terça-feira, 4 de dezembro de 2012

restos



Diálogo entre dois robots que eu aparentemente escrevi no sábado à noite às 2 da manha enquanto ouvia New Order.

Robot português aproxima-se de Roboa estrangeira na pista do festival de música electrónica:
- Hello, all right? I've been listening to New Order. Large mesh.
-Excuse me?
- Yes It's a granda sound. I love shaking the helmet. Like blue monday or red tuesday?
-  Is that from google translator?
- Sim. Espera... o wi-fi aqui só tem dois pauzinhos...  Yes it is.
- Forget it. You have to study english if you want to impress a foreign robotess.
- Está bem. -_-  *afasta-se cabisbaixo na pista de dança*



O meu primeiro impulso foi deitar o texto fora. Mas predispus-me a uma análise mais atenta e fiquei entusiasmado. Neste pequeno pedaço de texto, que parece simples, está a metáfora do próprio ser humano. Utilizei robots, que o leitor imediatamente imagina como humanóides apesar de não haver nenhuma instrução do narrador nesse sentido, para tornar essa associação menos evidente. O robot como produto do ser humano é pois mais humano que o seu criador biológico. Depois, trata-se de um robot (o Aurélio, não está no texto, mas o nome dele é Aurélio) que quer impressionar a roboa estrangeira. O que é a vida, se não isto? Homens que querem impressionar mulheres recorrendo a artifícios e atalhos e mulheres que se fazem difíceis. Ao fazerem-se difíceis, o robot vai estudar inglês, metáfora de toda a civilização, pois podia muito bem descobrir a teoria da relatividade, inventar aviões ou compor uma bela sinfonia. Aliás, não me custa imaginar que o próprio Aurélio é uma criação de um Aurélio biológico. Que todos os robots do festival de música electrónica para electrónicos são criações de seres humanos que os programam e controlam à distância. Como o ser humano na internet, com o seus avatares e alter egos dos blogues, facebooks e afins. Metáfora da sociedade e assim, pois os melhores textos, já se sabe, são os que metaforizam a sociedade e os seus problemas e os meus textos são sempre deste tipo, do género 'melhores textos', sempre ambiciosos, mesmo que à primeira vista pareçam apenas o produto de um estado de embriaguez e sono.

2 comentários:

tata disse...

Auto análise, muito boa! Homem, és um esquizofrénico bestial!! Onde arranjas estas ideias?

Anónimo disse...

Também falo um robot muito bom, ao sábado à noite principalmente...