terça-feira, 17 de agosto de 2010
vitamina
Ontem descia a Av das forças armadas, antes do semáforo, e estava sentado no separador central um senhor desses da revista Cais, a chorar copiosamente. Mesmo com os vidros fechados conseguia ouvir o cabrão a chorar e via-o pelo espelho retrovisor, a limpar o bigode à t-shirt, a cabeça entre os joelhos, a soluçar como um desgraçado. Uma criança espreita do banco de trás do BMW. Três faixas para cada lado, tubos de escape a cuspir fumo. Foda-se, o que é o que o pôs assim? Do semáforo, vejo sempre o outdoor gigante da rotunda de entrecampos, o filho da puta do outdoor gigante da vitamin water, a original de NY, e os jovens em poses dinâmicas de concurso de talentos. Vejo-lhes as caveiras nazis em raio x. Sinto-me culpado de não sei de quê. Se calhar devia ter parado o carro no meio do trânsito e perguntado ao senhor se precisava de ajuda. Mas estes gajos podem ser doidos e arranjamos um 31. Queria chegar a casa, comprar pizza congelada, cerveja e tabaco antes do ACS fechar.
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4 comentários:
Ai como te compreendo. Eu nego todos os dias uma Cais no semáforo do Largo do Rato e de cada vez que o faço sinto-me o Scrooge do Conto de Natal.
E na pizza congelada, cerveja e tabaco, não se vêem as caveiras nazis?
Saudades do velho ISCTE, lá no cimo da Avenida, está visto...
nunca fiando. nunca fiando.
http://www.livroscotovia.pt/livros/ficcao_p/oporcodeerimanto.html
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