Definitivamente, retiro tudo o que disse sobre a capacidade da CGTP de organizar manifestações e meti o pé na argola ao criticar o movimento cívico do "Que se lixe a Troika". A cena do gajo da UGT dizer que não iam à manifestação porque "a casamentos e batizados, só vai quem é convidado" já me tinha posto de pé atrás quanto a estas merdas, mas valores mais elevados se levantaram. Se é certo que a generalidade das pessoas não era da CGTP, também é certo que a organização profissional da CGTP transforma a manifestação numa coisa tão espontânea como a festa do PSD-Maneira Chão da Lagoa. O sistema de som que instalaram pela praça do comércio tinha um volume tão estridente que era mesmo responsável por enormes clareiras de gente que não queria ficar surda a ouvir músicas revolucionárias, mais próprias da melancolia de um historical reanactment do 25 de Abril do que de um protesto sincero. Barracas a vender vinho e cerveja e um espírito de passeio turístico da terceira idade da província ao mosteiro dos Jerónimos.
Havia mais energia na pequena multidão em frente ao palácio de belém ou no micro ajuntamento de Peniche no dia 16 de Setembro do que naqueles milhares de protestantes amestrados entre os quais, para meu pavor, estavam uns com bandeiras da RTP. Quando acabaram os discursos da praxe e a musiquinha, debandada geral ainda nem eram 5 e meia da tarde, que isto de horas extraordinárias é só para os escravos do capitalismo.
Tenho a certeza que todos voltaram para casa felizes com mais uma "jornada de luta", como eles chamam a estas merdas, sem nunca se questionarem porque raio andam há três décadas em "jornadas de luta" só com vitórias morais.
Notas positivas, para além da adesão de muita gente livre e da malta nova que não se cansou de gritar até desaguar no Terreiro do Paço (onde qualquer esboço de cântico esbarrava
na wall of sound das cantorias venezuelanas do Janita Salomé e na indiferença dos verdadeiros donos da manifestação que não estavam cá para desordens ao planeado pelo comité da respectiva secção distrital) saliento um movimento interessante, o MAS (http://www.mas.org.pt/) que defende a união das esquerdas, ao qual eu e a Plaft nos juntámos, mas só depois de conferir cuidadosamente que o manifesto que nos entregaram não colidia com as minhas convicções liberais de direita.
domingo, 30 de setembro de 2012
o povo unido
(umas semanas depois...)
As pessoas de direita identificarão certamente o restaurante pelo brasão no serviço de loiça. Mas vamos começar pelo princípio.
A Plaft fez umas análises ao sangue e está com os neutrofitólios em baixos. Como só tem consulta com o médico daqui a uma semana, foi ver à net o que aquilo era e concluiu que tinha leucemia. Estava num estado muito depressivo quando cheguei a casa. Eu ainda disse umas piadas para tentar contrariar o seu estado de espírito ("tens leucemia porque és uma gata, se fosses uma cachorra tinhas leuceladra") mas sem efeito.
Gosto de aproveitar quando está assim vulnerável para a ir moldando a pouco e pouco numa pessoa de direita, mais capacitada a ser mãe e esposa e a reclamar menos. O facto de estar a morrer não quer dizer nada, um ou dois anos a trabalhar como alguém de direita e ainda me deixa uma herança decente em vez de caixotes com coisas que ela própria fez para feiras de artesanato.
Foi então que lhe falei da alegria que é ser de direita liberal, do conforto que há em não termos de pensar nos outros, de como nos liberta da culpa do prazer de viver e de querer tudo agora e que ela ainda ia a tempo. Era urgente para mim animar a Plaft. Quando a Plaft está assim tristonha eu não consigo ficar indiferente e sinto-me afectado, triste, ansioso. Lixa-me completamente uma boa noite de Playstation sossegado, não há nada a fazer, é preciso animá-la, devolver-lhe o sorriso de criança para poder jogar em paz.
Decidi dar mais uma experiência de direita à Plaft antes dela morrer. Eu próprio também precisava de um bom reforço do meu sistema imuno-ideológico antes de ir com ela à manifestação de hoje convocada pela CGTP e, num impulso, convidei-a para jantar num sítio assim fixe. Às vezes levo o meu entusiasmo um pouco longe demais. Mas nunca pensei que ela aceitasse, uma vez que o dito restaurante tem muita talha dourada e isso costuma repelir pessoas de esquerda, algo que os responsáveis pela decoração de igrejas sabem há muito tempo. Para além disso, tem muitos espelhos que, como se sabe, não reflectem comunistas, pelo que, se um por acaso resistir à talha dourada, é rapidamente detectado pelo serviço e levado para a cozinha para ser transformado em bife tártaro.
Enquanto a Plaft se preparava, consultei o meu saldo bancário para confirmar que tinha o suficiente. É que tenho a tv cabo em débito directo e... e depois pensei "que se lixe a troika!". A merda do slogan entrou-me na cabeça e tenho dado por mim a fazer as coisas mais estúpidas enquanto penso "que se lixe a troika!" Faço chichi, não lavo as mãos e penso "que se lixe a troika!". Mudo de faixa sem pisca: "que se lixe a troika!" etc. Reservei mesa para dois e fomos no BMW que não é meu e foi comprado a crédito por uma empresa que também não é minha e que está endividada por causa da crise e despediu 80% dos trabalhadores nos últimos dois anos. E ainda dizem que os portugueses vivem acima das suas possibilidades... Já era tempo de eu ter a minha empresa e o meu BMW e nunca seria um touring mas sim um M4 no mínimo. E não despedia ninguém porque só contratava estagiários à rasca.
A Plaft fez umas análises ao sangue e está com os neutrofitólios em baixos. Como só tem consulta com o médico daqui a uma semana, foi ver à net o que aquilo era e concluiu que tinha leucemia. Estava num estado muito depressivo quando cheguei a casa. Eu ainda disse umas piadas para tentar contrariar o seu estado de espírito ("tens leucemia porque és uma gata, se fosses uma cachorra tinhas leuceladra") mas sem efeito.
Gosto de aproveitar quando está assim vulnerável para a ir moldando a pouco e pouco numa pessoa de direita, mais capacitada a ser mãe e esposa e a reclamar menos. O facto de estar a morrer não quer dizer nada, um ou dois anos a trabalhar como alguém de direita e ainda me deixa uma herança decente em vez de caixotes com coisas que ela própria fez para feiras de artesanato.
Foi então que lhe falei da alegria que é ser de direita liberal, do conforto que há em não termos de pensar nos outros, de como nos liberta da culpa do prazer de viver e de querer tudo agora e que ela ainda ia a tempo. Era urgente para mim animar a Plaft. Quando a Plaft está assim tristonha eu não consigo ficar indiferente e sinto-me afectado, triste, ansioso. Lixa-me completamente uma boa noite de Playstation sossegado, não há nada a fazer, é preciso animá-la, devolver-lhe o sorriso de criança para poder jogar em paz.
Decidi dar mais uma experiência de direita à Plaft antes dela morrer. Eu próprio também precisava de um bom reforço do meu sistema imuno-ideológico antes de ir com ela à manifestação de hoje convocada pela CGTP e, num impulso, convidei-a para jantar num sítio assim fixe. Às vezes levo o meu entusiasmo um pouco longe demais. Mas nunca pensei que ela aceitasse, uma vez que o dito restaurante tem muita talha dourada e isso costuma repelir pessoas de esquerda, algo que os responsáveis pela decoração de igrejas sabem há muito tempo. Para além disso, tem muitos espelhos que, como se sabe, não reflectem comunistas, pelo que, se um por acaso resistir à talha dourada, é rapidamente detectado pelo serviço e levado para a cozinha para ser transformado em bife tártaro.
Enquanto a Plaft se preparava, consultei o meu saldo bancário para confirmar que tinha o suficiente. É que tenho a tv cabo em débito directo e... e depois pensei "que se lixe a troika!". A merda do slogan entrou-me na cabeça e tenho dado por mim a fazer as coisas mais estúpidas enquanto penso "que se lixe a troika!" Faço chichi, não lavo as mãos e penso "que se lixe a troika!". Mudo de faixa sem pisca: "que se lixe a troika!" etc. Reservei mesa para dois e fomos no BMW que não é meu e foi comprado a crédito por uma empresa que também não é minha e que está endividada por causa da crise e despediu 80% dos trabalhadores nos últimos dois anos. E ainda dizem que os portugueses vivem acima das suas possibilidades... Já era tempo de eu ter a minha empresa e o meu BMW e nunca seria um touring mas sim um M4 no mínimo. E não despedia ninguém porque só contratava estagiários à rasca.
Quando a Plaft entrou no salão fincou-me as unhas no braço e contraiu-se toda: 'odeio esta gente toda, tens noção?' disse-me, ao passar os olhos pela sala composta por pessoas de mais de 50 anos, todas estrangeiras (brasileiros, espanhóis). Observei que ela e os empregados eram os únicos portugueses ali, uma vez que eu próprio não sou português, pelo que a afirmação dela era um pouco xenófoba e nada adequada aos pergaminhos da mítica tolerância da esquerda.
Se ela parecia um bocadinho acanhada, eu, como é evidente, senti-me extremamente à vontade. Nós, as pessoas de direita, nascemos e crescemos rodeados de empregados, talha dourada, espelhos (para vermos o quão belos somos), toalhas de alvo linho e copos de cristal onde bebemos o nesquick ofertado por amas africanas bem educadas. Não iria certamente ter dificuldades em compreender o menu que o empregado me estendeu.
Infelizmente, não conseguia reconhecer nenhum prato, expliquei à Plaft que deviam ter mudado o menu recentemente. Algumas coisas tinham nomes familiares. Ali conseguia ler "bacalhau", ali "pipoca", ali do outro lado "salmonete" e acolá "lavagante". Então escolhi perto de uma dúzia de pratos com muita convicção.
Enquanto esperámos pela comida disse à Plaft: "tens consciência que o Eça de Queiroz muito provavelmente jantou aqui, nesta mesma mesa?" e ela disse-me "o Cavaco Silva também" e ficou o assunto arrumado.
Todos os pratos eram apresentados de acordo com o ritual das pessoas de direita. A empregada, muito simpática, pousava o prato e explicava o que estávamos a comer: foie gras com unagui, compota de ruibarbo, mirin e
sansho. Bom apetite, espero que gostem *vénia*, deixando a Plaft muito intrigada com tudo aquilo e eu perfeitamente à vontade porque se há coisa que me farto de comer é sandes de unagui, mirin e sansho a dar com um pau.
Enquanto a Plaft comia, de olhos semi-cerrados em grande sofrimento de pessoa de esquerda que está a ser exorcizada da esquerdice, confortei-a, explicando-lhe que ser de direita elimina aquele sentimento bilioso de ódiozinho ao mundo típico das
pessoazinhas de esquerda que estão sempre assim com os bracinhos muito
esticadinhos para cima de mãozinhas fechaditas, parecem uns anõezinhos a
resmungar e a choramingar...
Talvez um bacalhau com crosta de tremoço em cama de tomate
e rolo de gelatina de cerveja a fizesse mudar de ideias quanto à manifestação de hoje.
Não fez. O problema era o ar de bacalhau, talvez um pouco redundante. Os salmonetes sobre pedra de sal com choco, algas e cenas diversas iam de certeza fazê-la compreender a necessidade de evitar participar num acontecimento que a CGTP iria capitalizar para si, dividindo a esquerda num sectarismo inaceitável numa altura em que todos temos de estar unidos pelo liberalismo que recusa a intervenção estatal em bancos e assume como natural a falência de estados e banca como...
Vacilou por momentos. Pude ver nos seus olhos aquele brilho, aquele lampejo de felicidade de alguém que subitamente entende a libertação quando comeu um pouco do salmonente. Mas depressa regressou ao modo de irredutível de esquerda quando lhe disse, com a melhor das intenções, que naquele momento me recordou uma ex-namorada minha da JSD, pela expressão feliz do olhar despreocupado, sem consciência da morte e do infortúnio dos outros. Aí a Plaft enervou-se. Disse que estava a gostar do jantar mas que também não era preciso exagerar, não passava de algo que se comprava com dinheiro e que as coisas importantes na vida não se compram. Discordei, disse-lhe que uma criança, até uma criança pobre, precisa de comer e a comida custa dinheiro. Qual é o problema, perguntei-lhe, de comer uma refeição que custa o mesmo que a alimentação diária de uma criança pobre?
A Plaft disse que eu devia estar doido, uma criança pobre nem num mês comia o valor daquela refeição. Expliquei-lhe que os meus cálculos incluíam pequeno almoço, almoço, lanche, jantar e ceia, com direito a repetir. Foi talvez o momento menos feliz da noite, porque discutimos um bocado. No meu entender, aquela refeição era um excelente exemplo de austeridade. Comparemos as doses servidas neste sítio humilde, com as travessas a transbordar em qualquer restaurante onde vocês vão. A opulência do povo que se enche de favas, batatas, arroz, couve, travessas a transbordar, enquanto que as pessoas de direita se contentam com um bocadinho de gelatina de coentro, um favo de mel e uma perna de mular prensada com foie gras e polen e para disfarçar enfeitam os pratos.
Ficámos um pouco amuados um com o outro. Uma hipótese de ponto de encontro foi o tártaro com ovo de codorniz e o tutano, ela chorou de prazer e eu também, porque imaginei que aquela carne era o Arménio Carlos. Aliás, hoje quando vi o Arménio Carlos a discursar, fiquei um pouco desapontado.
Comecei a aperceber-me que, com toda a comida e vinhos, a Plaft começou a esquecer-se de que ia morrer e a ficar bem disposta. Quando chegaram as sobremesas expliquei-lhe que uma diferença fundamental entre a esquerda e a direita é que a esquerda aguarda um novo mundo, o do povo unido que jamais será vencido, o mundo da igualdade, como os católicos aguardam a ressurreição e o regresso de Jesus Cristo e que isso implica considerar o momento actual como transitório porque a luta continua e continua e continua...
.... e continua, enquanto que as pessoas de direita aceitam o mundo como ele é e tiram dele o melhor partido possível. As pessoas de esquerda, em vez de aceitarem a humanidade, julgam e julgam, como anões aborrecidos que dão pequenos saltos a exigir e a exigir, a pedinchar e a choramingar, por favor, vá lá, vá lá... "Como tu quando queres sexo?" observou a Plaf e aí eu calei-me desisti. Não valia a pena.
