segunda-feira, 23 de maio de 2011

miúfa de gostar dela



- Sabes, o comum dos mortais guia a sua existência pela normalidade que o puxa para as massas como a gravidade puxa uma pedra para o chão. O artista deve ser um grão de poeira ao vento...
- Achas que leve este vestido?
- O artista pode... sim, leva. O artista pode ser o oposto da norma dos media e da norma do politicamente correcto. Existirão momentos de coincidência e momentos de divergência com a norma. Em todo o caso, eles não devem ser forçados... consegues ouvir-me aí dentro?
- Sim querido! Estou a ouvir-te!
- Bem... dizia-te que o artista não deve ter fundações e inclinações, deve ser uma caixa vazia onde cabe tudo e tudo se pode construir com a imaginação e destruir com um sopro. Um artista não deve ter opiniões que durem mais de uns momentos, mesmo que os media os cristalizem de forma ressentida e neurótica como fizeram agora ao Lars Von Trier e já tinham feito ao Verhoven, ao Bergman, ao Gunter Grass, ao Celine, ao Bukowski, ao Morrissey, ao David Bowie, ao... NÃO VAIS À RUA ASSIM?
- Achas demasiado provocante?
- Não nada. Está óptimo para quem vai trabalhar num ringue de boxe a passar o número do round.
- Não sejas assim. É só um vestido de verão e está calor.
- A julgar pela quantidade de tecido nisso devem estar 45º lá fora.
- Sim. Ajuda-me só a fechar o soutien, apertei mal.
- Ok. Os media são o ruído branco que um esquizofrénico paranóico ouve nos períodos de alucinação. Tens de aprender a ver os media como arte pop ou uma nuvem no céu...
- Então? Concentra-te...
- Estou concentrado! Tu é que não me estás a ouvir
- Precisas do comando da playstation para fazer isso?
- Não! Este tem um fecho esquisito. Onde é que eu ia... Um artista... pode ter um bunker e isolar-se. A única defesa possível é passiva, isolar-se o mais possível e remeter-se ao silêncio, recusar o amor para garantir uma redoma afectiva estável e CONSEGUI! CONSEGUI! AH-HA! CONSEGUI FECHAR!
- Muito bem... yupi...
- Consegui!! Viste? Onde é que eu ia...?
- ...recusar o amor para garantir uma reforma efectiva apreciável, algo assim. Anda, estamos atrasados.
- Não, não devia ser isso...

4 comentários:

A. disse...

O texto é óptimo claro. Mas o som...o som Tolan...muito bom uma vez mais.

Diego Armés disse...

:D

Top.

Raquel disse...

Muito bom! :)
Música e conteúdo!

Ps: sigo este blog à umas semanas e adoro! :)

Cat disse...

absolutamente delicioso