sexta-feira, 20 de agosto de 2010

9 cervejas depois até eu sei escrever poemas

a lua brilha no céu
que bonita é
a lua
os bêbados gritam
na rua
o camião do lixo
vem aí
os senhores do lixo
gritam
oi! ei!
o som hidráulico
do caixote do lixo
do meu prédio
a ser içado
e sacudido
para dentro
do contentor
O meu lixo
beatas, comida estragada, latas
misturado com o lixo
dos vizinhos
que não conheço
a mulher linda
que passeia o cão todas
as noites
ela no seu caixote verde
eu no meu
os dois atirados
para o camião
olá diria eu
olá diria ela
ei! oi!
misturados
com o lixo
dos outros
ela é morena e um
pouco baixa
veste-se como uma
estrela de cinema
para passear
o cão branco
um vestido azul
com riscas brancas
um colar de imitação
de pérolas
fuma um cigarro
em casa o marido
ou namorado
esqueceu-se dela
ei oi epáa
oiço as latas
das minhas cervejas
no contentor

4 comentários:

Anónimo disse...

belo. dói-me o poema de tão puro que é. a boniteza dele arrepia-me francamente os pulsos.

maria

Anónimo disse...

olha, a kitty fane ali ao lado, de braços abertos, tal qual como no titanic. será que ela é amiga da pipoca mais doce? qual das duas terá mais seguidoras? hm.. e tu, quando é que começas a fazer publicidade a detergentes, papel higiénico e sapatos do el corte inglês?


maria

Anónimo disse...

ah, o template tá muita giro.

Anónimo disse...

esqueci-me de assinar: maria