A esquerdice é como uma doença crónica, pode ser amenizada mas cura, não tem. Comemos a explosão de figo e framboesa em silêncio e às tantas eu devo ter dito "é pena morreres, sem saúdinha não há luta continua, a luta acaba e pronto". Ainda nos deram moscatel de borla, devem ter topado que um de nós era pobre e apreciava receber coisas de borla.
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
well, I took it away from you
In 1984, Amos and I and our friend Richard Thaler visited a Wall Street
firm. Our host, a senior investment manager, had invited us to discuss the
role of judgment biases in investing. I knew so little about finance that I did
not even know what to ask him, but I remember one exchange. “When you
sell a stock,” I asked, “who buys it?” He answered with a wave in the
vague direction of the window, indicating that he expected the buyer to be
someone else very much like him. That was odd: What made one person
buy and the other sell? What did the sellers think they knew that the buyers
did not?
Since then, my questions about the stock market have hardened into a
larger puzzle: a major industry appears to be built largely on an illusion of
skill. Billions of shares are traded every day, with many people buying
each stock and others selling it to them. It is not unusual for more than 100
million shares of a single stock to change hands in one day. Most of the
buyers and sellers know that they have the same information; they
exchange the stocks primarily because they have different opinions. The
buyers think the price is too low and likely to rise, while the sellers think the
price is high and likely to drop. The puzzle is why buyers and sellers alike
think that the current price is wrong. What makes them believe they know
more about what the price should be than the market does? For most of
them, that belief is an illusion.
(...)
Mutual funds are run by highly experienced and hardworking
professionals who buy and sell stocks to achieve the best possible results
for their clients. Nevertheless, the evidence from more than fifty years of
research is conclusive: for a large majority of fund managers, the selection
of stocks is more like rolling dice than like playing poker. Typically at least
two out of every three mutual funds underperform the overall market in any
given year.
More important, the year-to-year correlation between the outcomes of
mutual funds is very small, barely higher than zero. The successful funds in
any given year are mostly lucky; they have a good roll of the dice. There is
general agreement among researchers that nearly all stock pickers,
whether they know it or not—and few of them do—are playing a game of
chance. The subjective experience of traders is that they are making
sensible educated guesses in a situation of great uncertainty. In highly
efficient markets, however, educated guesses are no more accurate than
blind guesses.
Some years ago I had an unusual opportunity to examine the illusion of
financial skill up close. I had been invited to speak to a group of investment
advisers in a firm that provided financial advice and other services to very
wealthy clients. I asked for some data to prepare my presentation and was
granted a small treasure: a spreadsheet summarizing the investment
outcomes of some twenty-five anonymous wealth advisers, for each of
eight consecutive years. Each adviser’s scoof re for each year was his
(most of them were men) main determinant of his year-end bonus. It was a
simple matter to rank the advisers by their performance in each year and
to determine whether there were persistent differences in skill among them
and whether the same advisers consistently achieved better returns for
their clients year after year.
To answer the question, I computed correlation coefficients between the
rankings in each pair of years: year 1 with year 2, year 1 with year 3, and
so on up through year 7 with year 8. That yielded 28 correlation
coefficients, one for each pair of years. I knew the theory and was
prepared to find weak evidence of persistence of skill. Still, I was surprised
to find that the average of the 28 correlations was .01. In other words, zero.
The consistent correlations that would indicate differences in skill were not
to be found. The results resembled what you would expect from a dicerolling
contest, not a game of skill.
(...)
Our message to the executives was that, at least when it came to
building portfolios, the firm was rewarding luck as if it were skill. This
should have been shocking news to them, but it was not. There was no
sign that they disbelieved us. How could they? After all, we had analyzed
their own results, and they were sophisticated enough to see the
implications, which we politely refrained from spelling out. We all went on
calmly with our dinner, and I have no doubt that both our findings and their
implications were quickly swept under the rug and that life in the firm went
on just as before. The illusion of skill is not only an individual aberration; it
is deeply ingrained in the culture of the industry. Facts that challenge such
basic assumptions—and thereby threaten people’s livelihood and selfesteem—
are simply not absorbed. The mind does not digest them. This is
particularly true of statistical studies of performance, which provide baserate
information that people generally ignore when it clashes with their
personal impressions from experience.
The next morning, we reported the findings to the advisers, and their
response was equally bland. Their own experience of exercising careful
judgment on complex problems was far more compelling to them than an
obscure statistical fact. When we were done, one of the executives I had
dined with the previous evening drove me to the airport. He told me, with a
trace of defensiveness, “I have done very well for the firm and no one can
take that away from me.” I smiled and said nothing. But I thought, “Well, I
took it away from you this morning. If your success was due mostly to
chance, how much credit are you entitled to take for it?”
Thinking Fast and Slow, Daniel Kahneman, prémio Nobel da Economia
firm. Our host, a senior investment manager, had invited us to discuss the
role of judgment biases in investing. I knew so little about finance that I did
not even know what to ask him, but I remember one exchange. “When you
sell a stock,” I asked, “who buys it?” He answered with a wave in the
vague direction of the window, indicating that he expected the buyer to be
someone else very much like him. That was odd: What made one person
buy and the other sell? What did the sellers think they knew that the buyers
did not?
Since then, my questions about the stock market have hardened into a
larger puzzle: a major industry appears to be built largely on an illusion of
skill. Billions of shares are traded every day, with many people buying
each stock and others selling it to them. It is not unusual for more than 100
million shares of a single stock to change hands in one day. Most of the
buyers and sellers know that they have the same information; they
exchange the stocks primarily because they have different opinions. The
buyers think the price is too low and likely to rise, while the sellers think the
price is high and likely to drop. The puzzle is why buyers and sellers alike
think that the current price is wrong. What makes them believe they know
more about what the price should be than the market does? For most of
them, that belief is an illusion.
(...)
Mutual funds are run by highly experienced and hardworking
professionals who buy and sell stocks to achieve the best possible results
for their clients. Nevertheless, the evidence from more than fifty years of
research is conclusive: for a large majority of fund managers, the selection
of stocks is more like rolling dice than like playing poker. Typically at least
two out of every three mutual funds underperform the overall market in any
given year.
More important, the year-to-year correlation between the outcomes of
mutual funds is very small, barely higher than zero. The successful funds in
any given year are mostly lucky; they have a good roll of the dice. There is
general agreement among researchers that nearly all stock pickers,
whether they know it or not—and few of them do—are playing a game of
chance. The subjective experience of traders is that they are making
sensible educated guesses in a situation of great uncertainty. In highly
efficient markets, however, educated guesses are no more accurate than
blind guesses.
Some years ago I had an unusual opportunity to examine the illusion of
financial skill up close. I had been invited to speak to a group of investment
advisers in a firm that provided financial advice and other services to very
wealthy clients. I asked for some data to prepare my presentation and was
granted a small treasure: a spreadsheet summarizing the investment
outcomes of some twenty-five anonymous wealth advisers, for each of
eight consecutive years. Each adviser’s scoof re for each year was his
(most of them were men) main determinant of his year-end bonus. It was a
simple matter to rank the advisers by their performance in each year and
to determine whether there were persistent differences in skill among them
and whether the same advisers consistently achieved better returns for
their clients year after year.
To answer the question, I computed correlation coefficients between the
rankings in each pair of years: year 1 with year 2, year 1 with year 3, and
so on up through year 7 with year 8. That yielded 28 correlation
coefficients, one for each pair of years. I knew the theory and was
prepared to find weak evidence of persistence of skill. Still, I was surprised
to find that the average of the 28 correlations was .01. In other words, zero.
The consistent correlations that would indicate differences in skill were not
to be found. The results resembled what you would expect from a dicerolling
contest, not a game of skill.
(...)
Our message to the executives was that, at least when it came to
building portfolios, the firm was rewarding luck as if it were skill. This
should have been shocking news to them, but it was not. There was no
sign that they disbelieved us. How could they? After all, we had analyzed
their own results, and they were sophisticated enough to see the
implications, which we politely refrained from spelling out. We all went on
calmly with our dinner, and I have no doubt that both our findings and their
implications were quickly swept under the rug and that life in the firm went
on just as before. The illusion of skill is not only an individual aberration; it
is deeply ingrained in the culture of the industry. Facts that challenge such
basic assumptions—and thereby threaten people’s livelihood and selfesteem—
are simply not absorbed. The mind does not digest them. This is
particularly true of statistical studies of performance, which provide baserate
information that people generally ignore when it clashes with their
personal impressions from experience.
The next morning, we reported the findings to the advisers, and their
response was equally bland. Their own experience of exercising careful
judgment on complex problems was far more compelling to them than an
obscure statistical fact. When we were done, one of the executives I had
dined with the previous evening drove me to the airport. He told me, with a
trace of defensiveness, “I have done very well for the firm and no one can
take that away from me.” I smiled and said nothing. But I thought, “Well, I
took it away from you this morning. If your success was due mostly to
chance, how much credit are you entitled to take for it?”
Thinking Fast and Slow, Daniel Kahneman, prémio Nobel da Economia
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
esquece Plaft, plano anulado :(
Gigi Chao e a sua esposa.
Não sou bi Plaft, não conseguia entrar em cenas com eles ou sequer assistir. E tu não gostas de homens com o look aids chic. Bom, mas sexo decadente por dinheiro, estamos em crise, todos podíamos ter um preço, só que.... pinchers vestidos de pai Natal... é simplesmente demais.
Não consigo entender. Todas as mulheres gostam de se beijar e tocar umas às outras e de dinheiro. A Gigi podia ter escolhido qualquer uma. Aquilo deve ser amor.
Amor a sério.
Amor pelo que cada um é e não pelas aparências.
Lol. Dou-lhes uns meses.
Não sou bi Plaft, não conseguia entrar em cenas com eles ou sequer assistir. E tu não gostas de homens com o look aids chic. Bom, mas sexo decadente por dinheiro, estamos em crise, todos podíamos ter um preço, só que.... pinchers vestidos de pai Natal... é simplesmente demais.
Não consigo entender. Todas as mulheres gostam de se beijar e tocar umas às outras e de dinheiro. A Gigi podia ter escolhido qualquer uma. Aquilo deve ser amor.
Amor a sério.
Amor pelo que cada um é e não pelas aparências.
Lol. Dou-lhes uns meses.
são 50 milhões Plaft...
Um magnata dos transportes de Hong Kong ofereceu uma recompensa de 50 milhões de euros como "prémio de casamento", a quem conseguisse ganhar o coração da sua filha, homossexual. Chao decidiu oferecer a avultada quantia monetária depois de a filha, Gigi, ter casado com a sua namorada de há 7 anos, em França.
Hello Miss Gigi Chao,
Je suis Tolan, from le Portugal and I have also sexy girlfriend to share with you and your french wife if you marry me. Tolan is very sexy and not racist, I do not mind horizontal asian vagina type. I is very romantique and culte. I has le bmw and le maison de plage au portugal. I can cook, clean, write le very nice poem and have lot of fromage and champanhe. Plaft is very hot, ouh la la. Je parle trés bien le français. You can have sex with le french wife, with le Tolan or with le Plaft, father does not need to know. If you do not like le penis inside le vagin, I can also watch you and your french wife and Plaft have sex, I not jealous. If Plaft does not like me have sex with you and your french wife, patience, helas, but I can borrow you Plaft for you to play, if I can watch. You can also watch me and Plaft have sex. If you do not like to watch dirty high quality animal hetero sex, we can have sex in private room, we not bother you at all. We can all live together very happy in Paris, i can go out le matin and buy les baguetes et le fromage e la compote, avec mon velo.
Merci, thank you, arigato.
Tolan, with amour
terça-feira, 25 de setembro de 2012
too important to fail e eu desisto
nem o FMI é liberal
«Segundo o FMI, os resultados obtidos no estudo demonstram ainda que um «sistema [bancário] mais concentrado está associado a uma baixa probabilidade de crise bancária».
A instituição relaciona estes resultados com o conceito de «too-important-to-fail» [demasiado importante para falir], ou seja, de que perante poucos bancos num sistema bancário as autoridades tomam mais rapidamente ações para prevenir uma crise bancária. Diz ainda que os resultados são consistentes com trabalhos já feitos que apontam para o facto de a «excessiva competição poder levar à excessiva assunção de riscos» pelos bancos com o objetivo de manter elevadas rentabilidades.»
Ou seja, o "estudo" do FMI recomenda uma maior concentração de bancos para que a sua falência seja mais catastrófica para obrigar as autoridades (contribuintes) a tomar mais rapidamente acções (injectar dinheiro dos contribuintes) para prevenir a referida falência porque ela é demasiado catastrófica para ocorrer.
Só posso agradecer, pelo menos, a vossa sinceridade e honestidade em assumir que sois uns refinados filhos da puta de chupistas do caralho que vos fodesse.
A banca, para vocês, é o único sector onde pelos vistos existe "excessiva concorrência" e "riscos excessivos". As leis de mercado para vocês só não funcionam na banca. Que credibilidade têm para exigir privatizações, fim de golden shares e abertura a capitais estrangeiros, ó meus cabrestos?
Depois de falências sucessivas assistiríamos a uma diferenciação natural, com bancos de perfil mais agressivo, capazes de emprestar aos Karagounis desta europa, e outros mais sólidos e transparentes, para onde iriam os investidores e consumidores mais avessos ao risco.
É precisamente a garantia do too important to fail que torna racionalmente desejável a tomada extrema de riscos, visto que são too important to fail e têm garantido o amparo do estado (contribuinte) a quem emprestam. E o que é "too important to fail", quantificado? Onde se traça a linha? Quantos mil milhões? E três bancos pequenos somados são equivalentes a um grandalhão? Com que cara é que eu posso chamar filho da puta ao Seguro por dizer que a RTP é too important to fail? Que merda vaga é essa de too important to fail meus filhos da puta do caralho que vos foda? É quando o José Sócrates se vira para o Teixeira dos Santos e diz "que rico berbicacho que para aqui vai no BPN" e o Teixeira corrige "Sr. Ministro, o termo técnico é too important to fail"?
