Estou brutalmente deprimido com o meu romance. Só me quero ver livre dele o mais depressa possível, começar o próximo (que já tenho exactamente na cabeça) e considero um excelente resultado se as letras forem impressas em papel e 22 desconhecidos o adquirirem, penso que foi esse o número de leitores que o Jorge Luís Borges teve no primeiro livro. A propósito disso, o gajo disse que gostaria de os conhecer a todos pessoalmente, tinha muita curiosidade. Depois, nos livros seguintes, quando chegou às centenas e milhares perdeu a vontade, eram uma abstracção, uma coisa irreal, mas 20 e tal pessoas era perfeitamente possível de imaginar. Sei (vou sabendo) de outros bloggers que andam a escrever os seus primeiros romances e eles não falam nunca disso, deve ser muito bom, alguns, nem sequer em correspondência privada. E depois um dia, tungas, um romance e apanham todos de surpresa, como aquele Fritz austríaco que tinha a filha na cave.
Cheio de sono, depois de um dia cansativo, depois da 8ª cerveja, depois de uma hora de playstation, o Tolan senta-se, escreve um bocadinho, relê, engole em seco com coisas más, protesta com ele próprio, pensa sinceramente que devia estar era a ler ou a jogar playstation ou a namorar. Oh, mas escrever sobre isso num blog, e depois? Pode haver uma cortina de fumo que ajude a adensar um mistério, mas mesmo que se fale disso, há outra cortina de fumo, é sempre ilusionismo e mistério, até para mim próprio e nada disso é importante. Vou almoçar.
3 comentários:
Como o Fritz que tinha a filha na cave? Quem é esse?
Fartei-me de rir com a comparação. Despacha lá o romance, mas é. Se tiveres sempre a pensar nisso, nunca mais acabas. É como casar ou ter filhos, mais vale nem pensar.
Vai dar despacho ao serviço, que quando acabares, em vez de 22 indivíduos a comprar, tens 23 (um sou eu).
Ando a tentar ler o Borges. Que atroz sofrimento.
manda aí o teu mail para o meu mail, faz favor.
Enviar um comentário