quarta-feira, 17 de agosto de 2011

não sei se foi dos carneiros que contei

Mas tive um sonho intenso e para não o esquecer tomo nota dele aqui. Estava num apartamento antigo, na cidade de X, onde vivi a adolescência. À parte uma mobília velha e minimalista, a casa estava praticamente vazia. Era sábado. Estava acompanhado pela Y, pelos vistos tinha conseguido levá-la para casa e íamos ter sexo. Era noite e víamos um filme em DVD. Ela tentava criar um ambiente romântico para conferir um pouco de dignidade aquilo tudo. Sentia-me deprimido porque ela dizia coisas como "às vezes as pessoas recusam-se a ver um filme em alemão, eu não tenho problema nenhum com isso" e eu perguntava-lhe "com que espécie de pessoas é que tu te dás?" e depois sentia-me mal. Não havia bebida em casa, nem sequer frigorífico. Então lembrei-me que era Sábado e que podia dar-se o caso da minha mãe aparecer naquele apartamento, para ver obras ou o seu estado, antes de o alugar. Afastei-me da Y e fui para o escritório virado a oeste e quando olhei para o telemóvel, estava a fazer uma chamada há meia hora pelo menos, e ouvia a voz da minha mãe preocupada.
- Estou?
- Filhe? És tu? Ah merde, estava preocupade! Não quer vir jantar connosque?
- Com quem? Onde estás?
- Em X, com a A, B,C. Anda!
- Não, não, estou com alguém aqui no apartamento.
- Ah... estou a passar aqui na porte em baixo agora mesme, ainda bem que tu avise.
- Eu vou aí abaixo cumprimentar.
Desci as escadas a correr, esquecendo-me da Y.

Estava a chover torrencialmente. Então a minha mãe disse-me que no carro tinha a última carta que o meu pai escreveu e perguntou-me se eu a queria ler. Hesitei mas disse que sim. Abriu a bagageira (era o velho peugeot 504 da minha infância). À volta do carro estavam pessoas da minha infância, em silêncio. Abriu uma pasta, tinha muitos papéis confusos e deu-me uma folha amachucada.
Tentei ler mas tinha dificuldades em focar. Algumas palavras estavam escritas a lápis, outras a tinta negra. As frases eram curtas e só conseguia ler pedaços, palavras, não conseguia entender o sentido e atribuí a confusão ao seu estado no fim. Mas conseguia perceber o sentimento, no início era uma raiva grande, estava cheia de expressões como "o caralho!" como quem está fodido com a desilusão de descobrir no fim que o enganaram em criança com as promessas de que a vida é uma coisa e afinal é outra. Depois explicava porque tinha fugido e comprara uma casa pequena numa aldeia, ia recomeçar. A carta era paranóide e disconexa, cheia de raiva e de autorecriminações que nunca na vida o ouvira fazer, coisas como "fiz tudo mal" ou "falhei". Anexada à carta estava uma fotografia dessa casa, recortada de uma foto maior. Ele dizia que não tinha sido ele a tirar foto mas sim uma equipa de filmagens a escolher locais, por coincidência, e que ele lhes pediu a foto que por acaso era da casa dele. A meio da leitura da carta uma gigantesca nave espacial pairou no ar num monte em frente ao carro e começou a explodir, a desfazer-se (os meus sonhos têm sempre um cunho do Michael Bay). Ignorei-a completamente, continuando a ler a carta. Tinha esquemas complicados da casa e do jardim, com rabiscos a lápis a desenhar árvores. E acabava com um desenho de uma casota engraçada, muito naif, parecida com a do snoopy, com uma bola de futebol e um baloiço ao pé e dizia "a casa para o meu filho XXXXX" e eu colapsei numa espécie de choro-uivo durante muito tempo. A minha mãe desculpava-me às pessoas "está a ler uma carte que o pai escreveu". Despedi-me, voltei para casa à chuva e quando estava a subir as escadas de volta ao apartamento, acordei. Faltavam três minutos para o despertador tocar.

Bom dia!

2 comentários:

Anónimo disse...

BOM DIA

a.i. disse...

pois tu pões-te a ver védeos destes antes de dormir e depois admiras-te ter sonhos.