Querem favorecer os bancos maiores que controlam o mercado e impedir a entrada de novos bancos com novos modelos de negócio porque têm um risco acrescido ao não serem too important to fail como os maiores que já lá estão e que vos pagam o salário? Qual é a diferença entre vocês e uma merda de uma Ordem dos Médicos da banca, meus mafiosos? Que merda de liberalismo é esse, seus filhos da puta? Vocês percebem tanto de economia como o Mitt Romney de aviões. Vocês estão para o Friedman como o Estaline para o Marx! Vocês são uns traidores.
Desvaneceram-se as minhas ténues esperanças que, com a vossa ajuda, se pudesse vencer a pseudo-social-democracia de mama na quinta pata do estado a crédito do pós 25 de Abril e introduzir reformas fundamentais para nos desenvolvermos. Aquilo das rendas e dos tribunais foi só para disfarçar, pelos vistos. Sou um ingénuo, um parvo, é a conclusão a que chego e os sinais estavam aí. Os comunas tinham razão nisto, não sabem o quanto me custa dizer isto seu filhos da puta. Sabem quantas vezes eu bati em comunistas por dizerem mal de vocês, meus cornos de merda? Nenhuma. Mas apeteceu-me, muitas vezes. Agora apetece-me bater em vocês e nos comunistas. Uma coisa de cada vez, dia 29, marquem na agenda e lembrem-se:
«Segundo o FMI, os resultados obtidos no estudo demonstram ainda que um «sistema [bancário] mais concentrado está associado a uma baixa probabilidade de crise bancária».
A instituição relaciona estes resultados com o conceito de «too-important-to-fail» [demasiado importante para falir], ou seja, de que perante poucos bancos num sistema bancário as autoridades tomam mais rapidamente ações para prevenir uma crise bancária. Diz ainda que os resultados são consistentes com trabalhos já feitos que apontam para o facto de a «excessiva competição poder levar à excessiva assunção de riscos» pelos bancos com o objetivo de manter elevadas rentabilidades.»
Ou seja, o "estudo" do FMI recomenda uma maior concentração de bancos para que a sua falência seja mais catastrófica para obrigar as autoridades (contribuintes) a tomar mais rapidamente acções (injectar dinheiro dos contribuintes) para prevenir a referida falência porque ela é demasiado catastrófica para ocorrer.
Só posso agradecer, pelo menos, a vossa sinceridade e honestidade em assumir que sois uns refinados filhos da puta de chupistas do caralho que vos fodesse.
A banca, para vocês, é o único sector onde pelos vistos existe "excessiva concorrência" e "riscos excessivos". As leis de mercado para vocês só não funcionam na banca. Que credibilidade têm para exigir privatizações, fim de golden shares e abertura a capitais estrangeiros, ó meus cabrestos?
Depois de falências sucessivas assistiríamos a uma diferenciação natural, com bancos de perfil mais agressivo, capazes de emprestar aos Karagounis desta europa, e outros mais sólidos e transparentes, para onde iriam os investidores e consumidores mais avessos ao risco.
É precisamente a garantia do too important to fail que torna racionalmente desejável a tomada extrema de riscos, visto que são too important to fail e têm garantido o amparo do estado (contribuinte) a quem emprestam. E o que é "too important to fail", quantificado? Onde se traça a linha? Quantos mil milhões? E três bancos pequenos somados são equivalentes a um grandalhão? Com que cara é que eu posso chamar filho da puta ao Seguro por dizer que a RTP é too important to fail? Que merda vaga é essa de too important to fail meus filhos da puta do caralho que vos foda? É quando o José Sócrates se vira para o Teixeira dos Santos e diz "que rico berbicacho que para aqui vai no BPN" e o Teixeira corrige "Sr. Ministro, o termo técnico é too important to fail"?
Querem favorecer os bancos maiores que controlam o mercado e impedir a entrada de novos bancos com novos modelos de negócio porque têm um risco acrescido ao não serem too important to fail como os maiores que já lá estão e que vos pagam o salário? Qual é a diferença entre vocês e uma merda de uma Ordem dos Médicos da banca, meus mafiosos? Que merda de liberalismo é esse, seus filhos da puta? Vocês percebem tanto de economia como o Mitt Romney de aviões. Vocês estão para o Friedman como o Estaline para o Marx! Vocês são uns traidores.
Desvaneceram-se as minhas ténues esperanças que, com a vossa ajuda, se pudesse vencer a pseudo-social-democracia de mama na quinta pata do estado a crédito do pós 25 de Abril e introduzir reformas fundamentais para nos desenvolvermos. Aquilo das rendas e dos tribunais foi só para disfarçar, pelos vistos. Sou um ingénuo, um parvo, é a conclusão a que chego e os sinais estavam aí. Os comunas tinham razão nisto, não sabem o quanto me custa dizer isto seu filhos da puta. Sabem quantas vezes eu bati em comunistas por dizerem mal de vocês, meus cornos de merda? Nenhuma. Mas apeteceu-me, muitas vezes. Agora apetece-me bater em vocês e nos comunistas. Uma coisa de cada vez, dia 29, marquem na agenda e lembrem-se:
O povo unido, é too important to fail!
deficit e corrupção
Parece inevitável que a Grécia saia do Euro. Aposto 5 contos de reis como Portugal também vai sair. Se a escolha entre ficar e sair é complexa de avaliar do ponto de vista económico, do ponto de vista político, parece óbvia. A Europa não salvou a Grécia. A utopia nascida em tempo de vacas gordas do crédito disponível para a europa do sul esfumou-se. Em vez de se optar por um programa de ajustamento de longo prazo, com reestruturação da dívida, focado na redução do peso do estado pela via de despedimentos, cortes e privatizações, combinada com investimentos para aumento da produtividade (convergência europeia, lembram-se?) optou-se também e sobretudo pelo aumento brutal de impostos, esmagando a economia privada. E tudo para quê?
O povo grego deve ser responsabilizado pelo facto de bancos estrangeiros, nomeadamente alemães, terem emprestado dinheiro aos políticos corruptos e irresponsáveis que os governaram? Na Califórnia, uma espécie de Grécia seis vezes maior e igualmente falida, o aumento de impostos foi sucessivamente bloqueado por uma democracia que funciona, forçando cortes na despesa ou a bancarrota de cidades.
E nós? José Sócrates conseguiu duplicar a dívida pública portuguesa no seu mandato. Em Março de 2011, num cenário já de crise aguda e com eleições anunciadas, perdeu o pudor e aumentou os limites do ajusto directo que ele próprio introduziu em 2008, escancarando ainda mais a porta à corrupção total. Foi estudar filosofia deixando um país endividado enquanto que a sua família movimenta 383 milhões de euros nas Caimão, Man e Gibraltar.
Agora temos Relvas e um governo maçónico, Passos Coelho produto das jotas, afilhado de um barão que lhe construiu um currículo de ar, Paulo Portas ministro responsável por um processo de aquisição de submarinos que, na Alemanha levou à condenação de corruptores e que em Portugal misteriosamente não teve os equivalentes corrompidos etc. etc.
Obviamente que resolver o problema da corrupção e falta de transparência em Portugal não resolve só por si o deficit, mas resolve um problema não menos importante: o da falta de legitimidade e credibilidade para exigir o que quer que seja a um país. Por isso apenas, independentemente das medidas, vale a pena ir para a rua e ignorar as expressões sedativas do "manifestações são más para a imagem do país", "o povo português é digno e sereno", "temos de demonstrar coesão", "era preciso um governo de salvação, sem eleições", "temos de recuperar a confiança dos investidores", "somos o bom aluno", "não somos a Grécia"...
A democracia pode induzir instabilidade e incerteza no curto prazo, mas o que emergir dela será mais robusto e transparente do que uma paz burocrática e neutra sobre a qual o próprio projecto europeu foi amplamente construído, com o resultado que está à vista. Agora tentam limitar o debate a um leque reduzido de opções, como se não existisse a opção de recusar o pagamento da dívida e optar pela saída do euro, nem que seja com o mero intuito de ajudar à negociação de um prazo mais alargado e de outro de tipo de medidas. Face ao exemplo grego, surge a questão: a saída do euro só é válida quando é uma inevitabilidade e um país está de rastos para lá de qualquer solução?
O povo grego deve ser responsabilizado pelo facto de bancos estrangeiros, nomeadamente alemães, terem emprestado dinheiro aos políticos corruptos e irresponsáveis que os governaram? Na Califórnia, uma espécie de Grécia seis vezes maior e igualmente falida, o aumento de impostos foi sucessivamente bloqueado por uma democracia que funciona, forçando cortes na despesa ou a bancarrota de cidades.
E nós? José Sócrates conseguiu duplicar a dívida pública portuguesa no seu mandato. Em Março de 2011, num cenário já de crise aguda e com eleições anunciadas, perdeu o pudor e aumentou os limites do ajusto directo que ele próprio introduziu em 2008, escancarando ainda mais a porta à corrupção total. Foi estudar filosofia deixando um país endividado enquanto que a sua família movimenta 383 milhões de euros nas Caimão, Man e Gibraltar.
Agora temos Relvas e um governo maçónico, Passos Coelho produto das jotas, afilhado de um barão que lhe construiu um currículo de ar, Paulo Portas ministro responsável por um processo de aquisição de submarinos que, na Alemanha levou à condenação de corruptores e que em Portugal misteriosamente não teve os equivalentes corrompidos etc. etc.
Obviamente que resolver o problema da corrupção e falta de transparência em Portugal não resolve só por si o deficit, mas resolve um problema não menos importante: o da falta de legitimidade e credibilidade para exigir o que quer que seja a um país. Por isso apenas, independentemente das medidas, vale a pena ir para a rua e ignorar as expressões sedativas do "manifestações são más para a imagem do país", "o povo português é digno e sereno", "temos de demonstrar coesão", "era preciso um governo de salvação, sem eleições", "temos de recuperar a confiança dos investidores", "somos o bom aluno", "não somos a Grécia"...
A democracia pode induzir instabilidade e incerteza no curto prazo, mas o que emergir dela será mais robusto e transparente do que uma paz burocrática e neutra sobre a qual o próprio projecto europeu foi amplamente construído, com o resultado que está à vista. Agora tentam limitar o debate a um leque reduzido de opções, como se não existisse a opção de recusar o pagamento da dívida e optar pela saída do euro, nem que seja com o mero intuito de ajudar à negociação de um prazo mais alargado e de outro de tipo de medidas. Face ao exemplo grego, surge a questão: a saída do euro só é válida quando é uma inevitabilidade e um país está de rastos para lá de qualquer solução?
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Martha Marcy May Marlene
Há muito tempo que não via um thriller (o género mais nobre do cinema) tão bom. Realizado e escrito por Sean Durkin, na sua estreia em longa metragem. Como dizem na imprensa especializada, fixem este nome. Um dia explicamos, eu e o Alfred, aquilo de ser o género mais nobre e exigente.
we mean business
... procura-se alguém, de preferência um engenheiro, que perceba muito de bicicletas, particularmente de motores eléctricos, com capacidade para desenvolver e inovar cenas diversas e que não se reveja na política alemã da Riese Und Muller de cobrar quase 5 mil euros por uma destas...
...mas que também acredite que a solução para uma bicicleta de 500 euros não passe por tirar qualquer réstia de dignidade ao seu utilizador:
resposta ao tolan.baranduna@gmail.com
...mas que também acredite que a solução para uma bicicleta de 500 euros não passe por tirar qualquer réstia de dignidade ao seu utilizador:
resposta ao tolan.baranduna@gmail.com
fazer dinheiro
Love is cheap. You can buy it anywhere. Lives are cheap. It's money that's dear. You have to work days and sit up nights thinking how to make money.
John Dos Passos
sábado, 22 de setembro de 2012
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
eu também
Amigos liberais, uni-vos. Com a nossa força e união podemos vencer. Se todos os liberais portugueses estiverem motivados e partirem para uma jornada de luta, podemos chegar a ser seis, talvez sete manifestantes e fazer a diferença. Façam papers! Redijam muitos textos nos vossos blogues! Conquistem mulheres de esquerda e convertam-nas às leis da oferta e da procura!
Sei que os ambientes de intervenção cívica, para além de serem pouco dados à reflexão e estarem cheios de afirmações pouco sustentadas em papers, estão cheios de pessoas "de extrema esquerda". Exige-se de nós tolerância e um bom repelente de pulgas antes de uma concentração física.
Sabemos que único problema dos Ches é o dinheiro do contribuinte estar a ser canalizado para empresas financeiras que, para eles, representam o Grande Satã. Sabemos que já não encontram qualquer problema na decisão do recém eleito governo francês de impedir os planos da Peugeot Citroen de fechar uma fábrica em virtude das pessoas comprarem menos carros porque, nesses casos, o dinheiro utilizado para salvar empresas e pagar juros dos seus financiamentos ao grande satã do capital já não provém dos contribuintes ou das reformas ou dos medicamentos das crianças, mas sim da entidade abstracta "Estado".
Mas temos de ter estômago e alinhar ao lado destes desgraçados que, de qualquer forma, nunca terão poder pois todas as decisões seriam tomadas por um comité de tomada de decisões e todos os cargos de responsabilidade seriam partilhados a cinco (uma mulher, um homem, um(a) homossexual, um minoritário étnico e um sociólogo). Temos de esconder o sorriso de prazer quando um leva com um cacetete mesmo no meio das fuças enroladas no lenço arafat ali ao nosso lado e evitar pensar "ora aí está um bom uso dos meus impostos".
Temos de estar do lado certo da história.
- 12 mil milhões de euros disponibilizados à banca pelo estado.
- 8 mil milhões empenhados pelo Estado, directamente ou através da CGD, no BPN.
- 450 milhões de euros pagos até agora no processo do BPP.
- Bancos ganham mais de cinco mil milhões de euros com a valorização dos títulos de dívida pública portuguesa (aqui)
- 34,4 mil milhões de juros a pagar a à Troika num programa de ajustamento apressado, que se parece resumir a um aumento de brutal de impostos e do peso do estado e que vai redundar num desastre ao estilo Grego.
