«Vamos criar uma nova união fiscal para o euro que será um união de estabilidade ao criar um travão à dívida para todos os países do euro e todos os que queiram aderir»
Angela Merkl
«As dívidas por definição são eternas (...) Pagar a dívida é ideia de criança (...) As dívidas gerem-se, foi assim que eu estudei (...) há uma campanha da direita contra a dívida, há um ódio ao Estado social.»
citação e palestra económica completa aqui.
14 comentários:
e continuam a bater no ceguinho, porra o que ele disse é de facto tudo correcto. Quanta ignorância (ou má vontade?)
O arrepiante é a ideia de fundo. Para José Sócrates (e pelos vistos para ti), a existência de um estado social que depende do crédito da banca e dos humores dos mercados é um objectivo em si no longo prazo (eterno) e não uma situação transitória, o que é paradoxal para "esquerda". O PCP é coerente neste ponto. A esquerda, como a vê José Sócrates é apenas uma puta dos mercados. Claro que a ele não lhe faz diferença, está num qualquer Hilton de Paris a estudar filosofia. Chama-lhe má vontade, chama.
e concordo em absoluto com o anónimo anterior, tal com a Merkel concordaria. Mas é preciso ter inimigos e responsabilizar alguém. É preciso ignorar o acordo PS-PSD que aprovou em conluio não sei qts orçamentos nos últimos anos. E nem estou aqui a acusar estes partidos, mas ignorar que foi uma linha política e não uma pessoa que nos trouxe aqui é cegueira mesmo. E vou mesmo mais longe, a Merkel se fosse líder em Portugal tinha seguido a mesma linha. E não, o Sócrates não disse que queria um estado social dependente da banca e dos mercados. Não invente. Porque a forma como ele interpretou o défice foi uma forma de investir na economia e aumentar a capacidade produtiva e estimular estimular sectores. Essa dos mercados é da sua cabeça.
E já agora a Merkel o que quer criar é controles orçamentais ainda maiores, vai insistir nos limites ao défice e à divida, que já existiam antes e que a Alemanha quebrou quando precisou. E voltará a quebrar se precisar. Se forem países pequenos a quebrar aí é diferente e já tem desculpa para os pôr fora do Euro.
A dívida e o défice é um instrumento essencial da política económica dum país, mais ainda dum país com um sector empresarial fraco e deprimido, e quem continuar a insistir que o problema é do défice e da dívida que me expliquem então como há países com dívidas altíssimas que conseguem resistir melhor que países com dividas e défices mais baixos.
Mas pronto, andamos com a conversa do défice e da dívida há anos, e há anos que andamos com políticas de austeridade, mas nunca são suficientes, nunca chegam, é sempre preciso cortar mais e mais. E que bela política tem sido. Quando no próximo ano voltarmos a precisar de cortar mais, porque a economia está completamente deprimida, e sem actividade económica não há impostos, e sem impostos há défice, quero ver o que vão dizer. Provavelmente que não foi suficiente e que se tem de ir ao osso. Infelizmente deixaram de dar números aos PECs, pelas minhas contas já vamos no PEC6. Até quando meu amigo, até quando?
Costa
O que Sócrates disse é totalmente correcto. O que Merkel quer é que sejamos todos como a Alemanha. Enfim, Tolan parece-me (posso estar enganado) que deste uma valente guinada à direita o que não impede que continue a ser um grande apreciador do blogue, mas enfim, também és do Benfica...
A dívida, a dependência financeira, paga-nos o estado social, o curto prazo, os salários e pensões e o serviço da dívida anterior. E não o tal investimento produtivo que misteriosamente atribui ao Sócrates. Assim que fecham a torneira, isso colapsa o próprio estado, incluindo o estado social e não apenas esses investimentos (que na prática se destinavam ao lobby da construção civil, a política do betão do Professor Cavaco).
Claro que a situação não está assim devido a Sócrates em concreto, nem é portuguesa em particular. Mas isso não serve de desculpa a Sócrates para que Sòcrates, além de um aldrabão de primeira, seja um filho da puta de primeira, ou serve?
Crédito para pagar outros créditos e para pagar salários, pensões, o tal estado social, só é possível em situações limite e transitórias e não "eternas". Isso vai sobre-dimensionar um estado sem uma economia real para o sustentar pela sua produção, o chamado "viver acima das nossas possibilidades", enquanto a dívida se avoluma e com ela a dependência da banca e dos mercados.
A banca e os mercados praticamente dominam o espaço democrático de há uma década para cá. O ministério das finanças domina o espaço político todo. Só que a culpa não é "da banca". É de políticos (e pelos vistos eleitores...) sem visão de longo prazo, sem a compreensão de que as dívidas, em última análise pagam-se. Pagam-se sempre. Não podemos gerir o país como os clubes de futebol são geridos. O meu ponto é só este. Não vejo valor nenhum numa suposta esquerda Socratina que aumenta pensões se pediu dinheiro emprestado para o fazer, dinheiro que depois daí por 5 ou 10 anos vai ser cobrado a juros e colocar em causa a própria existência de pensões.
