quinta-feira, 3 de maio de 2012

têm razão..

... os que se indignam contra a manobra do Pingo Doce que é comum noutros países,como em inglaterra no Boxing Day e mesmo cá quando começaram os outlets ou como a feira de viagens abreu ou até a merda do IKEA às quartas feiras com o dia do quarto que dá xis de desconto em mobília de quarto e que me fez ter um semi-esgotamento quando pensei que podia aproveitar (saí sem comprar nada, abandonei o carro na fila). E se fez dumping, pois que seja punido. E pela escolha da data, que foi filha da putice mesmo. No entanto, nós vivemos no facebook e no blogger e nos jornais. Num nível menos sério, isto é um pouco como aquele horrendo anúncio do pingo doce de janeiro a janeiro, sempre encher os bolsos o ano inteiro etc. e que me fez, na altura, jurar nunca mais meter os pés num supermercado que puxa ao patriotismo serôdio e depois não tem fruta ou vegetais portugueses à venda (pelo menos nos de Alvalade e Alcântara é quase tudo estrangeiro, até o caralho das cebolas) e muda a sede para a Holanda. Mas as pessoas assobiavam a música e até fizeram versões e tornou-se viral. Tudo bem. Eu também continuei a ir lá porque na minha curva de utilidade, a proximidade de casa e do trabalho é o factor mais importante, aqueles filhos da puta sabem disso. Enfim. Vou-me adaptando e depois desta iniciativa, vou reservar o sábado de manhã para ir à praça aqui do bairro e combinar com o Mini Preço. É a minha contribuição. E se o Pingo Doce pensa que pode ir dando tiros nos pés junto de um target premium que não precisa de ir a correr por uns descontos e/ou que eventualmente pode ter alguma ideologia e se sinta ofendido com a história do 1º de maio, pois que pode ver a rentabilidade pura e dura a mudar. É beleza da livre escolha. Eu que conheço pessoas que foram. Eu tenho contacto com essa gente oprimida, desde um colega consultor que é obcecado por promoções, até ao senhor do café que foi abastecer o estabelecimento de whiskey a preços mais baixos. E na tv, diria que 9 em 10 pessoas que foram entrevistadas (e tinham ido) aprovaram a iniciativa. Olha não. Então iam, submetiam-se aquilo e achavam que a dignidade deles tinha sido posta em causa? Essas pessoas ficaram contentes com os descontos que fizeram. E não, não tem absolutamente nada a ver com o contexto actual de crise. Lembro-me que há uns anos passava pela Repsol em frente ao Estádio de Alvalade que fazia um desconto de 4 ou 5 cêntimos por litro e a puta da fila era de 30 minutos pelo menos (para poupar 2 euros no máximo) pelo que acho compreensível que conseguir poupar 150, 200 ou mais euros seja algo apelativo a uma franja enorme da população. Quando abriu o IKEA, tinham uma merda qualquer de meter casais a dormir em camas na rua e fazerem figuras de parvo no telejornal das 8, para um desconto qualquer de merda. E sempre que era um concerto dos U2, as pessoas até dormiam na rua dias a fio para comprar um bilhete. Meu deus, para os U2. O mundo é assim. Também me intriga muito aquilo do Pique Nique do Continente ou as vuvuzelas da Galp e a bandeira humana e essas merdas. Ou pessoas que gostam de José Luís Peixoto ou de The National ou os congressos do PCP. Cada um tem a sua curva de utilidade que inclui, entre outras coisas, preocupações ideológicas e a sensação de ser manipulado. Não significa nada. É completamente subjectivo e relativo. Se uma pessoa se sente bem com isso, está tudo bem. É de uma enorme condescendência e paternalismo generalizar e considerar os portugueses que foram como uns desgraçados esfomeados e oprimidos. Eu digo isto porque sinto o mesmo que vocês, só que sei que é um sentimento errado e tento combater isso. Façam um esforço também. Pronto.

21 comentários:

alex disse...

The National???

Como não gostar?

Sempre me intriguei porque nunca referiste Philip Roth.

Jujupapatodos

Izzie disse...

