segunda-feira, 1 de agosto de 2011

casamentos

Na margem sul, por exemplo, o que não falta é criatividade na forma de demonstrar afecto e felicidade pelos noivos.

Gosto muito de casamentos, acho que são o tipo de festa que não pode correr mal. Mesmo quando é super deprimente, uma pessoa acha piada aquilo e não tem pena dos noivos, muito pelo contrário. Aqui uma lista em bullets, que é uma coisa que aumenta sempre as visitas deste tipo de posts:
  • O cairro dos noivos é um Toyota Celica novo, todo kitado, com decalques com marcas como Recaro, Yoshimura, Pioneer, Falken etc. e depois com um enorme laço de tule cor de rosa (prenda dos pais)
  • O padre é alcoólico e deprime toda gente quando começa a falar na inutilidade da existência humana sem o sacrifício da mulher e que no tempo dele não eram "umas flausinas e umas megeras" como hoje.
  • Há esculturas em torresmo. Isto era um mito urbano para mim (ouvi falar num cisne de torresmo uma vez) até há poucos anos em que vi um maravilhoso castelo de fadas em torresmo (o casamento era temático da cinderela).
  • Vem gente de muito longe, há sempre um primo Joel que vem de França com a mulher Estelle (francesa) e duas crianças que são sempre o Patrick e o Sebastião.
  • Há leitão com fartura. Podia ser um ponto positivo porque eu gosto de leitão. Contudo, seria dispensável aquilo da maçã na boca do leitão e ele estar inteiro e em exposição no lugar central da mesa entre dois castiçais a imitar prata.
  • A selecção musical é uma playlist da radio cidade e o DJ Kajó inclui remisturas caseiras de clássicos disco e tem liberdade criativa na aplicação de efeitos como 'eco'.
  • Há sempre um bêbedo que é a alma da festa mas que a certa a altura começa a causar um sentimento de desconforto entre os convidados (por exemplo, quando apalpa as nádegas da noiva, por brincadeira e é empurrado pelo noivo).
  • Faz-se aquela brincadeira edificante da noiva ir para cima de uma mesa e arregaçar o vestido e depois há um leilão, os homens atiram notas para o vestido subir e mostrar a pernoca roliça e cabe ao noivo e aos pais pagarem para ela descer (ajuda a contribuir para a lua de mel em Puntacana).
  • Há a mesa dos solteiros que são todos uns "ganda malucos" e que começam a bater com os talheres nos pratos para os noivos se beijarem, o que estes fazem com grande prazer e para gáudio geral.
  • Há pancadaria, um stress qualquer, no fim da noite porque os ânimos estão em geral bastante exaltados.
  • Há sempre uns casais mais para o entradote que dançam como nos bailaricos de aldeia, agarrados um ao outro, mas ao som do She Bangs do Ricky Martin, é-lhes indiferente. E fazem sempre um ar bastante ausente, porque sabem, eles sabem o que é o casamento.
  • O momento alto das solteiras é quando se atira o ramo e há sempre uma que leva aquilo muito, muito a sério, mais do que as outras que também levam a sério mas menos e então a cena é parecida com a que se vê quando uma camisola do Aimar é atirada para o topo sul dos NoNameBoys.
"Larga, larga minha puta, é meu!!"
    Meeeeeuuu! *ssskkwwwrr*
  • Há uma mesa das senhoras que estão à rasca do pés, começa-se a compôr aí pela meia noite, localiza-se perto da pista de dança e ficam ali sentadas a massajar os pés trucidados pelos saltos e a chupar cabeças de camarão e a falar dos maridos e da miséria.
  • Os homens fumam cigarrilhas e charutos ao pé do balcão do bar aberto com pose e atitude de quem é uma pessoa da vida e que faz aquilo regularmente em casa.
  •  O noivo por esta altura está completamente alcoolizado, pálido, tem suor a escorrer pela cara e tem de ser amparado para não se estatelar no chão. Compreende-se, é o dia mais feliz da vida dele.

13 comentários:

Pintas disse...

Eu gosto do antes depois. Antes da boda tudo bonitinho, esticadinho engomado e tacões. Depois da boda, sapatos para um lado dão lugar a chinelos, quando não é descalças e as gravatas vão para a testa ( momento Rocky).

Tolan disse...

ahahah sim! e é tudo proporcional às garrafas de vinho que vão para a mesa...

Rita Maria disse...

Eu gosto do ar apreciador da senhora da esquerda.

(no entanto, em jeito de errata, os castiçais nao imitam prata, imitam casquinha. A casquinha e que depois imita prata, mas isso já é o patamar seguinte)

Anónimo disse...

Tolan, há a foto na "fonte" artificial ou no lago artificial.
Sinal de vida longa.
Há a gorda, há o tio reformado do Estado (pai da tal que emigrou para França aos sete anos de idade) e todos eles ficam com dores de cabeça e atraem a atenção das mesas.
Há o pão seco e há aquelas estradas cheias de pó, bordejadas com pias, leões, lareiras e fruta.

R.

Anónimo disse...

E há os tipos com camisa cor-de-rosa que tiram fotos com as garrafas na mão, sinal que "estavam" alcoolizados.

R.

Margarida disse...

E o karaoke, ninguém fala?

Há sempre aquela brasileira ou uma parecida " mal acostumado com o seu amor...lá, lá..."

Sinnerman disse...

Fim de semana animado, hein Tolan?? ;)

Rita F. disse...

Eu gosto do "à rasca dos pés".
Elegantíssimo. :D

Anjo Mau disse...

O post está genial, mas deitaste-me por terra com o último ponto. Arre! :)

Maat disse...

o mais triste disto tudo é que eu já fui a montes de casamentos assim...

anouc disse...

Fiquei deprimida.

Anónimo disse...

O momento do lançamento do ramo é a coisa mais humilhante do casamento,eu recuso-me a juntar-me a essa gente que pensa que apanhar um molho de flores vai fazer com que deixem de ser umas encalhadas, chega a ser triste a fome com que elas se atiram aquilo...

Tolan disse...

A., estás é a fazer-te difícil, tens a secreta esperança que o ramo voe voe voe pela sala até ti, escondida ao fundo, numa mesa, a comer camarões...