segunda-feira, 9 de maio de 2011

não julgues um livro pela capa, o tanas

"Vai tudo correr bem", dizem-me, quando manifesto as graves crises de angústia. Chego ao ponto de queimar o draft do meu romance em frente às pessoas e elas entram em pânico ahaha (é evidente que tenho aquilo em 4 backups digitais e só queimo prints de versões antigas). No outro dia a minha mãe até veio a correr da cozinha com as pegas do forno, as dos sapinhos, para tirar o draft da lareira. Gosto de brincar ao artista angustiado, prestes a ser rejeitado pelo mundo. Para onde quer que olhe, só vejo problemas. A rejeição é o menor deles.

O meu maior pesadelo é outro. É ter o meu nome num livro com uma capa de mau gosto. O meu nome sobreposto a uma foto de uma rosa no deserto ou uma merda assim.
Isto para mim não justifica sequer a ambição de ser escritor.

Se eu queria ganhar dinheiro com livros, então o livro teria forçosamente de agradar a uma grande editora. Mas tenho medo que me impinjam uma capa kitsch, com balõezinhos ou flores ou praias, fotografias, capas que gritam às donas de casa "sou fácil de ler, sou divertido, compra-me!"

Só as editoras falidas ou à beira da falência sabem fazer capas com bom gosto, é um facto. Estou disposto a preferir uma editora dessas, das obscuras, onde se tem de comprar os livros por mail e dão-nos o NIB do editor (que é o único gajo que trabalha lá - em part-time) e que disponibilizam o livro num armazém de uma rua esconça num arrabalde de Lisboa.

Eu sou da opinião que os livros se julgam pela capa, tal com as pessoas.

Não?  Então tentem não julgar este...


... ou este...

I rest my case.

Há bons designers. Por exemplo, o anónimo que fez o banner deste blogue é claramente alguém com talento e sensibilidade. Ele podia fazer a capa a troco de cerveja e tremoços. A propósito de designers e de capas lindas de morrer, deixo aqui algumas capas do pai do design português, Sebastão Rodrigues (1929- 1997).









Mas para mim, aquela que arruma tudo, é esta. Adoro-a.



7 comentários:

A. disse...

Pior são os livros que depois de serem transformados em filmes (por vezes muito maus) passam a ter como capa uma foto do filme.

(sim , também julgo livros pela capa.)

biobloga disse...

gosto muito de capas de livros...é um jogo de sedução...à séria. Era capaz de comprar o de Ciências da Natureza ali de cima (apesar de não ser uma das disciplinas que lecciono) só porque adorei aquele design :)

kiss me disse...

Não estou a perceber. Estás a dizer que isto:

http://www.wook.pt/ficha/a-montanha-entre-nos/a/id/4042577

ou isto:

http://www.wook.pt/ficha/o-segredo-da-casa-de-riverton/a/id/199595

ou até mesmo isto:

http://www.wook.pt/ficha/o-jardim-dos-segredos/a/id/220128

não são capas sérias e com um design para lá de interessante? ;))

Jade disse...

Bem, não julgo um livro pela capa mas confesso que lhe dou alguma importância...

Diogo C. disse...

Capas, há obras de arte e depois há as outras, que geralmente apelam (foram feitas para isso) ou até se tornam critério (!) de quem compra livros para enfeitar ou como forma de voyeurismo espiritual, ou, ainda, despertado por um leve interesse de ficar um bocadito mais rico culturalmente, levando a pessoa a cometer a loucura de comprar um ou outro livrito. Beh.

E para editar não precisas de editoras. Até tens o euedito.com (ou pt), onde podes criar a tua capa, também. Depois é uma questão de distribuir... tens de fazer de editor. Fazer lançamentos, vender de porta em porta, publicitar na net e em outdoors, faz o que bem entenderes... podes ganhar n.

Anónimo disse...

Tenho o privilégio de partilhar, algumas vezes, a cama com o anónimo sensivel e talentoso, autor do banner deste blog.

Isabel disse...

A primeira impressão decide tudo, nos livros como nas pessoas.