Os Estados Unidos não devem estar preocupados em pagar a divida monstruosa que têm, desde que a consigam gerir… pior do que as guinadas à direita são as vendas nos olhos.
O problema é que existe um ataque concertado ao Estado Social que é puramente ideológico. Por exemplo, no bolo do OE 1/3 vai para o ES a saúde, educação, transportes públicos, etc; o outro para a maquinaria do Estado (funcionários públicos, reformas, etc) e o ultimo terço para as "clientelas" do sistema - falo das PPP e das pelo menos 1500 fundações e institutos que se desconhece para que é que servem. Quando Pedro Passos Coelho fez cair o Governo, alegando que Sócrates não podia exigir mais sacrifícios aos portugueses, mentiu com todos os dentes. A prova veio logo a seguir quando fez entrar 749 boys(depois vieram mais) só no primeiro mês. A prova não podia ser mais evidente. Até agora - e corrijam-me se eu estiver enganado, não houve 1 só corte nas ditas Fundações. Jornais e televisões a lembrar-nos disso? Zero . Aliás a propaganda que não se fará quando se decidir extinguir a primeira Fundação...Repito: Posso concordar com muita coisa que escreveste, mas a saúde, a educação e os transportes deviam ser sagrados. Quando vejo os Medinas Carreiras desta vida a falarem em inevitabilidades e a esquecerem-se do motivos principais para esta austeridade apetece-me logo sacar da pistola. BPN, auto-estradas onde não passam carros, maior crise económica mundial desde 1929, sub-prime? Não, a culpa é do Estado Social...
Mas o que você diz é tão óbvio que ninguém discorda. Ninguém defende créditos para pagar créditos, toda a gente conhece os ponzi schemes, não tomemos o Sócrates por parvo. Senão estamos a ser intelectualmente desonestos.
Só que com essa linearidade de as dívidas pagam-se, esquece-se que o estado não é um pequeno actor na economia, é um gigantesco (mesmo quando é pequeno, tem 25% da economia), e as suas acções criam mecanismos que dinamizam o todo da economia, e podem levar a que as dividas do estado se possam pagar pelo crescimento económico que o défice gerou. Vistas curtas é o que se tem feito até agora, apertar o bolso e vamos pagar o que devemos. E o que tem acontecido? Mais divida. Incrivel não é? Reduz-se a despesa e ainda aumentamos o défice. E assim vamos continuar.
Até ao PEC12.
Claro que neste momento a gestão da crise já não passa só por politicas orçamentais. É necessário uma política monetária, gerir melhor o euro e as instituições monetárias da Europa, e o que mais surpreende no seu discurso é omitir a gestão do euro, que é só a principal responsável da situação em que os países do euro (surpreendente já viu? não são outros, são os do euro), e admirar quem é mais responsável por essa gestão.
Não sei se já percebeu bem, mas não é Portugal que se está afundar é a Europa que se está a afundar e a levar Portugal com ela.
Ora, mais um, economista, como me parece o paleio dos anteriores, a concordar com que o Sr. de Paris disse. Mera questão de equidade inter-geracional.
Não dei guinada à direita. Não sou de direita ou de esquerda. Sinceramente. Se a minha opinião colide ou coincide com uma e outra, isso é uma coincidência e não uma intencionalidade fruto de um enviesamento qualquer ideológico.
Defendo o estado social, a redestribuição de riqueza, o combate directo às desigualdades, o ensino público, a saúde pública, a justiça acessível. Defendo tudo isso, com realismo, de forma sustentada. Isto é assim tão imbecil? Aliás, o que se passa neste momento, com um governo supostamente liberal de direita, é precisamente o oposto ao que deviam defender: aumento brutal do peso do estado na economia pelo aumento de impostos, nacionalização de bancos etc. Nem a TSU baixaram...
enquanto governos dependerem dos mercados, o espaço para ser de "direita" ou "esquerda" resume-se a umas merdas emblemáticas, um casamento gay, um referendo do aborto etc. já era assim há anos.
Tens um estado que chega a pagar 4 vezes mais pela mesma obra pública do que o que pagaria um privado. Porque aquela obra não se paga. Gere-se. De facto, não é ele que a paga. Sou eu e tu. Somos todos nós com os nossos impostos. Por isso é que sócrates diz "gere-se" porque na visão imbecil daquele cretino, não são os nossos impostos que pagam juros dessa dívida.
Em que medida uma PPP é "esquerda"? Em que medida Sócrates foi de esquerda? Por duplicar o poder dos mercados financeiros na nossa autonomia?