Tomei a liberdade de desenvolver o logo do nosso movimento, pois temos de aprender com a extrema esquerda a fazer estas coisas:
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
a alternativa
Não sei se era irónica mas parece-me que a Rita Maria , assim como muitos portugueses, insiste na diabolização da Troika. A Troika é meramente um intermediário entre estados soberanos que decidiram recorrer a ajuda financeira, mediante programas de ajustamento, estados que foram democraticamente eleitos, no caso português, por 85% do eleitorado. E compreende-se. À data das eleições, o cenário conservador de privilegiar a manutenção do euro parecia menos negativo. Ainda ontem o ministro das finanças alemão teceu rasgados elogios a Vítor Gaspar. Junto do eleitorado médio português, que é essencialmente conservador, há a ideia de que pelo menos enquanto os alemães tiverem confiança em nós, pertencemos a outro clube que não o grego e o nosso futuro é bem menos indefinido do que se estivéssemos isolados. Enquanto estivermos no programa de ajustamento, avaliados pela troika, sujeitos a regras europeias de limites de dívida, temos pelo menos "um rumo" e esse rumo, mesmo que catastrófico, não depende das decisões dos executantes que elegemos e nos quais não confiamos agora.
A Grécia não está propriamente à venda. A Grécia é, como Portugal, um país hipotecado e agora cobram a hipoteca. Independentemente do caminho a escolher, ele vai implicar uma recessão forte, seja pela diminuição dos rendimentos, seja pela desvalorização brutal da moeda num cenário de saída do euro, cenário que implica uma perda de poder de compra difícil de prever mas que alguns situam como sendo superior a 30% (para além de custos impossíveis de contabilizar como perder as vantagens da moeda única e de estarmos integrados num bloco europeu).
O problema é essencialmente a ausência de um caminho alternativo. A extrema esquerda continua a ter problemas que a impedem de ser uma alternativa elegível para governo. Tem cisões e fracturas que, aos olhos do eleitorado, parecem tão surreais como as religiosas ou étnicas no Iraque. Mas é com estes que podemos contar agora e, numa clara demonstração de inteligência colectiva do portugueses, subiram muito nas sondagens. Isso é positivo - pode parecer que não depois do que eu disse - porque eles defendem uma alternativa e isso ajuda na negociação. O primeiro passo implica a construção de uma hipótese alternativa e de coesão em torno dessa hipótese.
Neste momento, PS, PSD e CDS pedem-nos que escolhamos entre A e A: pagar a dívida e ficar no euro ou ficar no euro e pagar a dívida. O que se discute é ar. Se não é a tsu, é o IVA, se não é IVA, é o IRS, o IMI, se não são impostos, são maternidades, professores, reformas. Quando temos um líder do maior partido de oposição que diz que a RTP não pode ser posta em causa, estamos conversados.
É necessário um plano B. Mesmo que o B não venha a ser implementado, ele tem de existir e ser minimamente quantificado e debatido, para, inclusive, melhorar as condições do cenário A numa negociação. Esse B é, evidentemente, o não pagamento da dívida pública. O racional para isso é simples:
Beneficiámos dessa dívida, é um facto, mas sempre sem a noção do custo porque fomos sucessivamente enganados e nunca tivemos informação completa. Os políticos focam o seu discurso no agora, mentem, desenham cenários optimistas, ocultam a verdade, ou porque é impossível conhecer o futuro ou simplesmente por calculismo e demagogia criminosa. Em todo o caso, não é plausível que um país e as gerações futuras vivam na miséria porque foram governados por miseráveis. Um país não é uma empresa ou um privado. Se perdoaram (e bem) as indemnizações de guerra à Alemanha depois da II Guerra Mundial, o motivo é exactamente o mesmo. Faz sentido colocar de joelhos, numa humilhação total, o povo grego? E a seguir somos nós?
Parte da solução é penalizar quem forneceu o dinheiro, obedecendo às boas regras de mercado liberais. A verdade é que a hipótese de não pagar a dívida é uma espécie de assunto tabu. Não vi, em lado nenhum, esse cenário devidamente quantificado e discutido. O que sabemos é que a Grécia está prestes a mergulhar numa recessão ao estilo grande depressão seguindo a cartilha recessiva da austeridade. É empírico, não é um cenário.
Dizem-nos "se não pagarmos, vamos estar anos sem nos conseguir financiar nos mercados" e nós respondemos: ainda bem. Porque isso vai obrigar à mudança do paradigma económico português para a poupança. Pode arrasar o nosso poder de compra de bens importados, mas pode beneficiar os sectores exportadores devido à desvalorização cambial e fazer o país focar-se nos sectores onde tem vantagens competitivas naturais. Porque mesmo que atire o nosso desenvolvimento para níveis do paleolítico, vai criar um sistema em que a banca e a promiscuidade do estado com esta diminui e a partir daí temos a oportunidade de um novo começo, mais sustentado. Porque o próprio Euro é um monstro e os instrumentos como eurobonds ou compra de dívida por parte do BCE apenas adiam e geram um problema maior, atirando dívida para cima de dívida (como, aliás, boa parte dos alemães consideram). Porque existe o risco do euro acabar de qualquer forma quando a crise chegar a Itália, Espanha e França ou da próxima vez que um tribunal constitucional alemão recusar mais empréstimos à europa do sul. Porque com o aumento de impostos estamos a aumentar ainda mais o peso do estado na economia quando essa foi uma das causas da situação actual. Porque a banca vai pensar melhor antes de emprestar dinheiro ao próximo José Sócrates que nós, inevitavelmente, vamos eleger.
Se o cenário de Portugal não pagar as dívidas e sair do euro preocupar assim tanto os credores, o nosso governo, o BCE, a União Europeia, Merkl, então vamos conversar e ajustar o programa de resgate para algo que não nos mergulhe num apocalipse grego. Nós valemos mais do que o peso da nossa dívida no PIB europeu. O que acontecer aqui pode acontecer, por exemplo, em Espanha ou Itália, como um exemplo a seguir. E é nessa altura que negociamos, não com a faca e o queijo na mão, mas pelo menos com um pedacinho de queijo e um canivete. Não como "bons alunos" elogiados pelas próprias pessoas e instituições contra quem nos manifestamos uns dias antes, não como exemplos de "civismo" e de "dignidade", como se fossemos umas crianças com birra e o nosso protesto inconsequente e eles os nossos pais condescendentes, mas como um povo soberano que tem o poder de recusar um destino e o poder de criar outro.
A Grécia não está propriamente à venda. A Grécia é, como Portugal, um país hipotecado e agora cobram a hipoteca. Independentemente do caminho a escolher, ele vai implicar uma recessão forte, seja pela diminuição dos rendimentos, seja pela desvalorização brutal da moeda num cenário de saída do euro, cenário que implica uma perda de poder de compra difícil de prever mas que alguns situam como sendo superior a 30% (para além de custos impossíveis de contabilizar como perder as vantagens da moeda única e de estarmos integrados num bloco europeu).
O problema é essencialmente a ausência de um caminho alternativo. A extrema esquerda continua a ter problemas que a impedem de ser uma alternativa elegível para governo. Tem cisões e fracturas que, aos olhos do eleitorado, parecem tão surreais como as religiosas ou étnicas no Iraque. Mas é com estes que podemos contar agora e, numa clara demonstração de inteligência colectiva do portugueses, subiram muito nas sondagens. Isso é positivo - pode parecer que não depois do que eu disse - porque eles defendem uma alternativa e isso ajuda na negociação. O primeiro passo implica a construção de uma hipótese alternativa e de coesão em torno dessa hipótese.
Neste momento, PS, PSD e CDS pedem-nos que escolhamos entre A e A: pagar a dívida e ficar no euro ou ficar no euro e pagar a dívida. O que se discute é ar. Se não é a tsu, é o IVA, se não é IVA, é o IRS, o IMI, se não são impostos, são maternidades, professores, reformas. Quando temos um líder do maior partido de oposição que diz que a RTP não pode ser posta em causa, estamos conversados.
É necessário um plano B. Mesmo que o B não venha a ser implementado, ele tem de existir e ser minimamente quantificado e debatido, para, inclusive, melhorar as condições do cenário A numa negociação. Esse B é, evidentemente, o não pagamento da dívida pública. O racional para isso é simples:
Um povo não pode ser responsabilizado pela dívida contraída pelos seus governantes.
Beneficiámos dessa dívida, é um facto, mas sempre sem a noção do custo porque fomos sucessivamente enganados e nunca tivemos informação completa. Os políticos focam o seu discurso no agora, mentem, desenham cenários optimistas, ocultam a verdade, ou porque é impossível conhecer o futuro ou simplesmente por calculismo e demagogia criminosa. Em todo o caso, não é plausível que um país e as gerações futuras vivam na miséria porque foram governados por miseráveis. Um país não é uma empresa ou um privado. Se perdoaram (e bem) as indemnizações de guerra à Alemanha depois da II Guerra Mundial, o motivo é exactamente o mesmo. Faz sentido colocar de joelhos, numa humilhação total, o povo grego? E a seguir somos nós?
Parte da solução é penalizar quem forneceu o dinheiro, obedecendo às boas regras de mercado liberais. A verdade é que a hipótese de não pagar a dívida é uma espécie de assunto tabu. Não vi, em lado nenhum, esse cenário devidamente quantificado e discutido. O que sabemos é que a Grécia está prestes a mergulhar numa recessão ao estilo grande depressão seguindo a cartilha recessiva da austeridade. É empírico, não é um cenário.
Dizem-nos "se não pagarmos, vamos estar anos sem nos conseguir financiar nos mercados" e nós respondemos: ainda bem. Porque isso vai obrigar à mudança do paradigma económico português para a poupança. Pode arrasar o nosso poder de compra de bens importados, mas pode beneficiar os sectores exportadores devido à desvalorização cambial e fazer o país focar-se nos sectores onde tem vantagens competitivas naturais. Porque mesmo que atire o nosso desenvolvimento para níveis do paleolítico, vai criar um sistema em que a banca e a promiscuidade do estado com esta diminui e a partir daí temos a oportunidade de um novo começo, mais sustentado. Porque o próprio Euro é um monstro e os instrumentos como eurobonds ou compra de dívida por parte do BCE apenas adiam e geram um problema maior, atirando dívida para cima de dívida (como, aliás, boa parte dos alemães consideram). Porque existe o risco do euro acabar de qualquer forma quando a crise chegar a Itália, Espanha e França ou da próxima vez que um tribunal constitucional alemão recusar mais empréstimos à europa do sul. Porque com o aumento de impostos estamos a aumentar ainda mais o peso do estado na economia quando essa foi uma das causas da situação actual. Porque a banca vai pensar melhor antes de emprestar dinheiro ao próximo José Sócrates que nós, inevitavelmente, vamos eleger.
Se o cenário de Portugal não pagar as dívidas e sair do euro preocupar assim tanto os credores, o nosso governo, o BCE, a União Europeia, Merkl, então vamos conversar e ajustar o programa de resgate para algo que não nos mergulhe num apocalipse grego. Nós valemos mais do que o peso da nossa dívida no PIB europeu. O que acontecer aqui pode acontecer, por exemplo, em Espanha ou Itália, como um exemplo a seguir. E é nessa altura que negociamos, não com a faca e o queijo na mão, mas pelo menos com um pedacinho de queijo e um canivete. Não como "bons alunos" elogiados pelas próprias pessoas e instituições contra quem nos manifestamos uns dias antes, não como exemplos de "civismo" e de "dignidade", como se fossemos umas crianças com birra e o nosso protesto inconsequente e eles os nossos pais condescendentes, mas como um povo soberano que tem o poder de recusar um destino e o poder de criar outro.
é o momento por a tocar o walk like an egyptian lá em marte
Curiosity descobre rocha com forma de pirâmide
Não estão fascinados com isto? Provavelmente não porque Portugal é um país onde os jovens tiram cursos ranhosos e depois queixam-se de que não têm emprego e esperam que o estado vos arranje um, por isso, é compreensível que a ciência não vos diga nada. Encontraram uma rocha em forma de pirâmide, big deal, um pisa papéis marciano ou um brinquedo daqueles dos bebés marcianos que são aquelas formas geométricas que se metem nos buracos. Ainda se fosse um iPad ou um iPhone, talvez vos suscitasse alguma curiosidade de saber qual era o modelo. Que desgraça. Que desgraça de país. O Pacheco Pereira tem toda a razão.
Então talvez achem mais piada a esta frase do texto jornalístico que acompanha a fotografia :)
«A estranha rocha, de 25 centímetros de altura por 40 de largura, será a primeira análise de forma cruzada, ou seja que permita o cruzamento de dados. A Curiosity encontra-se agora a meio do caminho desde que... »
Não é gira? Primeiro, parece ter sido escrita por um disléxico ressacado e induz um curioso efeito de desorientação no leitor, mas o mais engraçado é a explicação La Paliciana bruscamente interrompida, a ver se o leitor passa cima dela sem prestar muita atenção. A primeira analise cruzada, ou seja, que permite o cruzamento de dados. Como nós, quando éramos putos e não sabíamos responder a uma pergunta num teste:
*efeito ondulado de flashback, sala de aulas, 7ºA, exame de história*
«Explica por palavras tuas, o que caracteriza o período do Renascimento e como se difere do período anterior, o Obscurantismo.»
Tolanito: «O Renascimento foi o período em que renasceram coisas. Essas coisas já tinham nascido antes do Renascimento, no período do Nascimento mas depois do Nascimento veio o Obscurantismo, um período em ficou tudo muito obscuro. As pessoas andavam tristes e sem vontade de fazer nada, andavam às apalpadelas na obscuridão e sofriam de raquitismo porque não sintetizavam vitamina D. Depois foi o Renascimento e foi uma grande alegria com as coisas a Renascerem por todo o lado.»
Não estão fascinados com isto? Provavelmente não porque Portugal é um país onde os jovens tiram cursos ranhosos e depois queixam-se de que não têm emprego e esperam que o estado vos arranje um, por isso, é compreensível que a ciência não vos diga nada. Encontraram uma rocha em forma de pirâmide, big deal, um pisa papéis marciano ou um brinquedo daqueles dos bebés marcianos que são aquelas formas geométricas que se metem nos buracos. Ainda se fosse um iPad ou um iPhone, talvez vos suscitasse alguma curiosidade de saber qual era o modelo. Que desgraça. Que desgraça de país. O Pacheco Pereira tem toda a razão.