Lembro-me de há anos uma loja ter feito uma promoção genial, no dia de abertura: ofereciam uma galinha viva (viva!) aos primeiros cem clientes a entrar. Foi um fim do mundo em cuecas semelhante a este, que meteu polícia e tudo.
Nisto tudo só tenho a dizer que a) me divertiu; b) sinto-me culpada por ter achado graça aos tumultos, deve ser o meu complexo de esquerdista; c) tentar tirar conclusões políticas do assunto, ou generalizar com 'tadinhos dos pobrezinhos vítimas do capitalismo é parvo; d) acho que marca PD lixou uma campanha que vinha fazendo, tornando-se aquilo que condenava; e) e sim já passavam a ter mais fruta portuguesa, canudo, que quando um supermercado vende pera rocha espanhola para mim passou dos limites. (mas vou lá, dá-me jeito, uma chatice, sou uma traidora da classe operária e assim)

anouc disse...

Um desconto de 150€ é mais que um dia de trabalho para a maioria?
Óbvio. E seria preciso ganhar à volta de 4000€ mensais para que esse desconto correspondesse a um dia de trabalho. Grosso modo, os 150€ de desconto correspondeu a uma semana de trabalho para a maioria.

Esta merdinha toda dos moralistas de auréola na cabeça já me mete asco.
Só foi quem quis. Fodasss

trollofthenorth disse...

Só fico chateado de ver The National entre o PCP e o Peixoto. Mas atenção que isto são lamurias do gajo que já curtiu Cradle Of Filth. Eu posso.

Tirando isso, plenamente de acordo com quem foi e aproveitou.

Ps- O Media Markt é que podia fazer qualquer coisa do género. -_-

Anónimo disse...

Eh, calma aí que a pera rocha é nacional... já o feijão verde é de marrocos!

Tolan disse...

150€ é uma semana.. de trabalho!? O_o... a Plaft já me tinha falado nisso uma vez mas pensei que fosse um mito urbano.

E sim, o PD estragou-se para mim. Há 3 ou 4 anos eu era gozado por dizer sempre "eu gosto muito do pingo doce". Mas sou muito comodista. Até acho piada à cena de não ter cartão de descontos, enervam-me essas coisas do "tem cartão?" e responder "não" e ter sempre a sensação que estou a ser parvo.

quanto a The National, peço desculpa se ofendi as pessoas que gostam de José Luís Peixoto e de congressos do PCP :\

Anónimo disse...

A isto é que eu chamo indignação!

Anónimo disse...

Mas ó Tolan, não te safas do Mini-preço.
Geralmente nunca concordo contigo, acho que não sabes que o muro de Berlim caiu. Mas vezes há que tens aquela razão que custa admitir.
No entanto também eu me aproximei mais do Continente e sim, a puta da fruta do Pingo Doce é Espanhola e a reposição dos stocks é uma merda. Pior, o Rexona ICE não existe no Pingo Doce e as pizzas da Campo Frio.
O único ponto bom é que há lojas do Pingo Doce que fecham às 23h. Porque eu não alinho com as empregadas do Continente e só gosto de algumas refeições do Pingo Doce. E o frango deles está uma merda.
E eu sei que a tua primeira namorada foi uma empregada do Mini-Preço.
O vosso,
.

Stiletto disse...

Olha que merda foi só uma promoção... Se Pedro Soares dos Santos se riu por mandar a UGT e a CGTP apanhar onde apanham as galinhas? Claro que riu. Esta promoção tem o nome dele escrito em todo o lado.
Comprou quota de mercado e lixou o mês à concorrência, mais uma vez mostrou arrogância.. so what? É a história da JM.
Ah! e o Pingo Doce não mudou a sede para a Holanda, foi a holding que o fez a fim de evitar dupla tributação, visto ir investir na Venezuela. Qualquer bom gestor o faria.

Tolan disse...

Stiletto, sobre a cena da Holanda, já aqui falei. O problema é a combinação do discurso patriótico e de sacrifícios com uma acção como essa. Ninguém chateou as outras 19 empresas do PSI20 nem vai chatear.

E é como esta do 1º de maio. Parece-me evidente que podiam ter feito esta promoção em qualquer outro feriado. Mentiram com quantos dentes tinham ao dizer que as pessoas fazem compras é a "1 de Maio", nem sequer assumem, como não assumem o dumping, o que me leva a crer que nem sequer a legislação respeitam e estão dispostos a pagar umas multas miseráveis quaisquer. Isto foi político e além disso, quase certamente ilegal. O dumping parece beneficiar o consumidor no curto prazo, mas o que faz é eliminar / prejudicar a concorrência e depois da JM ter uma posição de mercado dominante, pode espremer o consumidor e os fornecedores à vontade.

