domingo, 23 de outubro de 2011
The Tree of Life, Malick
Ontem, em vez de alugar o tradicional filme de terror à meia noite de sábado, optámos (eu e O Autor) pelo Tree of Life que finalmente ficou disponível no meo. Gostei muito do filme e as duas horas e pouco passaram a correr, com choraminguice nossa pelo meio. Há um ramo na minha árvore que não é necessariamente universal, mas que aparece intacto no filme, o que também me faz ter alguma dificuldade em apreciá-lo objectivamente ou, pelo menos, partilhar uma opinião. Mas é muito bonito, um dos filmes mais bonitos que já vi. Tirando a última sequência em que Malick força um bocadinho a barra com uns planos um pouco esotéricos, é um filme perfeito. Lembrou-me o 2001 Space Odissey do Kubrick, mas ao contrário. A par de Lynch, acho que ninguém filma tão bonito hoje em dia como Malick. Depois também há a questão de Deus e de ser um filme evangelizador de acordo com alguns críticos ressentidos que me lembro de ter lido. Suponho que também devem sentir o seu íntimo violentado de cada vez que apanham com obras de Bach, Dostoiévski ou Michelangelo. Há uma ideia que só reverbera em nós com a abertura do espírito a algo que transcenda o mundo conhecido e a finitude da existência. Um equilíbrio pode ser uma espécie de ateísmo intermitente, uma fé na fé dos outros, emprestada por momentos, seja ao Malick, seja a uma personagem de Dostoiévski que se redime. Deus pode ser uma metáfora do mistério, do belo, ou da dependência de um destino insondável para as coisas fundamentais da nossa vida, como o amor, o nascimento e a morte. Ia escrever sobre não ser um filme para pensar mas sim para sentir, só que isso é um bocadinho complicado de se fazer. A crítica ideal seria uma que também não desse para ler, mas só para sentir, por exemplo, um boneco, umas frases soltas. É o que se arranja.
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24 comentários:
O The New World e o Thin Red Line são dos filmes da minha vida... este ainda não vi, mas sendo de quem é, espera-se mais uma grande viagem...
A masterpiece!
Vi esse filme no fim de semana passado.
Talvez a ideia de Deus lá esteja, mas também está a humanidade na sua imensa solidão e desamparo.
curiosamente, não vi o The New World (ainda) mas o Thin Red Line está lá no top.
É verdade Margarida, por isso é que achei o filme aberto em termos "religiosos", não tanto a história de um crente incluir a ciência com o big bang e a evolução das espécies e compatibilizar isso com religião (isso seria inútil) mas porque existe uma sensação de angústia e interrogação que é bastante universal, especialmente quando lidamos com a morte ou sentimentos contraditórios por pessoas que amamos.
De facto a parte final é um pouco esotérica e parece-me que desequilibra o filme. É aí que deixa de ser "aberto em termos religiosos"e surge mais notória a ideia de que a fé é redentora e leva à aceitação do sofrimento, por maior que ele seja.
Eu vi uma hora do Thin Red Line. E não aguentei. É qualquer coisa que não entendo. Para mais tenho o trauma de não gostar de nenhum filme em que entre o Sean Penn. E dá-me nervos os olhos azuis do Sean Penn.
Mas decidi arriscar e vi o Badlands. E a par de outros odores, é das coisas que me ficaram na memória. Como não gostar do South Dakota?
R.
«críticos ressentidos» em vez de «críticos ressabiados», é sempre a inovar estes bloggers! e gostam todos de buwkówskyw (lololol).
senhor lololol, leia Harold Bloom, o obi wan kenobi dos críticos, no Cânone Ocidental e entenda o termo "ressentido" no contexto da Crítica e do meu post. Para além de que "ressabiado" é um sinónimo bastante mais coloquial do que "ressentido".
Imbecil. Não ligues.
a sério, que anormal... "ressentido" existe caraças.
Não ligues.
Thin Red Line e Tree of life são ambos filmes geneais realizados por um génio. Qual é a dúvida?
"Deus pode ser uma metáfora do mistério, do belo, ou da dependência de um destino insondável para as coisas fundamentais da nossa vida"
Ou do prazer. Acaba-se com a imaginação quando deixamos de criar Deuses para os pequenos prazeres, como o vinho, por exemplo.
alguém disse que ressentido não existe? eu "só" queria dizer que gostei da sua "inovação" de trocar uma expressão (menos comum) por outra (mais comum); a sinonímia é uma coisa bonita e os críticos são feios, como todos sabemos.
(lololol)
vai como anónimo...para não ser julgada em praça pública...o The New World é um enorme boooooooooooocejo...salva-se a imagem.
Tolan, já viste o videodrome do Cronenberg?
É um dos que está no meu top.
Porra, o homem fala do The Tree of Life, uma experiência mística profunda, contemplativa, pessoal, sublime, e tu falas do Videodrome do Cronenberg (ao menos que fosse o The Breed, caraças)?
Ainda dizem que as gajas são sensíveis.
Temos uma "private" lá em casa para designar os filmes do Malick ou filmes "à" Malick: Fazemos olhos de carneiro mal morto e estendemos os dedinhos de uma mão, num movimento ondulado, como quem acaricia ervas altas ao vento... Outro dia aconteceu em plena Fnac, os dois a mexer os dedos em frente a um LCD. E isso é porque gostamos dele.
"Isto" é porque gostei do teu texto.
Oh "anónimo", dado o conteúdo do teu comentário eu nem deveria dar-me ao trabalho de responder-te. Nem tu próprio te deves ter apercebido da estupidez do mesmo. O teu discurso é pseudo. É profanar um filme bom falar de outro que também é bom?
"Ainda dizem que as gajas são sensíveis", suponho que andes no ciclo.
Gabo-te a sensibilidade anónimo. O mérito é todo teu!!
Tolan, pá, estou deveras agastada com tudo isto. Desde que o autor te mandou fazer posts bonitinhos e fofuchos e o diabo a quatro, agora nunca mais vou saber se estás a falar a sério ou se estás a "embonitar" a coisa...
Bolas!
«O teu discurso é pseudo.»
cada vez gosto mais deste blog, lololol
(não sou o anónimo que a "rita"(deve gostar de bocusku, tmbm) visa)
Não se zanguem meus queridos ((group hug)) :)
O the tree of life é lindo.
(também estive à espera que meo estreasse)
'O teu discurso é pseudo' é muito bom, de facto. Já o teu, Ritinha (posso chamar-te Ritinha? Provavelmente não, e vais achar paternalista, ou machista ou qualquercoisista e depois vais achar que estou a ser pseudo), é estúpido. Não é pseudo-estúpido, é mesmo estúpido a sério. O discurso. Tu, Ritinha, não sei, mas a ver pela amostra és capaz de ser.
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