Então talvez achem mais piada a esta frase do texto jornalístico que acompanha a fotografia :)
«A estranha rocha, de 25 centímetros de altura por 40 de largura, será a primeira análise de forma cruzada, ou seja que permita o cruzamento de dados. A Curiosity encontra-se agora a meio do caminho desde que... »
Não é gira? Primeiro, parece ter sido escrita por um disléxico ressacado e induz um curioso efeito de desorientação no leitor, mas o mais engraçado é a explicação La Paliciana bruscamente interrompida, a ver se o leitor passa cima dela sem prestar muita atenção. A primeira analise cruzada, ou seja, que permite o cruzamento de dados. Como nós, quando éramos putos e não sabíamos responder a uma pergunta num teste:
*efeito ondulado de flashback, sala de aulas, 7ºA, exame de história*
«Explica por palavras tuas, o que caracteriza o período do Renascimento e como se difere do período anterior, o Obscurantismo.»
Tolanito: «O Renascimento foi o período em que renasceram coisas. Essas coisas já tinham nascido antes do Renascimento, no período do Nascimento mas depois do Nascimento veio o Obscurantismo, um período em ficou tudo muito obscuro. As pessoas andavam tristes e sem vontade de fazer nada, andavam às apalpadelas na obscuridão e sofriam de raquitismo porque não sintetizavam vitamina D. Depois foi o Renascimento e foi uma grande alegria com as coisas a Renascerem por todo o lado.»
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
dois mil e quinhentos milhões de dólares
A Nasa pôs o robot Curiosity a tocar uma música dos Black Eyed Peas em Marte, tentando desta forma atrair os marcianos da margem sul. Só posso imaginar a My Humps em altos berros na desértica paisagem marciana enquanto os geeks da Nasa o controlam, em delírio:
what you gon'do with all that junk? all that junk inside your trunk?
*Sala de controlo em coro*: SCIENCE!
My hump, my hump, my hump, my hump, my hump,
*robot inicia uma série de movimentos sexys*
My hump, my hump, my hump, my lovely little lumps
Spendin' all your money on me and spending time on me.
Spendin' all your money on me, up on me, on me
what you gon'do with all that junk? all that junk inside your trunk?
*Sala de controlo em coro*: SCIENCE!
My hump, my hump, my hump, my hump, my hump,
*robot inicia uma série de movimentos sexys*
My hump, my hump, my hump, my lovely little lumps
Spendin' all your money on me and spending time on me.
Spendin' all your money on me, up on me, on me
maminhas à mostra
Recentemente um jornal francês publicou as fotos da Kate Middleton em topless e o casal real ficou chateado e processou o jornal. Eu compreendo o aborrecimento. A Kate já fazia um implante real. Não é a dimensão que está em causa, maminhas pequenas podem ser extremamente apelativas, mas sim o serem small e saggy, que são duas tags que não existem de forma combinada nos portais de pornografia, nem mesmo nos mais sórdidos.
Cá em casa isso reacendeu uma polémica conjugal, visto que a Plaft só está bem é de maminhas à mostra, especialmente na praia ou a meio de uma discussão em que me está a tentar convencer a ir a uma manifestação comunista. São maminhas dignas da categoria big naturals. Se em casa não há problema porque eu cedo sempre a argumentação de peso, na praia a coisa é diferente. Não são praias de nudismo, são praias cheias de gente, famílias, matarros a jogar à bola, pessoas com geladeiras e sogras vestidas de preto debaixo de um chapéu de sol, putos de 7 anos que ficam embasbacados e subitamente desinteressados do castelinho de areia que o pai entretanto parou de construir porque também se distraiu com qualquer coisa até a esposa se intrometer à frente de mãos na anca e a bater o pé... raios, até os cães abanam a cauda e arfam de uma maneira suspeita.
Eu vou ali a fazer músculo, todo direito, a encolher a barriga, altamente descontraído portanto. Ajuda-me pensar que as pessoas acham que ela é estrangeira e que eu sou uma espécie de Zezé Camarinha com a minha bifa. Pelo sim pelo não, orbito em torno dela à laia de biombo satélite e abro muito os braços enquanto falo para tapar o mais possível
Já lhe expliquei que maminhas nunca são neutras para um homem. Nunca. Não é por descontextualizar mamas ao passá-las para uma praia que elas se tornam "pele" como um braço ou uma orelha. O bikini é apenas um truque para podermos ver mulheres em roupa interior. O exame de palpação mamária está para os médicos heterossexuais como o exame à próstata para os médicos homossexuais. Mamas são mamas, independentemente do contexto, do momento, do local, da temperatur... bom, da temperatura não que eu já fiz a experiência com o ar condicionado do BM no máximo e tivemos de esperar no carro um bom quarto de hora até voltarem ao normal para podermos assistir à missa do casamento de um amigo, mas de tudo o resto sim.
Só me safo é nas praias da zona oeste que só têm dois modos: nevoeiro ou vento. O nevoeiro torna inútil qualquer exposição da epiderme. O vento garante uma dolorosa esfoliação moral, remetendo a Plaft a uma espécie de burka improvisada com toalhas e t-shirts, toda encolhida no pequeno covil do chapéu de sol semi-enterrado que eu preparei com alegre diligência. Nesses momento eu sorrio, indiferente à areia que se me infiltra nos dentes e risca os ray-ban e comento"está um rico dia de praia, um dia como deve ser".
Cá em casa isso reacendeu uma polémica conjugal, visto que a Plaft só está bem é de maminhas à mostra, especialmente na praia ou a meio de uma discussão em que me está a tentar convencer a ir a uma manifestação comunista. São maminhas dignas da categoria big naturals. Se em casa não há problema porque eu cedo sempre a argumentação de peso, na praia a coisa é diferente. Não são praias de nudismo, são praias cheias de gente, famílias, matarros a jogar à bola, pessoas com geladeiras e sogras vestidas de preto debaixo de um chapéu de sol, putos de 7 anos que ficam embasbacados e subitamente desinteressados do castelinho de areia que o pai entretanto parou de construir porque também se distraiu com qualquer coisa até a esposa se intrometer à frente de mãos na anca e a bater o pé... raios, até os cães abanam a cauda e arfam de uma maneira suspeita.
Eu vou ali a fazer músculo, todo direito, a encolher a barriga, altamente descontraído portanto. Ajuda-me pensar que as pessoas acham que ela é estrangeira e que eu sou uma espécie de Zezé Camarinha com a minha bifa. Pelo sim pelo não, orbito em torno dela à laia de biombo satélite e abro muito os braços enquanto falo para tapar o mais possível
Já lhe expliquei que maminhas nunca são neutras para um homem. Nunca. Não é por descontextualizar mamas ao passá-las para uma praia que elas se tornam "pele" como um braço ou uma orelha. O bikini é apenas um truque para podermos ver mulheres em roupa interior. O exame de palpação mamária está para os médicos heterossexuais como o exame à próstata para os médicos homossexuais. Mamas são mamas, independentemente do contexto, do momento, do local, da temperatur... bom, da temperatura não que eu já fiz a experiência com o ar condicionado do BM no máximo e tivemos de esperar no carro um bom quarto de hora até voltarem ao normal para podermos assistir à missa do casamento de um amigo, mas de tudo o resto sim.
Só me safo é nas praias da zona oeste que só têm dois modos: nevoeiro ou vento. O nevoeiro torna inútil qualquer exposição da epiderme. O vento garante uma dolorosa esfoliação moral, remetendo a Plaft a uma espécie de burka improvisada com toalhas e t-shirts, toda encolhida no pequeno covil do chapéu de sol semi-enterrado que eu preparei com alegre diligência. Nesses momento eu sorrio, indiferente à areia que se me infiltra nos dentes e risca os ray-ban e comento"está um rico dia de praia, um dia como deve ser".
"as mulheres não têm opiniões, têm sentimentos e impressões"
Descobri que a forma de uma pessoa se safar com qualquer afirmação é colocá-la entre aspas. Dá a sensação que foi outra pessoa que disse aquilo, já repararam? Os jornalistas utilizam muito este truque e ainda o combinam com outro, o clássico da fonte próxima. Há sempre uma fonte próxima do Governo, do líder da oposição, de um gajo importante, quando na verdade a fonte próxima é mais uma espécie de amigo imaginário do jornalista. Se eu fosse jornalista divertia-me muito.
Fonte próxima do executivo de Passos Coelho considerou as palavras de Paulo Portas "uma grande filha da putice"
ou
Fonte próxima de Miguel Relvas assegura que este "padece de iliteracia grave" e acrescenta que "é a secretária que tem de lhe ler e redigir toda a documentação"
Mas depois há contradições, como a do alegado. O alegado é uma espécie de cepticismo militante do jornalismo. O jornalista não acredita em nada assim de mão beijada, a não ser nas fontes próximas entre aspas. Um homem foi encontrado morto, crivado de balas, trata-se de um alegado homicídio (pode ser apenas alguém muito desastrado).
Para além deste truque, há outro que é chegar a uma constatação e querer escrevê-la no blogue, ver que ela é eventualmente polémica e pode suscitar reacções adversas, não ter como explicá-la sem se enterrar ainda mais e então disfarçar com um texto sobre merdas que não têm nada a ver.
Fonte próxima do executivo de Passos Coelho considerou as palavras de Paulo Portas "uma grande filha da putice"
ou
Fonte próxima de Miguel Relvas assegura que este "padece de iliteracia grave" e acrescenta que "é a secretária que tem de lhe ler e redigir toda a documentação"
Mas depois há contradições, como a do alegado. O alegado é uma espécie de cepticismo militante do jornalismo. O jornalista não acredita em nada assim de mão beijada, a não ser nas fontes próximas entre aspas. Um homem foi encontrado morto, crivado de balas, trata-se de um alegado homicídio (pode ser apenas alguém muito desastrado).
Para além deste truque, há outro que é chegar a uma constatação e querer escrevê-la no blogue, ver que ela é eventualmente polémica e pode suscitar reacções adversas, não ter como explicá-la sem se enterrar ainda mais e então disfarçar com um texto sobre merdas que não têm nada a ver.
entretanto, nas catacumbas do Palácio de Belém
- Já está, Igor! Já lhe coloquei a nova baterria! E eshta é de lithium, mais leve, mais durradourra!
- Muito biem Doutor Von Pretzel, pode sier quie diesta fiorma os piortuguieses non voltem a disconfiari que ele morrieu há mais de diez anios...
- Não deshconfiam Igor, mash nao deviamos ter deixado tanto tempo passarr até trocar o baterria. Acho queh tamben rrresolvi o prroblema dos olhos que piscam frreneticamente quando fica em currto cirrcuito em frrente aos jorrnalistas. Ajuda-me a veshti-lo. E depois vai chamarr a Maria, diz-lhe que ele está pronto e que já o pode virr buscarr.
terça-feira, 18 de setembro de 2012
o direito à indignação também se conquista
O jovem português do século XXI não é uma vítima. O jovem deve revolucionar, fazer, destronar, destruir, criar, eleger, candidatar, questionar, pensar, agir. Deixemos as jotas entregues aos jotas. Temos de criar dois novos partidos:
Um de esquerda, talvez fundado no movimento do Rui Tavares e por ele liderado e que teria potencial para absorver a parte boa do BE e do PS e um partido liberal, mas um a sério, feito de gajos muito competentes nas diversas merdas e com um manifesto muito claro e racional e que contratasse alguns ex-militantes do PCP só para organizar as coisas como deve ser, tipo mercenários profissionais.
Um de esquerda, talvez fundado no movimento do Rui Tavares e por ele liderado e que teria potencial para absorver a parte boa do BE e do PS e um partido liberal, mas um a sério, feito de gajos muito competentes nas diversas merdas e com um manifesto muito claro e racional e que contratasse alguns ex-militantes do PCP só para organizar as coisas como deve ser, tipo mercenários profissionais.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
coelhos a dar beijinhos
Estava aqui a pensar com os meus dois neurónios funcionais que não ficaram em coma devido a ausência de nicotina: então e os coelhos, dão beijinhos? Eu nunca vi e tive coelhos numa coelheira quando era pequeno. Os cães dão beijos e os gatos também, que eu já vi. Mas coelhos, nunca vi. Existe aquele estigma do "reproduzem-se como coelhos" ou do "f**** como coelhos" então fica a sensação que os coelhos só querem aquilo e nem há preliminares tipo beijinhos ou conversa fiada do género "amo-te" ou "és especial para mim" ou flores. É só chegar ali a um canto da coelheira e zuca zuca zuca já está. Acho que isso acontece porque os coelhos não têm planeamento familiar no veterinário e de cada vez que há zuca zuca são logo oito ou nove gémeos e então quando fazem o amor estão apreensivos e sem vontade de grande romantismo.
(a Plaft acabou de vir ao escritório perguntar o que é que eu estava a escrever e eu respondi "literatura a sério desta vez, juro" e ela respondeu "tenho fome")
(a Plaft acabou de vir ao escritório perguntar o que é que eu estava a escrever e eu respondi "literatura a sério desta vez, juro" e ela respondeu "tenho fome")
Plaft & Tolan em privação de nicotina há vários dias
- O que foi?
- O que foi o quê?
- Nada, chegaste a casa com uma cara... ok...
- Eu? Eu chego a casa e tu olhas para mim dessa maneira...
- De que maneira? Tu é que chegas a casa e ficas assim.
- Eu? Eu vinha bem disposto, mas mal entrei começas logo "o que foi, o que foi"...
- Tenho fome.
(...)
- Vou surfar. Fica a dormir.
- Que horas são?
- 7:30. Dorme.
- Ai, não é preciso falares assim.
- É melhor dormires, depois ficas cheia de sono.
- Tenho fome.
(...)
- Vou correr.
- Vais correr? Porquê?
- Não sei, na rua, aqui à volta do bairro, vou correr. Não corro desde o 9º ano.
- Espera Plaft, calça uns ténis e veste uma roupa desportiva qualquer...
- Hã?
- Não vás correr de havaianas, calça uns ténis.
- Ah. Sim. Onde?
- Nos pés.
- Hã?
(...)
- Puf puf puf
- estás bem?
- Puf puf puf
- Não te sentes no sofá toda transpirada.
- corri muito Puf puf... imaginei que... puf puf... estava a ser perseguida por um cigarro e ele.. puf puf puf
(...)
- Tenho calor.
- Tenho sono.
- Eu disse-te.
- Tenho fome.
- Eu tenho sede.
- Há sumos.
- Não vi sumos nenhuns.
- Há sumos no supermercado. Vai comprar.
(...)
- O que foi o quê?
- Nada, chegaste a casa com uma cara... ok...
- Eu? Eu chego a casa e tu olhas para mim dessa maneira...
