A poesia outra vez

Talvez o meu problema com a poesia seja o mesmo que tenho com o Algarve. O problema não é o Algarve, é das pessoas gostarem do Algarve pelos motivos que eu considero errados. Por outro lado, não consigo encontrar bons motivos para gostar da poesia. Percebo que se goste de escrever poesia, quem tenha jeito para isso. É excelente para atrair um certo tipo de mulheres, aquelas que escrevem blogues com frases como "escrevo como quem chora lágrimas inúteis que dissolvem no teu mar de solidão, deixaste-me na praia da saudade". Só que essas mulheres causam-me calafrios. E depois, elas quando escrevem aquilo no blogue, há comentários de outras do género que dizem "e o pior é quando a maré vazia deixa um coração na areia" ou "as lágrimas nunca são inúteis". E depois há sempre o típico stalker de blogue de poesia, normalmente com mais de 30 anos, que quer saltar para a espinha da blogger ou das comentadoras, o gajo que se finge sensível e diz "lindo. força, continua para te ler e saber" ou "como diria Cesariny, bebo a água e sorvo o ar que te atravessou a cintura". E a poesia para aquelas pessoas é uma coisa que se exibe como se exibe um certo de tipo roupa, como a minha t-shirt dos Strokes ou dos Radiohead que eu levo sempre que vou para o Incógnito ou o Lux, porque já sei que há pessoal que se vai virar para mim e dizer "grande banda meu, tens bom gosto".
A poesia não só não é para se exibir como não acho que seja para partilhar. Ainda estou na fase em que acho que nem é para ler. Mas sinto-me desconfortável quando oiço poesia a ser declamada porque acho ridículo estar numa sala a partilhar certas e determinadas emoções. Não conheço aquele pessoal de lado nenhum, mais facilmente entrava numa sauna ou num jacuzzi. Uma vez entrei num jacuzzi no algarve, estavam lá 3 ou 4 tipos e entrou uma miúda com as mamas à mostra e ficou lá, com o namorado ao lado, cercada por erecções subaquáticas. Agora perdi-me.