Tolan disse...

e sei por experiência que muitos administradores pensam que uma má reputação não tem consequências financeiras, não havendo problemas de hostilizar stakeholders que aparentemente não dão lucro directo. Isto só revela que o Soares dos Santos é uma pessoa algo quezilenta e que é capaz de tomar decisões um pouco impulsivas e pessoais, quando a boa gestão é essencialmente discreta, eficaz e flexível, princípios que já estavam vertidos no arte da guerra do tsu há 2300 anos.

tata disse...

que medo tolan estás serissimo com este assunto!

Stiletto disse...

Tolan, 100% de acordo que mostraram incoerência, 100% de acordo que isto foi político e que também fizeram dumping, tanto que já foi anunciada uma multa.
Só alguém de uma ingenuidade doentia é que acreditará que qualquer promoção tem por fim último beneficiar os consumidores. O fim é sempre o lucro (ainda que se perca dinheiro a curto prazo).
Quanto à posição dominante, a JM já a tem há muito tempo, assim como já "espreme" fornecedores há muito tempo. Os consumidores, por enquanto, vão ganhando com as promoções.
E o Pedro Santos é quezilento e impulsivo. Nada parecido com o pai.

Anónimo disse...

das merdas não sei, mas sem se dar por isso 'tavas quase a entrar em modo "chose life" do trainspotting ou "fuck you" do 25th hour. e ias bem.
és boa pessoa tolan, tenho muito apreço e respeito por ti. desde a cena do mark sandman.
olha, um abraço e obrigado.

Rosana disse...

Foda-se Tolan! Ando há dois anos neste estaminé a achar que sim, que o Tolan tem sempre razão e, em dois instantes, aniquilas-me com essa dos The National. Se o Matt tivesse um blog, deixava-te já aqui. Desculpa, mas isso não se faz.

Tolan disse...

dizer mal dos the national é tipo um hobbit que tenho. Se lesses atentamente o meu blogue há dois anos sabias isso (e que hobbit não foi um lapso).

Aladdin Sane disse...

E pronto, a reverberação provocada pelos "media" formou clusters ideológicos. «« soundbyte.

esta operação deve ter fornecido um bom manancial de dados para fazer data mining e ver até que ponto vale a pena persistir nesta estratégia. quem quer saber de coimas por causa do dumping, se estas são (aparentemente) mínimas face ao lucro gerado? Bem-vindos ao mercado (para quem ainda não tinha reparado).

Rosana disse...

Apanhaste-me! "se lesses atentamente" Eu leio, falta só o atentamente. Ia mesmo jurar que foi a primeira vez que li The National neste blog. Eram escusados os parênteses. Mas não te sensuro, demonstrei logo à partida que não era uma leitora atenta.

Rosana disse...

*censuro. Perdão.

Jibóia Cega disse...

Stiletto, Colômbia. A JM vai investir na Colômbia ;)

RCA disse...

É porreiro que se fale no estado em que este e aquele deixou o país e que ninguém faz nada por isto, enquanto se discute feriados, descontos e a exploração da classe proletária pelo porco capitalista. Melhor mesmo, só se for com um grupo de amigos, depois de um jantar, enquanto se bebe whisky e se decide onde se vai para os copos.

Segundo rezam as crónicas: os funcionários do PD receberam 3 vezes o salário normal para participar nesta operação, obviamente, de marketing; vão receber um dia adicional de descanço; terão um dia para funcionários com acesso ao mesmo desconto. A mim parece-me simpático. E mesmo que não houvesse nada, trabalharam, o que nos tempos que correm nem é mau, o PD escuou stock e os fornecedores têm possibilidade de fazer novos abastecimentos . Aparentemente ninguém quer saber das vantagens para o cliente. Ou quer e devia ser assim todos os dias. Sempre preços baixinhos, porque não é justo fazer as pessoas sujeitarem-se aquilo.

Elimine-se já o lucro e de caminho toca mas é a nacionalizar os fatores de produção.