domingo, 17 de julho de 2011

mapa de vida


Pela internet, vi um restaurante japonês de ramen, no bairro da liberdade (o bairro japonês). Vi no google maps e no mapa de papel e não me pareceu longe do meu hotel. O mapa tem muitos (muitos) quadradinhos e estes quadradinhos do hotel e do bairro da liberdade estão mais ou menos no meio dos quadradinhos todos do mapa. Foram 12,5km. Para se ter uma ideia, da calçada de carriche à praça do comércio são 8 km, que estive agora a ver no google maps.

1 522 986 km². 20 milhões de habitantes.
A partir de uma certa dimensão de cidade ocorre um efeito de diluição do eu. Este efeito pode sentir-se vagamente no metro de Lisboa em hora de ponta. Mas aqui e noutras metrópoles gigantes somos literalmente despojados da nossa individualidade (e dos nossos reais quando andamos de taxi) e arrastados numa corrente de vida em que não há tempo para contemplações, filosofias e melancolias. É uma sensação libertadora mas também é esgotante. A qualidade de vida serve-se em doses de prazeres rápidos, como a cultura, a noite, a comida, o parque ao fim de semana (onde eles correm e fazem patins e skate e bicicleta que nem uns malucos)

Penso que para mim - e para muitos estrangeiros e portugueses que conheci por aqui - São Paulo não é uma cidade para se criar raízes. Seria diferente noutras cidades que não se definissem, precisamente, por serem boas para se trabalhar.

Aquilo que caracteriza o ocidental que vem cá parar, normalmente um quadro médio/alto, consultor ou empresário, é uma vida de permanente viagem e riscos. Como estão fora desde a universidade (mestrados, doutoramentos, mbas etc) têm menos lastro que outra pessoa que não teve essa vida. É uma vida muito interessante e tenho muita admiração.

Mas ao Tolan, custa-lhe sair de Lisboa. Foi difícil tirá-lo do Tejo, tiveram de usar gruas e de o desmantelar.

3 comentários:

marta morais disse...

tu às vezes és um poeta do caralho.

Anónimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=JvowPN1B1Ww
"é sempre lindo... oh oh :)
Lara

Tiago disse...

falei-te do restaurante da foto de cima. é o unique e é brutal... para a semana já aí estou...