quinta-feira, 7 de abril de 2011

elogio do dia: Miguel Esteves Cardoso

Eu antes não gostava de ler o Miguel Esteves Cardoso. Lembro-me de ler um e-mail, desses de correntes, com um texto hiper lamechas sobre o amor e não acreditei que fosse dele (não queria acreditar). Depois pesquisei e confirmei que era mesmo dele. Isto foi em 2000 e pouco. Esse texto marcou-me um estereótipo parcial. Isso e a participação naquele programa da SIC, a noite da má língua, em que partilhava uma mesa com o Manuel Serrão. Achava o seu estilo pouco incisivo, softy, um pouco fácil e mesmo mainstream. Tudo isto é verdade, mas com o tempo, passei a achá-lo um génio, porque fui construindo uma imagem maior a pouco e pouco.

O MEC tem uma característica semelhante ao Eça, uma espécie de "goodwill" luminosa e inteligente, uma ironia blindada, uma simplicidade aparente, mas meticulosa. Tem um domínioelegante da escrita e coloca-a ao serviço de uma escolha de temas que é caótica e inesperada, resultando amiúde em coisas boas para um triturador de papel e noutras de génio. Os textos do "Com os Copos", por exemplo, são absurdamente bons, tendo em conta o tema que versam.

O estilo MEC pode ter sido dos mais influentes do Portugal "moderno", por entusiasmar com a sua aparente simplicidade pop que todos queremos copiar. O homem se fosse médico, até a passar receitas teria arte e estilo. Gosto muito do MEC.


(pronto, já me sinto melhor, dizer bem faz bem)

6 comentários:

Veronique disse...

Ah-AH! got you too! :D MEC rula, sou fã*

Veronique disse...

Ah-AH! got you too! :D MEC rula, sou fã*

Prezado disse...

Eu tenho a mania de (achar que estou a ) escrever por causa desse senhor. Fã há muitos anos.

Cat disse...

Desde que li O Amor é Fodido, na adolescência, passei a achar o MEC um génio. Mas sem presunção, o que o torna muito melhor.

annie disse...

sou completamente fã do MEC e achei a comparação com o Eça maravilhosa :)

Ricardo disse...

Gosto mais do MEC a falar do que a escrever... O mesmo se passa com o Pedro Paixão, apesar de terem pequenas passagens deliciosas e estupidamente bem escritas, os livros são desconexos e a meu ver pouco interessantes... De Homem era escreverem pelo um romance com mais "sumo" e não apenas "exercícios de escrita"...