Acerca deste e deste post, que criticam duramente a preferência dos homens por mulheres mais bonitas e voluptuosas em detrimento das inteligentes e interessantes, gostaria de dizer umas coisas.
Os homens avaliam as mulheres de acordo com uma função de utilidade:
em que U é a utilidade que uma determinada mulher tem e x1, x2, x3... xn são os diferentes atributos dessa mulher. Por exemplo, x1 pode ser o índice de maminhas, x2 o índice de pernas, x3 o índice inteligência, x4 o índice boa disposição e por aí fora. As funções de utilidade divergem de indivíduo para indivíduo. Há homens que conferem mais importância à beleza e outros mais importância à inteligência, uns conferem utilidade máxima a maminhas grandes e outros a cultura literária.
Mas mesmo congregando os atributos todos em dois, x1 como "beleza física" e x2 como "inteligência", podíamos ter de incluir um terceiro muito importante, o x3, a que daríamos o nome de "hipóteses de sucesso reprodutivo". Contudo, este atributo não é independente de x1 e x2, uma vez que quanto maior for a inteligência e beleza da mulher, menor serão as nossas hipóteses de sucesso e quanto menor for a inteligência e beleza de uma mulher, maiores serão as nossas hipóteses de sucesso e a correspondente utilidade (admitindo que há utilidade zero para uma mulher com a qual não seja possível reproduzir, mesmo que tenha grandes quantidades de x1 e x2).
Este é realmente o grande paradoxo contido no discurso destas nossas duas bloggers inteligentes. A mulher é um bem que também procura ou rejeita o utilizador. É como um detergente para loiça dotado de vontade própria. Imaginem que vão ao supermercado comprar cerveja e, em vez da Sagres do costume, decidem levar uma Heineken ao dobro do preço. Ao estenderem a mão para a Heineken ela dá-nos uma sapa na mão e diz-nos "não, não és bom que chegue para mim, leva a Sagres".
Aqui um gráfico que explica o conceito de curva de indiferença entre dois bens, o bem Y e o bem X. Imaginando que a mulher em si é composta por bens (e não apenas um bem composto por atributos), diremos que Y é o bem "beleza feminina" e o X o bem "inteligência feminina"
As curvas vermelhas correspondem a uma zona de indiferença de combinações de X e Y. Para o homem, ter mais X e menos Y ou mais Y e menos X é igual, em determinadas quantidades: "aquela faz-me rir e não é feia, a outra gosta de José Luís Peixoto mas tem umas ricas maminhas, estou indeciso, é como se fossem iguais!" etc.
No gráfico há 3 curvas correspondentes a 3 indivíduos. O I3 é o mais exigente, pois a sua curva exige sempre níveis mais elevados de X e Y para o mesmo nível de utilidade (curva vermelha). O I1 é o menos exigente, uma vez que pequenas quantidades de X e Y conferem a utilidades tão boas como as que I2 e I3 retiram de muito mais X e muito mais Y. É normalmente o homem mais feliz de todos.
Com o consumo de álcool verifica-se um efeito curioso que é a deslocação da curva de indiferença para zonas mais próximas dos eixos. O homem começa a noite na curva I3 e, quando são 6 da manhã e já bebeu 10 imperais e não conseguiu consumir nenhuma devido ao facto de estar abaixo das curvas de indiferença das suas escolhas, estará na zona I1, menos exigente e com a sensação que a discoteca está cheia de mulheres gostosas e inteligentes (admite-se que no caso do álcool a função de utilidade tende a conferir um peso próximo de zero ao atributo inteligência).
Já no caso da mulher, este grau de consciência não é tão elevado, uma vez que ela pensa ser sempre escolhida de acordo com uma curva I3. Parte da culpa é nossa, uma vez que depressa aprendemos ser um erro tremendo dizer algo como "gosto muito de ti porque não és nem demasiado bonita, nem demasiado inteligente" e assim a curva nunca sofre reajustes.
E pronto, espero ter sido esclarecedor ao dar-vos alguns conceitos de economia e desejo-vos boas escolhas.
12 comentários:
Caro senhor, o consumo de álcool não provoca uma deslocação da curva no gráfico, poderia provocar uma deslocação na curva, se em menores quantidades, em direcção à maximização de Y em detrimento de x. De facto, o que acontece é uma transformação na inclinação da curva, tangente em qualquer ponto da mesma,até esta se tornar paralela ao eixo dos y, a definição da coordenada x é que dependerá do I, sendo certo que, em alguns casos, a curva de indiferença será coincidente com o próprio eixo. (isto foi, realmente, um texto idiota).
R. por caso corrigi o texto nesse ponto antes de ler o comentário, de facto Y fica preponderante com o álcool.
O que vale é que tu existes Tolan, para desmistificar este tipo de coisas. :)
Caríssimo senhor, não precisa de se justificar. Nem por um momento duvidei dos seus conhecimentos de... economia.
O papel que atribuis ao x3 só fará sentido se estiveres a falar de escolhas e não de preferências, caso contrário é uma variável de valor negativo. Eu prefiro, sem piscar os olhos, a Scarlett Johansson à Ana Malhoa, contudo as hipóteses de sucesso reprodutivo com a primeira são zero, e com a segunda tendem para infinito. Assim a escolha óbvia é a segunda. Eu preferia um Austin Martin, mas escolhi um Skoda, com fecho centralizado e isqueiro.
Entender Aston Martin, e não Austin Metro.
Ó Tolan,
Já pensaste em escrever manuais de matemática? Era ver os nossos meninos a darem uma cabazada aos finlandeses nos testes da OCDE!
Foficho, eu nao critiquei ninguém duramente ;)
confesso que nao li o teu post, tenho muita dificuldade com números e tal.
mas posso-te dizer que nós nunca escolheríamos um gajo burro em detrimento de um gajo bom, admito a hipotese de escolhermos um gajo bonzinho, isso sim, para quem quer procriar é fundamental. Mas jamais um gajo burro, jamais.
Bjo
Desconfio que estudaste no IST, ou no mínimo és engenheiro. Esse é o tipo de formulação que me parece estranhamente familiar quando o assunto é uma discussão sobre gajas.
Mas para mim a melhor teoria para explicar as leis universais de atracção entre sexos continua a ser a velha Ladder Theory (para quem não conhecer a coisa, fica aqui o link no web archive, porque infelizmente o site original já morreu: http://web.archive.org/web/20071115184627/www.intellectualwhores.com/masterladder.html).
Mas eu terei mesmo dado comigo a analisar a porcaria do gráfico??
A minha equação era bem mais simples em
http://diascaes.blogspot.com/2011/07/equacao-do-homem-imperfeito.html
Tenho pena de só vir aqui agora mas a tua interpretação das curvas de indiferença estão completamente baralhadas... antes de escrever, é necessário pesquisar; qualquer bom escritor sabe isso! O gráfico representa curvas de INDIFERENÇA, pelo que o indivíduo I3 (só para fazer a vontade) retira maior utilidade que o I1 para aqueles níveis de X e Y. Contudo, o indíduo I1 e o indivíduo I3 podem ser (e normalmente nestes gráficos são mesmo) o mesmo indivíduo. Ou seja, o indivíduo A retira uma utililidade I1 com aquelas combinações de X e Y e retira uma utilidade I3, I3>I1 estritamente, com aquelas combinações de X e Y... A partir daqui há que fazer pequenos ajustamentos à tua teoria estapafúrdia. Cumprimentos
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