quarta-feira, 2 de março de 2011

ser cavalheiro

Neste campo não posso dar grandes conselhos porque não tive educação nisto (a minha mãe não é portuguesa e foi das malucas do maio 68, comuna etc.) portanto, tenho algumas dificuldades em compreender o que me parece um resquício pitoresco de uma época de dominação da mulher, o "não podes falar, votar, escolher o marido ou trabalhar, mas eu seguro-te aqui na mãozinha enquanto desces da carruagem, querida, para que não afocinhes aqui no meio do chão e me faças ficar mal visto aqui à frente desta gente toda"

Mas aqui em Portugal é outra coisa, é um país católico e, para além das regras formais de boa educação - e que aqui atingem píncaros do ridículo - existem cenas de cavalheirismo que eu desconheço. Não raras vezes oiço mulheres dizerem "se um homem não me faz isto e aquilo, fica logo riscado" e eu aceno que sim e que é uma desgraça não lhes fazer aquilo, mas revejo mentalmente várias ocasiões em que não fiz aquilo e mesmo assim não me aconteceu nada de mal. Se calhar, mesmo quando ficamos riscados por falta de cavalheirismo, ela não o vai dizer, na melhor das hipóteses amua e cala-se e o que eu faço nesses casos é aproveitar para descansar a cabeça um bocadinho, de maneiras que é capaz de me passar muita coisa ao lado.

Custa-me perceber esta dualidade entre um Colin Firth formal e educado em situações públicas e depois, em privado, o que querem é umas vigorosas palmadas e ser arrombadas por trás e faciais a torto e a direito e chibatadas e duplas penetrações com a ajuda de um arsenal autêntico de brinquedos sexuais que chamariam a atenção de qualquer agente da CIA à procura de weapons of mass destruction, tudo coisas que também me custou a habituar, visto que eu sou de meios termos, nem tanto ao mar nem tanto à terra digamos assim.

Mas não sou malcriado e tenho noções básicas de cavalheirismo. Por exemplo, se lhe pregarem uma rasteira ao entrar no restaurante (sem querer ou não) e ela se estatelar ao comprido, mala para um lado, sapato a saltar do pé etc. é uma boa ocasião para pedir desculpa, isso é ser cavalheiro.

Agora, se a ajudarem a levantar com um puxão no braço, seguido de palmadão no rabo e um "CÁTIA MARIA EU NÃO TE DISSE PARA NÃO CORRERES QUE IAS PARAR AO MEIO DO CHÃO!? ESTÁ SOSSEGADA!" em pleno hall do Eleven, isso não é cavalheirismo! E se depois se esquecerem da carteira e só se aperceberem disso no fim do jantar e ela tiver de pagar a conta, digam obrigado pelo menos. É fácil, no fundo é só boa educação, isso gostam elas e gostamos todos, homens, mulheres, palestinianos e chilenos (só para citar alguns povos).

E pronto, esclarecidos?






Não tem nada a ver, mas para não fazer outro post e meter esse título e chatear as pessoas que seguem este blog no facebook e nos seus blogues e isso, fica aqui mais uma faixa da minha obsessão musical da semana
Kurt Vile - Jesus Fever

5 comentários:

Mc Ako disse...

quanto ao texto, tudo de bom. já tivestes foi obessões semanais é bem melhores. não entendas isto como uma crítica porque o que interessa é o texto e esse em si conttinua.

Tolan disse...

Obrigado, acho que devo ter passado uma linha qualquer algures e lançado a confusão. Obrigados Mc Ako.

Tolan disse...

e Mc Ako, ainda vou fazer um cover de uma destas músicas mas com martelinhos e sintetizadores. E tu vais gostar.

Ana disse...

A tua definição de cavalheirismo é no minimo original, mas verdade seja dita para que querem as mulheres isso?Numa altura em que nos proclamamos iguais não há necessidade de abertura de portas (que felizmente ainda tenho as 2 mãos a funcionar)ou outras que tais.Agora boa educação é fundamental! Bj

Mc Ako disse...

estou all in que vou gostar, sim.