sábado, 2 de outubro de 2010
os dinossauros
A primeira vez que escrevi ficção foi na 2ª ou 3ª classe, quando escrevi uma composição sobre um passeio. Toda a turma tinha de escrever uma composição sobre um passeio que tinham feito no fim de semana. Eu escrevi a minha, calmamente. Depois todos lemos as composições. Eram as merdas do costume. "Fui com o meu pai e a minha mãe a Santa Cruz. Comi um gelado de morango." Esse tipo de coisas formais, a medo, como as pessoas fazem quando não têm talento. Como eu estava a passar a minha fase "livros de dinossauros" e na altura não me parecia que tivesse algo de especial a contar, o meu passeio envolvia uma viagem no tempo com o meu cão e partilharmos o nosso lanche (o meu e o do meu cão) com um gigantesco e simpático Diplodocus, a contemplar a selva mesozoica, até sermos interrompidos pelo malvado Tiranossauro Rex. A professora pediu para falar com os meus pais porque achou que eu tinha tido ajuda deles. Foi o primeiro elogio sincero ao meu talento. Os da Inês e a Cristina não valiam, elas gostavam de mim e uma vez chegaram mesmo a pegar-se nos ensaios da festa de natal. Em boa verdade, fui influenciado vagamente pelo trabalho da minha mãe, as cartas que escrevia à irmã gémea em francês e que normalmente tinham elementos como lontras, cães e ursos. A especialidade da minha tia eram gatos e gorilas. Trocavam histórias infantis uma com a outra, em vez de contar a rotina do dia a dia. Essa ficava-se por um parágrafo e chegava. A minha tia, de vez em quando, enviava um animal de peluche de qualidade, em Portugal, na altura, não havia. Refiro-me a animais de peluche realistas e fofinhos. Em Portugal nos anos 80 eram todos coloridos, berrantes, artificiais e sintéticos, ainda são um bocado.
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4 comentários:
Também eu quero falar com os teus pais.
Sofri do mesmo "mal"!;)
Também tive a fase dos livros dos dinossauros! Ahah ;) E também escrevia composições muito imaginativas. E tinha peluches coloridos made in Portugal.
Lembro-me desta história :)
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