Fui cortar o cabelo curtinho, puseram-me espuma e também passei a usar perfume. Estarei a tornar-me metrossexual? Todos os anos é a mesma coisa, na véspera da passagem de ano tomo as resoluções todas e implemento-as por um ou dois dias. Assim, quando começa o ano seguinte, posso desistir delas e os meus comportamentos decadentes passam a ser resoluções assumidas. Coisas como "vou chegar atrasado todos os dias", "vou continuar a beber cerveja", "vou ao Mac 3 vezes por semana", "não vou escrever com disciplina" etc. tornam-se decisões minhas e tenho a ilusão de ter controlo sobre a minha vida, enquanto as outras pessoas acabam por ficar deprimidas porque escolheram fazer coisas que, sinceramente, não querem fazer. Isto de usar perfume não foi bem uma resolução. Ofereceram-me um perfume este natal e sinto-me coagido a usá-lo. É verdade. A minha noção de perfume é o stick roll'on do Minipreço. Sou fortemente homofóbico, mas no sentido de ter medo de ser gay e não propriamente medo dos gays (já fiz um post sobre isso). E incluo o "usar perfumes caros" no rol de sintomas preocupantes. Outros incluem apertar a mão a um homem sem ser com força suficiente para causar dor ou outro qualquer contacto de pele com pele, por exemplo, quando pegamos os dois no mesmo copo de cerveja sem querer. Quando estou a dançar ao som de Scissor Sisters no Tramps penso "como é que o Hemingway dançaria isto?" Também entro sempre na rodinha dos comentários homofóbicos, muito frequentes em ambientes de trabalho saudáveis e sofisticados, em que homens, para reforçar os laços de guerreiros viris do mundo dos negócios, exorcizam o mesmo medo que o meu, comentando coisas homossexuais e reforçando que não são. Quanto ao corte de cabelo, é uma necessidade profissional, vivemos num mundo de aparências e um consultor "que parece o Jorge Jesus" (comentário real) é uma coisa má, quando para mim, no meu mundo, seria uma coisa positiva e de se incentivar, até porque não nada homossexual. Acho que o aspecto de uma pessoa deve ser a expressão da sua individualidade, daí que considere que deixar as coisas seguirem o seu rumo natural é o mais adequado. Um dos momentos mais traumáticos de hoje foi quando o cabeleireiro, um daqueles gays brasileiros que anda como um bambi a saltar de nenúfar em nenúfar e canta músicas da Mariah Carrey com voz de falsete, me fez uma massagem ao couro cabeludo com um creme hidratante. Dei por mim quase a gostar da massagem e tive de me concentrar no desconforto da posição com o pescoço todo torcido para trás. Mas fiquei muito giro :)
*profícuo: proficiente **
** proficiente: Hábil, capaz. (oh foda-se não era isto que eu queria dizer)
10 comentários:
Prolífero?
pois, era isso. hoje no reader tem sido uma festa. até pensei que eram os blogues chatos de cinema que sigo, que fazem sempre pra cima de 20 posts por dia, mas vai-se a ver e eras tu. aos 6 de cada vez.
só mesmo um paneleiro como o tolan para fazer um post sobre uma ida ao cabeleireiro.
olha olha, um putativo paneleiro a comentar... ahahah
"a mi no me gustan las cremas, yo no soy maricón" é a minha frase de resposta a sugestões de merdas hidratantes e anti-rugas, perfumes e quejandos. Os desodorizantes lidl tabém são bons, e mesmo assim não é para usar todos os dias. Água e sabonete chega. E o sabonete já é uma cedência, em miúdo era só sabão.
Agora,andas a implementar resoluções? Implementar? oh, foda-se, ou te retractas dessa merda ou nunca vou ler um livro teu.
Saudações homofóbicas
Um outro anónimo
Foi, portanto, a tua consoada, pequenino? Havia arte sacra na cabeleireiro?
Também quero brincar na festa anónima! Anónimo #1, "Prolífero" é horrível. "Prolífico" era a palavra que o Tolan queria. Sou tão psíquica.
Ou "prolixo", se estivesse com menor auto-estima, encafuado num cabeleireiro com arte-sacra, a soprar cabelos de cima do folhado de bacalhau da consoada, com as cadelas à volta de um secador de pé.
prolífico, era isso mesmo!!!
Já tive o cabelo pelo cú e só calçava Doc Martens, agora sou Homem lixa com óculos de massa e chateio-me se me esqueço de usar um creme de rosto depois de lavar a cara de manhã com um gel de rosto.
Não me considero mais ou menos metrossexual, nem mais ou menos paneleiro. É uma questão de limpeza. Como ando de metro não quero ser confundido com "-Será que este cheiro a sovaqueira é daquele gajo?"
Em ambas as eras da minha reles existência, (o metaleiro e o Homem-lixa-com-óculos-de-massa-aka-metrossexual), sempre fui um gajo asseado com cheirinho a perfume.
Fiz-vos perder 34 segundos do vosso tempo só para dizer que gosto bastante do 1º álbum de Scissors Sisters, e quem não for um Camaleão nos dias que correm está fodido.
Ora mostra lá teu ar de "metrossexual"! :)
É que só te conheço (em Setembro) com um cabelinho à "f*d*-se" e tenho alguma curiosidade em ver-te com um ar mais lavadinho! :D
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