quarta-feira, 27 de junho de 2012

o primeiro passo é reconhecer que se tem um problema


Quero deixar aqui o meu testemunho. Olá, sou o Tolan e sou viciado em Magic. Depois de ter estado numa clínica de reabilitação de Magic The Gathering no final dos anos 90, enquanto era (tentava ser) estudante, passei mais de uma década sóbrio e limpo, focado em vícios inocentes como black jack, poker e álcool. O Magic é considerado o "crack" dos jogos. Os danos que o Magic me causou no período universitário foram graves e irreversíveis no que respeita à minha actividade académica, ao meu rendimento disponível para comprar uma alimentação rica em vitaminas e nutrientes e, muito especialmente, à minha vida sexual. Retirava mais prazer erótico em abrir um pacotinho novo de cartas do que um soutien. A meio de qualquer interacção com o sexo oposto, sentia falta de instant spells como "Enchant female creature. Enchanted female creature performs sex with you".
Também comecei a entender, já no fim do curso, que ser um bom jogador de Magic não era considerado uma característica atraente para mulheres per si.
Como em tudo na vida, o importante são as companhias. A Plaft é uma jogadora compulsiva, sofre de hiperactividade, ADD  e tem a consciência do vazio e da dor primordial a que se resume toda a existência. Somos, portanto, muito compatíveis e era impossível não nos apaixonarmos muito, uma vez que fazemos uma espécie de processo de feedback contínuo informação -> processamento -> avaliação -> reacção -> informação etc. Mas tudo tem limites. Tomar xanax fora do prazo e misturar com vodka enquanto temos sexo com pinturas tribais na cara feitas com o sangue do período ao invocar ktulu enquanto ela me estrangula com uma corda de seda é uma brincadeira nossa totalmente inocente, jogar Magic é uma actividade mais perigosa e sinistra.


Para muitos, um rupo de nerds a jogar cartas. Para outros... uma terrível batalha entre poderosos magos e feiticeiros pelo domínio do universo


Tudo isto começou de forma inocente. Saiu um jogo para playstation, um jogo de magic e eu disse assim à Plaft: "olha, se calhar ias gostar deste" e comprei o jogo mais na expectativa de que ela gostasse daquilo e jogasse muito. É bom quando isso sucede porque, pela observação dos homens casados, percebi que eles acham excelente quando a mulher está fortemente entretida com algo. Liberta-lhes espaço para serem maus maridos e relaxarem um pouco. Nesta fase, evidentemente, não necessito dessa liberdade porque acho entretenimento suficiente e divertido vê-la no sofá a ver televisão ou a franzir as sobrancelhas quando algo a intriga ou com a língua de fora quando está concentrada em qualquer coisa. Mas nem sempre é assim. Também vi muitos filmes do Bergman e sei que os casais costumam acabar em choro convulsivo no meio de uma sala de jantar toda partida, com ela deitada no chão com o vestido rasgado e o lábio a sangrar e ele com uma pistola apontada à própria cabeça a gritar Jag hatar dig! jag hatar dig!

Ora, uma relação é como um bom baralho de magic, tem de ter o equilíbrio certo de terrenos, criaturas, feitiços e artefactos e o que se faz na fase do namoro é construir um baralho suficientemente forte para o casamento e a paternidade, altura em que será testado em condições reais. A experiência resultou bem, infelizmente. Ela adorou o jogo e ficou viciada. O problema é que eu também experimentei e fiquei agarrado outra vez, uma enorme recaída. Meti-me no magic the gathering online para PC e voltei ao crack. A minha colecção vai já em quase 3000 cartas e começo a sofrer do síndrome do jogador de Magic de novo. Sonho com combos fatais, viro cartas de mana imaginárias sempre que quero fazer algo, divido o mundo físico real em artefactos, feitiços e criaturas, organizo as pessoas em grupos como orcos, fadas, zombies ou dragões e dou comigo a pensar instintivamente em cartas para representar acções. No outro dia, um pedinte pediu-me um cigarro e eu, enquanto dava o cigarro, pensava "sacrifice one cigarette to ban beggar creature". A Plaft também sofre de alguns dos sintomas mas tem consciência do que está acontecer e decidiu agir antes de ser tarde demais.

Apareceu no escritório (onde eu estava a meio de um torneio online com o meu baralho zombie tipo aggro vs. um blue wizards deck do tipo control) com o xanax, a vodka e um penso usado e disse-me  aquelas palavras fatais: "não me dás atenção". Reflecti muito depois disso.

O primeiro passo é reconhecer que se tem um problema. Já reconheci o problema e já identifiquei a solução. Não consegui ganhar ao gajo dos cabrões dos wizards porque preciso de 4  Zombie Apocalypses neste baralho: Return all Zombie creature cards from your graveyard to the battlefield tapped, then destroy all Humans.



