sei.
E nesse dia serei feliz porque essa pessoa vai tomar conta de mim, vai enxugar-me as lágrimas, vai levar-me pela mão, vai ler histórias de encantar para mim antes de fazermos amor loucamente, de forma louca, tresloucada, com a luz acesa e tudo, sem ser debaixo dos cobertores, sem ser ao Sábado depois do filme no meo, mas assim, como duas crianças inocentes, duas crianças que brincam num orfanato católico, com o futuro pela frente. Eu não tenho medo do que o futuro me reserva. O importante é viver. Só me arrependo daquilo que não fiz, como dar a volta ao mundo ou fazer um salto de bungee jumping ou beber 5 cafés no mesmo dia.

6 comentários:

antónimo disse...

e depois ainda diz que este não é um blogue para gajas.

Anónimo disse...

é para mulheres.
e ficou um texto bem giro.

Ana disse...

Quase, quase lá.

Maria disse...

Eu juro que pensei que ainda ias escrever.... ahh e tal sofro de hemorróidas, depois continuei a ler e vi que se tratava de algo mais sério.

Força. Mas na minha opinião, antes de depender dos outros, primeiro tomas conta de ti, e o resto vem por acréscimo.

Ventania disse...

Nunca é tarde para fazer tudo o que te arrependes de nunca ter feito. Belo texto! :)

Anónimo disse...

Ó panda, afinal também eu te comprava...

Sara