- De que maneira? Tu é que chegas a casa e ficas assim.
- Eu? Eu vinha bem disposto, mas mal entrei começas logo "o que foi, o que foi"...
- Tenho fome.
(...)
- Vou surfar. Fica a dormir.
- Que horas são?
- 7:30. Dorme.
- Ai, não é preciso falares assim.
- É melhor dormires, depois ficas cheia de sono.
- Tenho fome.
(...)
- Vou correr.
- Vais correr? Porquê?
- Não sei, na rua, aqui à volta do bairro, vou correr. Não corro desde o 9º ano.
- Espera Plaft, calça uns ténis e veste uma roupa desportiva qualquer...
- Hã?
- Não vás correr de havaianas, calça uns ténis.
- Ah. Sim. Onde?
- Nos pés.
- Hã?
(...)
- Puf puf puf
- estás bem?
- Puf puf puf
- Não te sentes no sofá toda transpirada.
- corri muito Puf puf... imaginei que... puf puf... estava a ser perseguida por um cigarro e ele.. puf puf puf
(...)
- Tenho calor.
- Tenho sono.
- Eu disse-te.
- Tenho fome.
- Eu tenho sede.
- Há sumos.
- Não vi sumos nenhuns.
- Há sumos no supermercado. Vai comprar.
(...)
não fica bem a mesma coisa
estou a deixar de fumar :(
(...)
Limpei o sangue seco da boca com as costas da mão e encostei-me debaixo da varanda. Dali podia vigiar o clube de strip e esperar Natasha. Ainda tinha o ouvido direito a tinir da pancada e metade do cérebro em curto-circuito. Os filhos da mãe da máfia russa tinham de usar armamento mais pesado se queriam ver-se livres de mim. Chovia torrencialmente. Tirei uma cenoura do bolso, descasquei-a e comi um bocadinho, enquanto esperava. Tinha frio e os pés gelados.
(...)
Natasha riu-se e fez sinal ao empregado para mais duas vodkas puras. Abriu a pequena mala de mão tigresse e estendeu-me um Chupa-Chups.
-Chupa-Chups?
- Não. Só cenouras. Ou aipo.
- Hmm. Gosto de um homem quie siabe o que quier.
Natasha roeu um pouco do chupa-chups e encostou-se no sofá, absorta nos seus pensamentos, no perigo que ambos corríamos. Eu descasquei mais uma cenoura e esperei pelas vodkas.
(...)
(...)
Limpei o sangue seco da boca com as costas da mão e encostei-me debaixo da varanda. Dali podia vigiar o clube de strip e esperar Natasha. Ainda tinha o ouvido direito a tinir da pancada e metade do cérebro em curto-circuito. Os filhos da mãe da máfia russa tinham de usar armamento mais pesado se queriam ver-se livres de mim. Chovia torrencialmente. Tirei uma cenoura do bolso, descasquei-a e comi um bocadinho, enquanto esperava. Tinha frio e os pés gelados.
(...)
Natasha riu-se e fez sinal ao empregado para mais duas vodkas puras. Abriu a pequena mala de mão tigresse e estendeu-me um Chupa-Chups.
-Chupa-Chups?
- Não. Só cenouras. Ou aipo.
- Hmm. Gosto de um homem quie siabe o que quier.
Natasha roeu um pouco do chupa-chups e encostou-se no sofá, absorta nos seus pensamentos, no perigo que ambos corríamos. Eu descasquei mais uma cenoura e esperei pelas vodkas.
(...)
domingo, 16 de setembro de 2012
avante camaradas
Ainda tentei explicar à Plaft, por argumentos racionais, por que não iria à manifestação. E quando dei por mim, estava na concentração de Peniche, a gritar "O Povo Unido, Jamais Será Vencido" com cerca de uma centena de pessoas. Isto foi pequenino aqui, mas talvez por isso a presença de mais 2 tenha feito alguma diferença, especialmente jovens (havia muito poucos, estava um bom dia de praia). A Plaft estava radiante. Os discursos de comunistas à civil sucediam-se, improvisados, no meio da pequena praça. Dignidade. Liberdade. Lutar. Resistir. Senti-me numa recriação histórica. Aplaudia, repetia e gritava "Basta!" e pensava "como é que eu cheguei aqui?" um bocadinho perplexo. Mas confirmei o que pensava. O foco da raiva não é o "exterior", as pessoas sabem que os problemas estão cá dentro, pelo que "que se lixe a troika" não fez grande sentido e a iniciativa original foi um mero pretexto, calhou ser a primeira. E precisamos dos comunas nas ruas.
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
o que pode fazer um liberal?
Só a extrema esquerda (PCP, BE) tem credibilidade para organizar protestos e propor alternativas à Troika
neste contexto. Eu sou liberal como sabem e - como certamente não sabem - não existe qualquer réstia de liberalismo nem neste governo nem em qualquer outro que existiu no passado. Estou isolado, eu e meia dúzia de pessoas que lêem livros e estudam coisas. Estou habituado, isto é como gostar de Smiths e crescer numa vila de província all over again.
É como viver em ditadura. Se os resistentes são os comunistas, não é tempo para me preocupar com detalhes da organização da sociedade do futuro, mas sim com os do presente. Quando for para derrotar os comunistas nas eleições democráticas, cá estarei. Até lá, são meus aliados. Sou liberal e desde o início da crise financeira a recapitalização de bancos deveria ter sido reduzida ao mínimo e as coisas deviam colapsar saudavelmente. O novo sistema financeiro seria mais robusto, mais avesso ao risco e teria premiado os bancos mais cautelosos. .
Não me esqueço que, quando foi o crime (esse sim um saque) da privatização do BPN, só BE e PCP protestaram de forma assertiva. O negócio do BPN transitou suavemente de um governo do PS para outro do PSD / CDS com a benção do Rei, perdão, do Papa, perdão, do Presidente da República que ainda foi a tempo de retirar as magras poupanças e o beneplácito supervisor a garantir que não houve falha de supervisão. Por outro lado, PS, CDS e PSD concordaram com o bailout de bancos como o BCP ou o BPI injectando capital pago pelos nossos impostos, abdicando da justa nacionalização, salvando os accionistas privados e garantindo-lhes os ganhos futuros, enquanto nós receberemos em troca uns juros miseráveis.
E no meio disto, uma manifestação de reacção a umas medidas. Identifico-me com parte do manifesto do Que se Lixe A Troika que serve de base à manifestação de amanhã, 15 de Setembro, é assim emotivo e bonito, parabéns aos autores.
Contudo, não me consigo identificar com dois pontos fundamentais desta manifestação do que se lixe a Troika, para além do naming pueril e estúpido que vem sendo hábito nas manifestações deste tipo.
O primeiro é escamotear que o Estado como o conhecemos, e cujo desaparecimento é lamentado no manifesto, existiu em grande parte devido a financiamento externo e que esse financiamento foi excessivo.
Os alemães levam esta merda a sério. Impuseram 3% de déficit no tratado porque logo na altura houve economistas alemães que avisaram que isto podia dar merda. E o que fizemos nós, os gregos, os espanhóis? Aldrabámos. Nunca percebemos bem a necessidade essas coisas dos limites de endividamento. Escondemos os deficits reais com malabarismos de transferências de fundos de pensões, PPPs, não inclusão de obras do Metropolitano como despesa pública, buracos como o da Madeira eram desconhecidos etc.
Tudo isto denota que nem um só governante português alguma vez compreendeu o objectivo de um limite ao endividamento, mas tão só interpretou o limite como uma espécie de regra burocrática que um gajo pode contornar e fazer o jeitinho para ser eleito, precisamente porque parecia garantir o tal Estado Social e a ilusão de progresso, o mesmo que agora tantos portugueses lamentam como perdido. Nunca o tivemos, pelo menos, não o tivemos ao nível que temos hoje e nenhuma solução vai fugir a isso. Emprestaram-nos um. A crédito e a prazo.
E depois damos com estes cartazes.
Na Grécia assistimos a isto. Ficamos com o orgulho patriótico ferido e inchamos tipo peixe balão e a culpa é externa. São os especuladores, são os judeus do FMI, é a malvada da Merkl, é o contribuinte alemão que está a financiar a nossa dívida e que aceitou desbloquear mais de 190 mil milhões de euros para o BCE: eles têm a culpa. Nós, portugueses, somos umas vítimas, agora queremos as nossas vidas, quando ainda há meses tínhamos um consenso de 85% de votos nos partidos que assinaram o acordo da Troika, aquilo soava ao mesmo tipo de mama que tivemos com os fundos comunitários.
Dia 29 de Setembro há uma manifestação mais a sério, convocada pela CGTP.
A CGTP-IN convoca Jornada de Luta para Lisboa / Terreiro do Paço - Dia 29 SET, 15.00 H
para "Acabar com esta política e com este governo antes que este governo e esta política acabem com o país".
A política não funciona nem para o propósito que tem: pagar a dívida, reduzir o déficit. É útil demonstrar aos líderes europeus, à troika, ao fmi, aos alemães, que existe uma reacção à austeridade e que há um consenso contra a lógica económica dessa solução. O Governo é miserável e incompetente. Não tem credibilidade, não inspira confiança, desde o fundamental da ausência de estratégia até ao mais acessório e anedótico, como cantar o chamava-se Nini vestia de organdi horas depois de anunciar medidas draconianas. Está tudo bem. Talvez vá a essa então e aturarei estoicamente os previsíveis gritos anti-Merkl como aturo os mongas no estádio da luz a assobiar o Cardozo.
É como viver em ditadura. Se os resistentes são os comunistas, não é tempo para me preocupar com detalhes da organização da sociedade do futuro, mas sim com os do presente. Quando for para derrotar os comunistas nas eleições democráticas, cá estarei. Até lá, são meus aliados. Sou liberal e desde o início da crise financeira a recapitalização de bancos deveria ter sido reduzida ao mínimo e as coisas deviam colapsar saudavelmente. O novo sistema financeiro seria mais robusto, mais avesso ao risco e teria premiado os bancos mais cautelosos. .
Não me esqueço que, quando foi o crime (esse sim um saque) da privatização do BPN, só BE e PCP protestaram de forma assertiva. O negócio do BPN transitou suavemente de um governo do PS para outro do PSD / CDS com a benção do Rei, perdão, do Papa, perdão, do Presidente da República que ainda foi a tempo de retirar as magras poupanças e o beneplácito supervisor a garantir que não houve falha de supervisão. Por outro lado, PS, CDS e PSD concordaram com o bailout de bancos como o BCP ou o BPI injectando capital pago pelos nossos impostos, abdicando da justa nacionalização, salvando os accionistas privados e garantindo-lhes os ganhos futuros, enquanto nós receberemos em troca uns juros miseráveis.
E no meio disto, uma manifestação de reacção a umas medidas. Identifico-me com parte do manifesto do Que se Lixe A Troika que serve de base à manifestação de amanhã, 15 de Setembro, é assim emotivo e bonito, parabéns aos autores.
Contudo, não me consigo identificar com dois pontos fundamentais desta manifestação do que se lixe a Troika, para além do naming pueril e estúpido que vem sendo hábito nas manifestações deste tipo.
O primeiro é escamotear que o Estado como o conhecemos, e cujo desaparecimento é lamentado no manifesto, existiu em grande parte devido a financiamento externo e que esse financiamento foi excessivo.
Os alemães levam esta merda a sério. Impuseram 3% de déficit no tratado porque logo na altura houve economistas alemães que avisaram que isto podia dar merda. E o que fizemos nós, os gregos, os espanhóis? Aldrabámos. Nunca percebemos bem a necessidade essas coisas dos limites de endividamento. Escondemos os deficits reais com malabarismos de transferências de fundos de pensões, PPPs, não inclusão de obras do Metropolitano como despesa pública, buracos como o da Madeira eram desconhecidos etc.
Tudo isto denota que nem um só governante português alguma vez compreendeu o objectivo de um limite ao endividamento, mas tão só interpretou o limite como uma espécie de regra burocrática que um gajo pode contornar e fazer o jeitinho para ser eleito, precisamente porque parecia garantir o tal Estado Social e a ilusão de progresso, o mesmo que agora tantos portugueses lamentam como perdido. Nunca o tivemos, pelo menos, não o tivemos ao nível que temos hoje e nenhuma solução vai fugir a isso. Emprestaram-nos um. A crédito e a prazo.
E depois damos com estes cartazes.
Na Grécia assistimos a isto. Ficamos com o orgulho patriótico ferido e inchamos tipo peixe balão e a culpa é externa. São os especuladores, são os judeus do FMI, é a malvada da Merkl, é o contribuinte alemão que está a financiar a nossa dívida e que aceitou desbloquear mais de 190 mil milhões de euros para o BCE: eles têm a culpa. Nós, portugueses, somos umas vítimas, agora queremos as nossas vidas, quando ainda há meses tínhamos um consenso de 85% de votos nos partidos que assinaram o acordo da Troika, aquilo soava ao mesmo tipo de mama que tivemos com os fundos comunitários.
Dia 29 de Setembro há uma manifestação mais a sério, convocada pela CGTP.
A CGTP-IN convoca Jornada de Luta para Lisboa / Terreiro do Paço - Dia 29 SET, 15.00 H
para "Acabar com esta política e com este governo antes que este governo e esta política acabem com o país".
A política não funciona nem para o propósito que tem: pagar a dívida, reduzir o déficit. É útil demonstrar aos líderes europeus, à troika, ao fmi, aos alemães, que existe uma reacção à austeridade e que há um consenso contra a lógica económica dessa solução. O Governo é miserável e incompetente. Não tem credibilidade, não inspira confiança, desde o fundamental da ausência de estratégia até ao mais acessório e anedótico, como cantar o chamava-se Nini vestia de organdi horas depois de anunciar medidas draconianas. Está tudo bem. Talvez vá a essa então e aturarei estoicamente os previsíveis gritos anti-Merkl como aturo os mongas no estádio da luz a assobiar o Cardozo.
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Jogo: adivinhem quem é o ex!
Depois de ver a Katie Holmes, após a seraração de Tom Cruise, dizer: «Quero um homem mais alto que eu. Gosto de ser alta, mas sair com
alguém mais baixo... Apenas quero estar com alguém mais alto que eu"» pus-me aqui a pensar no que diriam outras ex (reais ou imaginárias) e criei este jogo.
