sexta-feira, 22 de outubro de 2010

male bonding

As mulheres dizem-me "a maior parte dos meus amigos são rapazes", julgando que são peculiares. Não queria ser eu a dizer isto, mas praticamente todas as mulheres decentes têm mais amigos rapazes. Isto não é uma indirecta a nenhuma conhecida minha (não tenho amigas) em especial, é uma indirecta a todas. Penso que as mulheres têm uma certa infelicidade nisso. As mulheres têm vantagens face aos homens como, por exemplo, terem um corpo de mulher com maminhas sempre à disposição. Também têm as maminhas das amigas e há sempre umas ocasiões em que experimentam as maminhas umas das outras e se beijam, como no Mulholland Drive. Eu percebo de mulheres. O David Lynch também. Tudo isto é bonito. Mas o girl bonding raramente atinge o nível épico e trágico do male bonding. Este texto podia alongar-se sobre  o futebol como exemplo de tragédia colectiva masculina. Mas rapidamente haveria uma mulher a levantar o braço e a dizer "calma aí, eu também vejo futebol e gosto". É verdade que elas existem, as que gostam de futebol, normalmente, procurando fugir aos estereótipos da mulher e tentando ser adoptadas pelos amigos, como cães perdidos. Mas quantas vão, ao intervalo do jogo, fazer chichi ao lado de desconhecidas e comentar a política de contratações que não supriu as ausências de dois extremos vendidos a clubes milionários e que originou a situação de termos dois jogadores de meio campo mal adaptados a essas posições? E genuinamente preocupadas? Não acredito.

No escritório também é nítido que elas não se suportam umas às outras muito tempo, navegam em alianças que flutuam ao sabor do momento, coisas instáveis e confusas. Nós falamos de miúdas, de como vão estar as ondas no próximo fim de semana, de cenas fixes em geral.

Mas o melhor exemplo é a guerra, o exército. Como hoje se torna difícil ter uma boa guerra à Hemingway, ela pode ser vivida nos jogos de playstation online. Até hoje, nunca conheci uma mulher que genuinamente quisesse jogar um jogo de guerra online, um violento first person shooter, daqueles em que vemos o que o "boneco" vê e temos uma arma realista para matar outros jogadores virituais. Querem sempre singstar, buzz, wii etc.
Não conhecem a alegria instantânea, a euforia, de estarmos numa equipa de 11 jogadores anónimos, nomeadamente um francês que passa a vida a gemer "ah non hein? ah ben bfff ça alors, ah tien qu'est qu'il fout la oh la l." e um espanhol que só diz "coño" no bluetooth wireless headset para os outros 9, e tudo aquilo funcionar bem: o médico curar companheiros, o engenheiro de explosivos dinamitar as estruturas certas, o sniper (eu, normalmente) providenciar boa cobertura e ataques de morteiro certeiros e as assault class conseguirem entrar no edifício e fazer explodir o comunication center defendido pelos inimigos, desconhecidos que odiamos genuinamente de morte. Sim, nessas alturas festejamos aos saltinhos com os bonecos, o francês grita "trés bien les gars!" e o espanhol "coño!".

E adicionamos amigos que jogaram particularmente bem connosco. Formamos clãs online. Combatemos orgulhosos com as tags dos nossos clãs. Isto, nunca vi nenhuma mulher a fazer. Mas até um rapazinho de 12 anos com bad parenting issues faz.

A imagem no topo do post é do Bad Company 2. Por vezes pode calhar jogarmos com o preto, mas ele tem as mesmas capacidades dos outros e não se nota (podia correr mais depressa ou não conseguir armar explosivos). Como vemos o jogo pelos olhos do boneco, e ele usa luvas e roupa como os outros, nunca nos chegamos a aperceber disso, a não ser que estejamos num servidor onde há o hábito de fazer o informal "shoot the nigger" que é quando os jogadores da própria equipa matam por gozo o boneco do preto e nem conseguimos jogar.

8 comentários:

mitwist disse...

lol gostei mto do último parágrafo.

aliás, só gostei do último parágrafo, o resto é (incoerente) bullshit.

Tolan disse...

Tens razão mitwist, 6 cervejas + whisky :\
também gosto muito do último parágrafo.

pacica disse...

Pois eu de quase tudo que aqui referiste não sei pevas, estar a ler aquilo ou ver o canal de economia com aqueles graficos todos, vai dar quase ao mesmo. Só percebi o início e quer tenha sido a sério ou não, gostei do «(...)praticamente todas as mulheres decentes têm mais amigos rapazes.» Enough said.

pacica disse...

Ah e gostei o novo cenário :D

Tolan disse...

Miúdas... serão sempre miúdas...

Tolan disse...

Afinal, mais sóbriozinho agora de manhã, também gosto muito do parágrafo com as conversas do francês e do espanhol pelo auricular bluetooth, até porque é mesmo real. Só não gosto muito dos clichés cómicos no início e do tema gasto mulher vs homens blah blah mas que são absolutamente necessários para chamar a atenção para coisas mais sérias.

Maya disse...

There there, isso amanhã passa!

mitwist disse...

certo, as conversas do francês e do espanhol são óptimas.
o texto tá do género "bla bla bla LOL bla bla LOL bla bla bla bla bla LOLOLOLOL".