  Nem imaginam a quantidade de vezes que sonho com esta carta no dia a dia no trabalho, a ver o telejornal, no trânsito...  E quanto à Plaft, o essencial é voltar a outro vício menos grave e equilibrar tudo. O blogue parece-me uma boa opção. Está a resultar. Penso menos em magic, a cada minuto que passa.

ps: e logo à noite é o jogo. Espero que Portugal jogue com um combo deck, espanha deve jogar com um control deck. Portugal tem a rare creature Cristiano Ronaldo:


CR7 - Creature
Flying
CR7 can't block and is unblockable.
*/1: tap mountains to charge CR7
 If Cristiano Ronaldo is targeted by stupid trolls chanting "Messi Messi" , double the damage to target

"when hell flames unleashed their child, he came to earth to rule upon humans and win le balon d'or" - Mourinho, Wizard of Soccer



17 comentários:

Maat disse...

oh grande mago Tolan, ainda bem que falas disto. o magic é super conhecido mas eu nunca joguei, nem conheço ninguém que jogue, e por acaso tenho alguma curiosidade. perdoa a minha burice, mas há uma pergunta que preciso ver esclarecida: tu podes jogar online ou com as cartas, certo? mas se tens um baralho e jogas com as cartas, tens de jogar contra alguém, não é? ou tens 3000 cartas pra jogares sozinho ou só pra coleccionares porque é fixe ter muitas? era sempre preciso eu conhecer mais alguém que jogasse isso comigo para poder jogar com o baralho, não é? tens pessoas com quem possas jogar e usar as tuas 3000 cartas?

D.S. disse...

Mourinho, wizard of soccer. Uma frase "ora, nem mais", para fechar uma brilhante confissão.

Tolan disse...

Maat, tenho agora cartas digitais, não físicas, nem sei da minha velha colecção (acho que a minha mãe a enterrou no cofre de ferro no cemitério à meia noite e a esconjurou para sempre). Só jogo online. Pessoas reais que joguem comigo, não tenho, é um jogo que para além de custar muito caro para levar mais a sério a nível de cartas offline, não tem muita piada jogado muitas vezes entre as mesmas pessoas com os mesmos baralhos.

Podes fazer download do jogo Magic The Gathering Online (MTGO) aqui: http://www.wizards.com/Magic/Digital/MagicOnline.aspx?x=mtg/digital/magiconline/download

O servidor deles por acaso hoje está em baixo até mais logo.

Uma conta custa 9 dólares e vem com baralhos de uma edição que já dá para experimentar e jogar com outros online naquele formato. Há sempre centenas de jogos abertos. Depois podes comprar mais cartas (nunca compres na própria loja deles mas sim em sites de venda de packs de cartas, porque com meros 20 ou 40 dólares podes ter mais de mil cartas devido ao excesso de cartas em 2ª mão no digital).

POC disse...

Nunca fiquei agarrado a isto. Experimentei umas vezes e continuei a preferir desapertar soutiens às amigas.

trollofthenorth disse...

Tinha um amigo campeão regional de Magic, whatever that means. Mas nunca calhou associar-me a esse tipo de evento/vício. Ele tem o deck dele à venda ainda que parado desde 2010, mas obviamente esta não está lá.

Beatrix Kiddo disse...

tinha um colega com capas e capas disso, cheguei a ir ver um torneio. havia uns baralhos mais imediatos, e outros que demoravam a fazer efeito mas quando começavam ninguém os parava mais...

bons tempos

Anónimo disse...

Eu sou jogador de Magic "offline", faço parte de uma equipa real, com 20 jogadores e tenho MUITO mais de 3000 cartas físicas. Online por outro lado, tenho uma conta que já deve estar desactivada porque vendi as cartas todas a um amigo. Nada como pegar em pedaços de cartão coloridos e tirar daí o nosso hit diário. Ainda ontem a equipa juntou-se para ver o jogo da selecção e, no intervalo, alguns começaram a testar para um torneio importante que vai haver no sábado e no qual também vou participar...

Tolan disse...

ehehe :D

Plaft, Sílvia disse...

Tolan, vamos ser amigos deste senhor!

tiago leal disse...

Pelo menos já admitiste. Vamos, deita tudo cá para fora!...

Tiago disse...

T, eu tenho cartas (físicas), centenas delas. qdo me convidares para o tal jantar, n levo vinho...levo mana com fartura!

Unknown disse...

Já joguei algumas vezes em jogos para pc. Sempre gostei muito do jogo mas, felizmente, nunca comprei cartas. Já tive com elas nas mãos mas fiquei-me por aí.

Provavelmente ficaria ainda pior que tu :)

Luis Rosario disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Um sempre tem que aceitar que tem um problema porque senão não teria nada que resolver.
Eu pedia quase todos os dias delivery em higienopolis porque era comodo, mas agora cozinho duas vezes por semana.

Anónimo disse...

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