Vocês só têm de adivinhar quem é o ex namorado ou ex marido :)
Ex Namorado / Marido 1
Quero um homem com mais bolas de ouro. Gosto de jogadores de futebol, mas sair com alguém que perdeu para os dois baixinhos... Apenas quero estar com alguém que seja o melhor jogador do mundo
Ex Namorado / Marido 2
Quero um homem que não me ameace de morte. Gosto de músicos portugueses, mas sair com alguém que ... Apenas quero estar com alguém que não me espanque e aponte pistolas."
Ex Namorado / Marido 3
Quero um homem que goste um pouco menos de crianças. Gosto de crianças, mas sair com alguém que ... Apenas quero estar com alguém que não me apareça a PJ à porta.
Ex Namorado / Marido 4
Quero um homem que seja bom escritor. Gosto escritores, mas sair com alguém que escreve um livro chamado "Livro"... Apenas quero estar com alguém que tenha noção.
Ex Namorado / Marido 5
Quero um blogger de sucesso e dinâmico. Gosto de ser um casal de bloggers, mas sair com alguém que se entusiasma assim por roupa da pull&bear.. Apenas quero estar com um homem.
Ex Namorado / Marido 6
Quero um homem que seja rico. Gosto de homens com algum dinheiro e colecções de arte mas sair com alguém que... Apenas quero estar com alguém que não tenha comprado tanta acção do BCP.
Ex Namorado / Marido 7
Quero um homem que goste de outro tipo de fruta. Gosto de homens que se preocupem com a saúde dos árbitros mas sair com alguém que... Apenas quero estar com alguém que não me pegue nenhuma doença.
Ex Namorado / Marido 8
Quero um homem branco, de fato. Gosto de homens brancos, de fato, mas sair com alguém que... Apenas quero estar com alguém que não esteja sempre a ouvir na rua "vai roubar prá estrada seu filha da puta!"
(mais um)
Ex Namorado / Marido 9
Quero um homem com estudos. Gosto de homens instruídos, mas sair com alguém que... Apenas quero estar com alguém que não esteja sempre a ouvir na rua "vai estudar ó Relvas"
Vocês só têm de adivinhar quem é o ex namorado ou ex marido :)
Ex Namorado / Marido 1
Quero um homem com mais bolas de ouro. Gosto de jogadores de futebol, mas sair com alguém que perdeu para os dois baixinhos... Apenas quero estar com alguém que seja o melhor jogador do mundo
Ex Namorado / Marido 2
Quero um homem que não me ameace de morte. Gosto de músicos portugueses, mas sair com alguém que ... Apenas quero estar com alguém que não me espanque e aponte pistolas."
Ex Namorado / Marido 3
Quero um homem que goste um pouco menos de crianças. Gosto de crianças, mas sair com alguém que ... Apenas quero estar com alguém que não me apareça a PJ à porta.
Ex Namorado / Marido 4
Quero um homem que seja bom escritor. Gosto escritores, mas sair com alguém que escreve um livro chamado "Livro"... Apenas quero estar com alguém que tenha noção.
Ex Namorado / Marido 5
Quero um blogger de sucesso e dinâmico. Gosto de ser um casal de bloggers, mas sair com alguém que se entusiasma assim por roupa da pull&bear.. Apenas quero estar com um homem.
Ex Namorado / Marido 6
Quero um homem que seja rico. Gosto de homens com algum dinheiro e colecções de arte mas sair com alguém que... Apenas quero estar com alguém que não tenha comprado tanta acção do BCP.
Ex Namorado / Marido 7
Quero um homem que goste de outro tipo de fruta. Gosto de homens que se preocupem com a saúde dos árbitros mas sair com alguém que... Apenas quero estar com alguém que não me pegue nenhuma doença.
Ex Namorado / Marido 8
Quero um homem branco, de fato. Gosto de homens brancos, de fato, mas sair com alguém que... Apenas quero estar com alguém que não esteja sempre a ouvir na rua "vai roubar prá estrada seu filha da puta!"
(mais um)
Ex Namorado / Marido 9
Quero um homem com estudos. Gosto de homens instruídos, mas sair com alguém que... Apenas quero estar com alguém que não esteja sempre a ouvir na rua "vai estudar ó Relvas"
até a mim me doeu :\
«Quero um homem mais alto que eu. Gosto de ser alta, mas sair com alguém mais baixo... Apenas quero estar com alguém mais alto que eu"» - Katie Holmes, após a separação de Tom Cruise.
agora sim, tudo faz sentido
Esqueçam o meu texto, o chefe da Troika não é alemão (seus racistas). Chama-se Abebe Selassie e é preto. Ah, podia ser fixe e tal, um preto, o Passos trazia a mulher para as reuniões, com uns tuperwares cheios de fubá de mandioca, um saco cheio de óculos escuros ray ban, a coisa resolvia-se...
...mas o Abebe Selassie é etíope.
Vi uma vez num videoclip com o Bono dos U2 que a Etiópia está para austeridade como a Grécia para a democracia. São o berço da austeridade. Aquilo lá é assim, educam-nos desde pequenos a conviver com ela, a ser amigos dela. Um ocidental é fraco, vai embuchado de hamburguers para a grelha da partida da maratona e perde sempre para os etíopes. Nós antes ganhávamos as maratonas, quando tínhamos austeridade. Carlos Lopes 84, Rosa Mota 88... O primeiro McDonald's em Portugal abriu em 91 e nunca mais ganhámos nenhuma, o Carlos Lopes parecia um texugo, coitado. Um etíope no fmi é uma espécie de robocop do grande capital. Aposto que foi raptado em criança de um campo de refugiados e levado para uma base secreta do FMI, tipo a Mila Jovovitch no Resident Evil, onde foi treinado por um holograma da Margaret Tatcher. Estamos lixados. Podem manifestar-se à vontade: enquanto os ossos não saírem das costelas e as nossas crianças não forem cabeçudas, os impostos vão aumentar, é assim que eles pensam.
...mas o Abebe Selassie é etíope.
Vi uma vez num videoclip com o Bono dos U2 que a Etiópia está para austeridade como a Grécia para a democracia. São o berço da austeridade. Aquilo lá é assim, educam-nos desde pequenos a conviver com ela, a ser amigos dela. Um ocidental é fraco, vai embuchado de hamburguers para a grelha da partida da maratona e perde sempre para os etíopes. Nós antes ganhávamos as maratonas, quando tínhamos austeridade. Carlos Lopes 84, Rosa Mota 88... O primeiro McDonald's em Portugal abriu em 91 e nunca mais ganhámos nenhuma, o Carlos Lopes parecia um texugo, coitado. Um etíope no fmi é uma espécie de robocop do grande capital. Aposto que foi raptado em criança de um campo de refugiados e levado para uma base secreta do FMI, tipo a Mila Jovovitch no Resident Evil, onde foi treinado por um holograma da Margaret Tatcher. Estamos lixados. Podem manifestar-se à vontade: enquanto os ossos não saírem das costelas e as nossas crianças não forem cabeçudas, os impostos vão aumentar, é assim que eles pensam.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
maldição do voraz erudito radical
Então não consigo?. Vou tentar.
As coisas dividem-se em aborrecido / divertido.
Mas comecemos pelo princípio.
Algumas crianças, por via do acaso, normalmente influências paternas ou inclinação genética, começam a desenvolver a curiosidade. Esse espírito de curiosidade faz com que classifiquem coisas novas, estranhas e provocadoras como divertidas e coisas repetitivas e fáceis ou simplesmente más como aborrecidas.
Começam a desenvolver o espírito crítico para distinguir as duas e os dois campos vão evoluindo. Há obras que nos parecem fenomenais aos 16 anos e aos 25 são lixo, um bocado como os ministros que elegemos, ao fim de uns meses de governo.
Em casos raros, os seres humanos continuam com curiosidade após o período de juventude, mas maior parte das pessoas perde a curiosidade quando começa a ter intercurso sexual. Felizmente, não foi esse o meu caso ou o teu. És claramente, como eu, um virgem tardio, que perdeu muito tempo e muita energia a pensar em merdas em vez de apalpar mamas.
Em qualquer caso, quando somos mais cultos temos de nos esforçar para encontrar o divertido e a quantidade de coisas aborrecidas aumenta exponencialmente, o que também é uma maldição. Um dos sintomas dessa maldição, a que eu chamo "a maldição do voraz erudito radical", é o despontar de uma frieza emocional perante coisas formalmente mais primitivas e imperfeitas, mas belas como uma flor na primavera. Se achaste a cena da flor pindérica, então cuidado, é um sintoma de maldição do voraz erudito radical.
Grande parte da literatura americana pós-Melville, até meados do século XX, que tu desconsideras, tem exactamente as mesmas características que a literatura russa do século XIX que admiras, excepto dar-se o caso da primeira antecipar cronologicamente a segunda e ser evidentemente clássica e canônica, algo que a segunda nunca poderá ser. Seria o mesmo que admitir que pode vir aí uma banda mais importante que os Beatles.
Também partilham a característica de serem periféricas. Os monumentos egrégios estão em Inglaterra, Itália, França ou Alemanha, as nações dos filósofos, dos poetas, do saber acumulado. Os russos do século XIX e os americanos até meados do século XX têm uma enorme lata. São punks virtuosos que tiveram acesso a guitarras eléctricas sem consciência do solfejo. A arte é visceral e tem uma execução simples, mas primorosa (excepto em Dostoievsky em muitos casos, mas não obstante o resto compensa largamente - cuidado com a maldição do voraz erudito radical). Não exibem a erudição que tinham. Vivem num mundo que está em transformação, rude, grotesco, provinciano, violento, em convulsão social, com distinções radicais de classes, onde as grandes questões ainda se colocam e perante as quais estão isolados enquanto seres pensantes e não amparados por estruturas ancestrais como nos países berços da cultura. Têm de pensar em termos claros e precisos.
Tudo isto contribui para lhes acerbar a solidão e angústia existencial que é impossível de existir num escritor parisiense ou inglês que passou a tarde num bistrot a beber chocolat chaud (não se bebe chocolat chaud no bistrot mas rima) e que obriga, como Céline, a encontrá-la noutras paragens. É isso que me afasta de Proust ou Nabokov, só para citar dois. São gajos que atrofiam com coisas como a grande angústia que é encontrar a metáfora perfeita, o parágrafo mais elegante para descrever um rosto feminino, quando o que eu quero saber é se aquela cabra vai levar o herói ao suicídio, ao duelo ou ao homicídio, à boa maneira russa.
Concedo que nunca li frases tão elegantes, espontâneas e originais que conseguissem provocar imagens mentais tão complexas e ricas como as de Nabokov, mas estão ao serviço de algo que é manifestamente pouco canídeo, demasiado intelectual. Admito que sou indiferente a páginas com descrições de morfologia de borboletas, por exemplo.
Tu falas-me Melville e eu contraponho com outro contemporâneo dele, o Mark Twain. A partir daí é fácil perceber o resto, a bifurcação. Melville instiga-me um sentimento de respeito, reverência e indiferença no íntimo, como a que sente José Sócrates por filosofia por exemplo. Tal como ele, eu também me inscrevo no curso de Melville e leio a sua obra para depois não ser desconsiderado pelos vorazes eruditos radicais a quem tento explicar que Bukowski é bom. Mas é-me estéril do ponto de vista de reacções e emoções que me provoca, nomeadamente, criativas. Twain dá-me vontade de correr atrás de coelhos e levantar as saias às raparigas.
A partir desta bifurcação é fácil entender onde vamos parar os dois nos EUA, no século XX e porque motivo eu gosto até do pior (Kerouac, Hemingway...), do melhor (Salinger, Capote...) e do humano imperfeito (Bukowski, Fante...). Cuidado pois, com a maldição do voraz erudito radical, especialmente a sua variante anglófila.
Tenho a perfeita consciência que perdi o foco do texto a meio mas estou um bocado cansado agora, vou jantar. Quero também dar os parabéns aos admiradores de Garcia Marquez, Paul Auster, Philip Roth ou Valter Hugo Mãe que conseguiram chegar ao fim deste texto sem se sentirem sub-liminarmente insultados, como era natural que se sentissem.
As coisas dividem-se em aborrecido / divertido.
Mas comecemos pelo princípio.
Algumas crianças, por via do acaso, normalmente influências paternas ou inclinação genética, começam a desenvolver a curiosidade. Esse espírito de curiosidade faz com que classifiquem coisas novas, estranhas e provocadoras como divertidas e coisas repetitivas e fáceis ou simplesmente más como aborrecidas.
Começam a desenvolver o espírito crítico para distinguir as duas e os dois campos vão evoluindo. Há obras que nos parecem fenomenais aos 16 anos e aos 25 são lixo, um bocado como os ministros que elegemos, ao fim de uns meses de governo.
Em casos raros, os seres humanos continuam com curiosidade após o período de juventude, mas maior parte das pessoas perde a curiosidade quando começa a ter intercurso sexual. Felizmente, não foi esse o meu caso ou o teu. És claramente, como eu, um virgem tardio, que perdeu muito tempo e muita energia a pensar em merdas em vez de apalpar mamas.
Em qualquer caso, quando somos mais cultos temos de nos esforçar para encontrar o divertido e a quantidade de coisas aborrecidas aumenta exponencialmente, o que também é uma maldição. Um dos sintomas dessa maldição, a que eu chamo "a maldição do voraz erudito radical", é o despontar de uma frieza emocional perante coisas formalmente mais primitivas e imperfeitas, mas belas como uma flor na primavera. Se achaste a cena da flor pindérica, então cuidado, é um sintoma de maldição do voraz erudito radical.
Grande parte da literatura americana pós-Melville, até meados do século XX, que tu desconsideras, tem exactamente as mesmas características que a literatura russa do século XIX que admiras, excepto dar-se o caso da primeira antecipar cronologicamente a segunda e ser evidentemente clássica e canônica, algo que a segunda nunca poderá ser. Seria o mesmo que admitir que pode vir aí uma banda mais importante que os Beatles.