Esquerda pode ser defender a independência dos orçamentos face ao poder financeiro e uma forte regulação da nossa dependência deles, a nível dos governos, que tomam decisões por todos nós. É isso que Merkl defende e para mim essa é uma opção correcta. O que é que a direita ou esquerda têm a ver com isto? O que o João Jardim defende para a Madeira, é esquerda ou direita? E o Berlusconi? Era esquerda? Era direita? E a Grécia que aldrabou contas e dá uns 5% do PIB aos militares e estoirou milhões nos jogos olímpicos, é esquerda é? Muito bem. Grande distinção.
Eu não faço distinção se Sócrates é de esquerda ou direita. Os fatos Armani e o súbito enriquecimento, confundem-me. Mas é vergonhoso que ele use a "esquerda" como escudo moral para a incompetência e diga que se está a praticar "um ataque ao estado social" que ele próprio contribuiu, e muito, para prejudicar fortemente.
Exige-se reflexão à esquerda, honesta e frontal. Autocrítica. Refundação. Os factos mudaram Partilho da desconfiança face ao capitalismo global que introduz um elemento de "risco", falta de transparência e turbulência que não me parece que valha o próprio risco. Defendo que os privados devem poder aderir a isso se quiserem e deve haver liberalismo económico, mas os governos devem ter estabilidade e independência e não deviam financiar-se da mesma forma que as empresas fazem, pois essas decisões têm custos enormes no longo prazo e que ultrapassam em muito os mandatos para os quais são eleitos... E o que vi em Sócrates foi uma série de esquemas, como o das PPP, para chutar para outros os problemas que ele próprio criou.
«Ninguém defende créditos para pagar créditos, toda a gente conhece os ponzi schemes, não tomemos o Sócrates por parvo. Senão estamos a ser intelectualmente desonestos.»
Se isso é verdade, então os países não entravam em default assim que o crédito deixasse de ser concedido. Se os encargos de juros da dívida não fossem astronómicos, uma subida de taxa de juro de 4% para 7% não colocaria em causa a capacidade os pagar. Se isso fosse verdade, uma alteração no rating da frança de triple AAA ou dos EUA não colocaria o mundo em polvorosa e a banca em desespero.
Se o estado social dependesse da dívida, então os EUA, com uma dívida que em agosto de 2011 disparou para 100% do PIB (era 60% em 2010) teria mais estado social que Suécia (38% e superavit!)
Já se esqueceram de como ainda há meses o mundo ficou suspenso nos EUA e começou haver ameaças de corte de rating?
Quem fala dos Estados Unidos também pode falar da dívida do Japão ou da Noruega. O importante é ir aos mercados com pinta, ou seja, ir aos mercados com uma economia saudável. Se continuarmos preocupados em pagar a dívida, em vez de estimular a economia, vamos desaparecer.
não percebo, o argumento. um esquema de ponzi consiste em assumir divida, para pagar a divida e o juro anterior, e continuar assim ad eternum. Não é isso que acontece, não é esse o espirito em assumird dívida, nem é essa a razão histórica o seu aumento. Pode acontecer num momento em que os juros contrariam as expectativas e aumentam brutalmente, mas repito não era, nem nunca foi assim. A razão do aumento da dívida não é um esquema de ponzi como em cima parece querer dizer. E também parece querer dizer que a culpa é dum estado social exagerado, coisa que no último comentário parece contradizer. Sinceramente não percebo o quer dizer, porque aparentemente se contradiz a cada comentário.
Contradiz-se em tudo menos na defesa de Merkel, mas nem nisto a confusão é menor, porque em lado algum o objectivo da Merkel é controlar um sistema financeiro desregulado (nem o dos franceses é deixar o sistema andar como está). Parece-me que está mesmo baralhado. Se reparar bem, o BCE continua independente graças aos alemães, e o seu controle entregue a gestores vindos da banca, com a ideologia do sistema financeiro desregulado, os maiores opositores a um BCE que controle mais do que a inflação têm sido exactamente os alemães. Não sei o que anda a ler, mas isto que aqui lhe digo encontra em qualquer análise elementar do que tem sucedido.
Por outro lado, e em jeito de conclusão, porque estou farto disto, a confusão no argumentário de muita muita gente (eventualmente até no meu), só revela que estamos em tempos muito complexos. Já vejo gente de extrema esquerda a dizer coisas que implicam desregular a economia, reduzir o papel das instituições socias e tudo com o maior dos espiritos revolucionários. E começo a perceber os judeeus quando não fugiram a tempo, a razão e a razoabilidade perde-se no meio da confusão, no meio da ilusão, no meio do que sempre julgámos como adquirido.
Muita merda para todos porque o que aí vem é muito pior do que poodemos pensar.
Gosto muito disso do "esquema de ponzi", fico com a imagem mental de um urso chamado Ponzi a fazer um esquema.
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