sexta-feira, 31 de agosto de 2012

bom gosto

Infelizmente ao longo da nossa curta vida existem várias ocasiões em que o nosso progresso depende da avaliação de uma pessoa numa posição decisiva. Seja numa entrevista de emprego, num casting, na avaliação de um draft de romance, no Ìdolos, numa universidade de esquerda num curso pouco científico em que a avaliação de uma resposta depende do critério subjectivo do professor etc., em inúmeras situações ficamos suspenso no sim ou não de outrém. É uma coisa extremamente violenta para pessoas com o meu carácter. Lembro-me de uma vez que uns headunters me telefonaram (ligavam-me muito há 3 ou 4 anos, entretanto deixaram) e participei num processo de selecção. Fiz testes, aquelas merdas, eram uns 20 candidatos, no fim fiquei só eu e outro gajo. Eu tinha emprego, mas queria sair, mesmo que fosse pelo mesmo. Nisto tive a entrevista na empresa, uma multinacional em portugal. A Chefa lá do sítio entrevistou-me. Na entrevista fez questão de mencionar que "ali se trabalhava muito, era raro o dia em que saía antes das 8 ou das 9" e eu teria de ser responsável por uma equipa de pessoas que teria de manter na linha tipo tropa. Eu já era responsável tpor uma equipa de pessoas mas faz-me muita confusão quando me pedem autorização para férias ou para sair mais cedo porque sinceramente odeio autoridade, minha e dos outros, e odeio o conceito de "ter de reportar a alguém". Acho que numa organização real as pessoas só devem ser avaliadas pelos resultados. Até podem ficar em casa um mês inteiro, não me fazia diferença, desde que as merdas aparecessem feitas quando fossem precisas. Até acho uma violência a merda de ter de ir para um local físico trabalhar se isso não for necessário, mas isso sou eu, enfim, trabalhei num sítio em que 5 minutos de atraso ao picar o ponto implicavam meses de assédio do departamento de RH a ameaçar com um corte de 5 minutos de salário caso eu não desse uma justificação mais satisfatória do que "adormeci, atrasei-me" apesar de eu insistir com eles que podiam descontar os tais 5 minutos, era na boa, e fiquei traumatizado. Bom, a entrevista. Eu fiquei convencido que me iam aceitar e queria rejeitar a oferta. Epá, queria. Aquilo era muito mau. As flores sintéticas, o escritório zen, a gaja bitch com tailleur anos 90, eu ia sofrer ali, eu sabia que sim, estava melhor quieto. O meu nível era vastamente superior à da posição que me ofereciam, um lugar sem margem para a criatividade e génio de uma pessoa como eu que não pode estar amarrada a procedimentos burocráticos. Eu expliquei-lhes que lhes desenvolvia e alargava a oferta, que os fazia subir na cadeia de valor de meros providers de informação para consultoria à séria, mas eles queriam era pão pão queijo queijo, uma coisa pragmática, controlo, accounting, etc. Mas convenci-me que queria entrar para lhes dizer que não queria entrar. Para minha surpresa ligaram-me e disseram-me que não me tinham escolhido. Fiquei fodido e nunca mais concorri a nada.

5 comentários:

Anónimo disse...

anonimal pergunta (porque não tem mais nada que fazer e não é uma tolannete):

"... Fiquei fodido e nunca mais concorri a nada..."

atão e o carro alemão veio de onde?

Isa disse...

foi a tua sorte, mas nao deveria ter servido pra nao concorreres a mais nada. e foi a tua sorte pq esse tipo de trabalho e de gente sem a abertura a que te propunhas te ia limitar. Love u tolas.

São João disse...

Passei uma semana sem fazer absolutamente nada, a entrar e a sair a horas, o dia todo em frente ao computador sem fazer nada a perguntar às pessoas se as podia ajudar com alguma coisa até que desisti. Quando é para ir aos fins de semana vou, mas quando não há trabalho também tenho de ir. Acho mal. Quando fores boss do mundo quero trabalhar para ti, Tolanito, só para ter a certeza que não mudaste de ideias entretanto ;)

Bolachas disse...

Concordo plenamente contigo. Pelos vistos não interessa sermos bons naquilo que fazemos e cumprirmos os nossos objectivos. O que interessa é chegarmos a horas, nem que depois passemos a vida a ler blogs. Cof, cof...

Anónimo disse...

Quem me dera ouvir a minha mulher dizer uma frase assim "Love you Tolas" com um sorriso de satisfação nos lábios... Há muito tempo que o Tolas não vê a luz do dia...És um tipo sortudo, Tolan.