sábado, 19 de novembro de 2011

green velvet

Ontem, numa cave na amadora e debaixo de uma luz neon, percebi porque motivo deixei de jogar poker regularmente. Envolto em fumo, ensopado em minis e gin, a jogada decisiva aconteceu às 7 da manhã, entre os últimos 5 resistentes. A noite nem estava a correr mal, tinha triplicado o inicial, o que já constituía um montante considerável de acções do BCP, o suficiente para ter assento na administração. Quando saiu 589 e eu tinha 67 na mão. Flopei um straight. Numa mesa normal, um board tão seco não daria acção nenhuma a não ser que alguém tivesse um par alto na mão ou um set. As minha mão era as nuts. Mas aquilo não era uma mesa normal. Em sete jogadores, apenas eu e outro temos alguma experiência de table grinders online neste jogo e uma biblioteca de poker suficiente para cobrir duas prateleiras de uma expedit do ikea. Os outros que sobraram na mesa eram, digamos assim, mais instintivos. Raises sucessivos e dois jogadores sempre a corresponder, a pagar para ver. Nem queria acreditar, o pot crescia magicamente ao ritmo de uma taxa do BPN. Saiu um 10 no turn, uma carta perigosa, caso alguém tivesse o valete Mas o comportamento deles não indicava de todo que tivessem uma mão feita, estavam em draw de qualquer coisa. Isto porque toda a noite tinham jogado como kamikazes, sempre à procura da sorte grande e jogavam sempre os draws passivamente, cobrindo relutantemente as apostas, mas incapazes de largar uma mão. Agora, às sete da manhã, a mesa estava um tanto ou quanto delirante de cansaço e ébria. Pressenti impaciência nos jogadores, vontade que acontecesse algo antes de se irem deitar e então fiz all-in para lhes fazer a vontade. Um deles foldou mas para grande alegria minha tive um call. E ele só tinha uma dama, faltava-lhe o valete. E que carta saiu no river? Exacto.

O que mais me doeu foi a convicção dele de que tinha jogado bem ao retirar as fichas todas da mesa. Expliquei-lhe que se ele fizesse aquilo 100 vezes ia perder 94 vezes, só tinha 3 outs para aquela mão. Na cabeça dele, ele jogou bem. Mas não. Ele teria jogado bem se tivesse sido ele o agressor, em semi-bluff por exemplo, representando um straight feito no turn e testando a força da minha mão. Mas fiz eu o all-in e não ele. De facto já estava pot comited porque nunca devia ter feito call aos meus raises no flop, visto que aí ainda lhe faltavam 2 cartas e tinha menos de 5% de probabilidades de ganhar porque eu tinha flopado um inside straight.
Mas tudo bem.

Fui para casa em break even, conduzindo num ic19 surpreendentemente cheio de trânsito às sete e meia da manhã. Não foi grave, em tempos este tipo de coisas eram graves devido aos montantes e ao facto de depositar algumas esperanças no poker como fonte de rendimento para criar uma família e ter um cão.

4 comentários:

Anónimo disse...

o que tem a ver a força da tua mãe com poker?

Tolan disse...

Era "mão", foi um lapso. Um lapso significativo.

Luis Rosario disse...

Ás vezes à gajos que têm a sorte imensa de fornicar algumas das melhores mães... Um gajo só espera que não seja a nossa.

Unknown disse...

é por isso que o poker é um jogo de azar (deduzo que estavam a jogar ao texas hold'em) ...