Também partilham a característica de serem periféricas. Os monumentos egrégios estão em Inglaterra, Itália, França ou Alemanha, as nações dos filósofos, dos poetas, do saber acumulado. Os russos do século XIX e os americanos até meados do século XX têm uma enorme lata. São punks virtuosos que tiveram acesso a guitarras eléctricas sem consciência do solfejo. A arte é visceral e tem uma execução simples, mas primorosa (excepto em Dostoievsky em muitos casos, mas não obstante o resto compensa largamente - cuidado com a maldição do voraz erudito radical). Não exibem a erudição que tinham. Vivem num mundo que está em transformação, rude, grotesco, provinciano, violento, em convulsão social, com distinções radicais de classes, onde as grandes questões ainda se colocam e perante as quais estão isolados enquanto seres pensantes e não amparados por estruturas ancestrais como nos países berços da cultura. Têm de pensar em termos claros e precisos.
Tudo isto contribui para lhes acerbar a solidão e angústia existencial que é impossível de existir num escritor parisiense ou inglês que passou a tarde num bistrot a beber chocolat chaud (não se bebe chocolat chaud no bistrot mas rima) e que obriga, como Céline, a encontrá-la noutras paragens. É isso que me afasta de Proust ou Nabokov, só para citar dois. São gajos que atrofiam com coisas como a grande angústia que é encontrar a metáfora perfeita, o parágrafo mais elegante para descrever um rosto feminino, quando o que eu quero saber é se aquela cabra vai levar o herói ao suicídio, ao duelo ou ao homicídio, à boa maneira russa.
Concedo que nunca li frases tão elegantes, espontâneas e originais que conseguissem provocar imagens mentais tão complexas e ricas como as de Nabokov, mas estão ao serviço de algo que é manifestamente pouco canídeo, demasiado intelectual. Admito que sou indiferente a páginas com descrições de morfologia de borboletas, por exemplo.
Tu falas-me Melville e eu contraponho com outro contemporâneo dele, o Mark Twain. A partir daí é fácil perceber o resto, a bifurcação. Melville instiga-me um sentimento de respeito, reverência e indiferença no íntimo, como a que sente José Sócrates por filosofia por exemplo. Tal como ele, eu também me inscrevo no curso de Melville e leio a sua obra para depois não ser desconsiderado pelos vorazes eruditos radicais a quem tento explicar que Bukowski é bom. Mas é-me estéril do ponto de vista de reacções e emoções que me provoca, nomeadamente, criativas. Twain dá-me vontade de correr atrás de coelhos e levantar as saias às raparigas.
A partir desta bifurcação é fácil entender onde vamos parar os dois nos EUA, no século XX e porque motivo eu gosto até do pior (Kerouac, Hemingway...), do melhor (Salinger, Capote...) e do humano imperfeito (Bukowski, Fante...). Cuidado pois, com a maldição do voraz erudito radical, especialmente a sua variante anglófila.
Tenho a perfeita consciência que perdi o foco do texto a meio mas estou um bocado cansado agora, vou jantar. Quero também dar os parabéns aos admiradores de Garcia Marquez, Paul Auster, Philip Roth ou Valter Hugo Mãe que conseguiram chegar ao fim deste texto sem se sentirem sub-liminarmente insultados, como era natural que se sentissem.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
avaliação da Troika ao Governo
- Que scheibe de indicatorres son estes? Que deficit es este merda? Non conseguen perceberr que 3% es diferrente de 5%?! Es assim tao dificil deh compreenderrr ficken ma phodam!?
- Mas eu...
- SILENTZIO! sieht Spannungen! Tu, tu aí estás com cara de parrvo, não perrcebes nada de ekonomia e és minishtro do finanças?
- Eu? Eu sou o primeiro ministro.
- Ah. Tu é que esh ele? Então quem é eshte que tá a olhar parra o relatório com carra de parvo?
- Esse é o Carlos, o nosso motorista. Carlos, traz-nos um café sim? O meu com adoçante. O Vítor Gaspar é este senhor. Ele é o ministro das Finanças, o responsável por isso tudo. Vítor, chega aqui, apresenta-te.
- Olá, muito...boa tarde... eu sou o Vitor.... Gaspar... como... está...?
- Meine Gott... John, make a note, they have mentally disabled people worrking in the goverrnment... Vamosh continuarr o reunião. Primeirro ponto da avaliação. Eshtão prontos? Preparrados!? Não vale terr cábulas. Primeirra pergunta: um hund fofinho, um cachorro, está no meio do autobahn. Vocêsh estão no vosso mercedes a 150km/h a caminho de uma reunião onde vao decidir que a idade legal para trabalharr desce para 8 anos de idade num regime fiscal especial de 100% de imposto sobre rrendimento (medida #42 a serr implementada em 2014). O que fazem?
A) Parram o carro para ajudar o cachorro?
B) Passam por cima do cachorro?
-B!
- B!
-A!
- Carlos, não deves intervir na reunião, retira-te por favor.
- Mas ó sôtor, se passar por cima do cão vai arrebentar com a grelha toda do Mercedes. O arranjo daquilo fica-lhe por uns trezentos contos...
- SILENTZIO! O motorrist tiene razão! Passarr por cima de um hund pode prejudicar o deficit devido aosh custos de arranjo do auto! Tsk tsk... falharram a primeirra. Segunda pergunta. Há um manisfestação de desagrado à nova medida de aushteridade que obriga os professores não colocados a proshtituir-se no algarve (medida #21 previshta para 2013). A polícia deve intervir com a) Balas a sério b) Balas de borracha?
- A quanto é que está a borracha Vitor?
- Acho que... acho que a... 0,3 dólares por... quilo...
- E as balas a sério, aquilo é o quê, chumbo? O chumbo é mais pesado, deve ser mais caro... B. B!
-B.
- Nein! Errado outrra vez! Exigimosh medidas permanentes de reducion de deshpesa! Eshtruturais! Balas de borracha só resolvem prroblemas temporariamente e de depoish tem de resolver uma e outra e outra vez, semprre com dinheirro do contribuinte alemão!
- Mas eu...
- SILENTZIO! sieht Spannungen! Tu, tu aí estás com cara de parrvo, não perrcebes nada de ekonomia e és minishtro do finanças?
- Eu? Eu sou o primeiro ministro.
- Ah. Tu é que esh ele? Então quem é eshte que tá a olhar parra o relatório com carra de parvo?
- Esse é o Carlos, o nosso motorista. Carlos, traz-nos um café sim? O meu com adoçante. O Vítor Gaspar é este senhor. Ele é o ministro das Finanças, o responsável por isso tudo. Vítor, chega aqui, apresenta-te.
- Olá, muito...boa tarde... eu sou o Vitor.... Gaspar... como... está...?
- Meine Gott... John, make a note, they have mentally disabled people worrking in the goverrnment... Vamosh continuarr o reunião. Primeirro ponto da avaliação. Eshtão prontos? Preparrados!? Não vale terr cábulas. Primeirra pergunta: um hund fofinho, um cachorro, está no meio do autobahn. Vocêsh estão no vosso mercedes a 150km/h a caminho de uma reunião onde vao decidir que a idade legal para trabalharr desce para 8 anos de idade num regime fiscal especial de 100% de imposto sobre rrendimento (medida #42 a serr implementada em 2014). O que fazem?
A) Parram o carro para ajudar o cachorro?
B) Passam por cima do cachorro?
-B!
- B!
-A!
- Carlos, não deves intervir na reunião, retira-te por favor.
- Mas ó sôtor, se passar por cima do cão vai arrebentar com a grelha toda do Mercedes. O arranjo daquilo fica-lhe por uns trezentos contos...
- SILENTZIO! O motorrist tiene razão! Passarr por cima de um hund pode prejudicar o deficit devido aosh custos de arranjo do auto! Tsk tsk... falharram a primeirra. Segunda pergunta. Há um manisfestação de desagrado à nova medida de aushteridade que obriga os professores não colocados a proshtituir-se no algarve (medida #21 previshta para 2013). A polícia deve intervir com a) Balas a sério b) Balas de borracha?
- A quanto é que está a borracha Vitor?
- Acho que... acho que a... 0,3 dólares por... quilo...
- E as balas a sério, aquilo é o quê, chumbo? O chumbo é mais pesado, deve ser mais caro... B. B!
-B.
- Nein! Errado outrra vez! Exigimosh medidas permanentes de reducion de deshpesa! Eshtruturais! Balas de borracha só resolvem prroblemas temporariamente e de depoish tem de resolver uma e outra e outra vez, semprre com dinheirro do contribuinte alemão!
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
grande post, foda-se
Não se preocupem que ninguém lê livros - http://elogiodaderrota.blogspot.pt/
Dostoiévski, Gogol, Friedman e Passos Coelho. Larguem mas é o facebook.
domingo, 9 de setembro de 2012
algumas soluções para a crise
A crise económica é grave. Reduzir a despesa e aumentar a receita é a única via viável, desde que constitucionalmente constitucional. Exige-se um esforço de todos para poupar naquilo que puder ser poupado (lâmpadas economizadoras etc.) Os investidores precisam de confiar no nosso país e isso só se consegue com uma relação aberta, honesta, sem sentimento de posse ou ciúme em que cada um pode ser como é e não exige ao outro que mude. O PS não está para mais austeridade e o PSD também não estará para mais austeridade quando for oposição. Uma solução era todos os partidos estarem na oposição e nenhum no governo e assim nenhum defenderia a austeridade. Caso isso fosse impossível de aplicar, o governo eleito poderia entrar em greve assim que tomasse posse. Outro problema é o desemprego elevado. Uma solução é baixar o número de desempregados. É apenas uma medida, mas há outras, como aumentar o número de empregados. Uma medida seria considerar que cada desempregado é um profissional liberal em que a profissão poderia ser "enviador de currículo". Como cada profissional liberal tem de pagar cerca de 170 euros por mês só por abrir actividade, matava-se dois coelhos de uma cajadada. Para além de reduzir o desemprego a zero, ainda se obtinha uma receita adicional.
Os políticos dizem que Portugal sair do euro é impossível. Nesse caso é o euro que tem de sair de Portugal. É certo que fomos nós que o convidámos e agora é um bocado indelicado mostrar-lhe a porta da rua. Uma solução é tornarmos a situação desagradável para ele e deixá-lo ir embora por vontade própria, como um convidado que não sai de nossa casa e a gente já não abre mais garrafas de vinho, começa a bocejar e a ver televisão até ele, depois de uns minutos de silêncio, olhar para o relógio e dizer "bem... então vou andando para um banco suíço..." Entretanto, podemos voltar a usar o escudo como moeda nacional, utilizando para padrão algo como nozes ou pinhões ou outro fruto seco caro para a moeda não desvalorizar logo e aproveitar para vender as reservas de ouro e comprar mais nozes e pinhões. O exército teria de ser treinado para nos proteger de uma invasão de esquilos.
Numa altura destas o importante é estarmos unidos e trabalharmos em conjunto, com cada um a dar o melhor que tem. As pessoas de esquerda devem trabalhar para ajudar com greves e as pessoas de direita com cargas policiais. Todos ocupados a resolver problemas em conjunto e com boa vontade. Para evitar problemas, as palavras de ordem nas manifestações podiam ser um pouco mais cordiais, coisas como "Senhor Ministro, isso não é correcto! Estás mas é armado em esperto!" ou "Fome! Pobreza! Que grande indelicadeza!" etc. e a polícia de choque podia usar martelinhos do São João ou alho porro e os canhões atiravam vinho ou espuma para fazer uma festa, mas se usassem vinho avisavam antes para as pessoas não trazerem roupa boa para a manifestação porque o vinho deixa nódoa.
Entretanto, é preciso garantir que a banca não vai à falência porque isso seria desastroso, seria como tentar jogar monopólio sem ninguém a fazer de banca e a contar as notas mil escudos de cada vez que uma pessoa quer comprar o Rossio ou a Rua Augusta. Ficávamos todos a olhar uns para os outros "e agora?" e a encolher os ombros, aborrecidos, a olhar para os hotéis e as casinhas sem ninguém os poder comprar. Para evitar que a banca vá à falência o truque é os bancos pedirem dinheiro emprestado uns aos outros e sempre que um está a ir à falência pede dinheiro a outro e assim sucessivamente, até um dia as pessoas deixarem de dizer que o John Lennon não é nada a não ser um sonhador maluquinho e perceberem que ele não é o único, mas apenas um de todos. Em vez de deitar fora o que está estragado, pouparemos, ao reparar as coisas antigas nos estaleiros de viana. O exército estará entretido a enxotar as hordas de esquilos salteadores das avelãs da reserva nacional mas a nossa soberania será garantida pela RTP que repelirá os espanhóis com a sua programação projectada em ecrãs gigantes montados nas fronteiras.
Todas estas medidas demoram algum tempo a ser aplicadas. No entretanto, para resolver o problema no curto prazo, Cavaco Silva pode decretar que 2013 e 2014 em Portugal passam apenas a ter 1 dia e esse dia é de trabalho. Marca-se um fim de semana para aplicar essa medida e os portugueses trabalharão 48 horas no fim de semana 2013/2014 e ninguém pagará salários nesses dias e teremos um superavit de milhares por cento e a troika e os alemães ficarão rendidos à nossa genialidade para resolver problemas e entraremos logo em 2015, um ano que os economistas dizem que será de retoma e crescimento.
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
road rage
Deixo-vos com uma selecção dos melhores bocados do Arrumadinho destas últimas semanas apanhei-os por acaso no outro dia quando estava naquele estado sonolento de internet browsing em que fico indeciso entre ver road rage na rússia ou quedas de cliclismo:
«Ontem ao jantar falava com alguns amigos sobre os projectos em que estou a trabalhar. Às tantas, um deles riu-se e disse-me que já tinha saudades de ouvir alguém falar com entusiasmo e motivação sobre aquilo que faz, coisa que também lhe acontece a ele, mas que é cada vez mais difícil de encontrar. Tive de concordar.»
Teve de concordar. Ele nem queria, mas tsk tsk.. a humanidade. Aqui sobre o romance que está a escrever:
Sinto-me uma espécie de Deus do mundo daquelas pessoas, com poder para decidir quem se apaixona por quem, quem morre, quem sobrevive, que é bom e mau, quem faz asneiras ou segue o caminho correcto. É um desafio que me está a preencher. Dou por mim, no carro, a pensar no destino de todos, na forma mais surpreendente e eficaz de fazer avançar a história, de como posso preencher algumas lacunas com pormenores curiosos, dando-lhes um passado, acrescentando-lhes familiares, apoiando-os em novos amigos.
Quem faz as asneiras? Quem segue o caminho correcto? As questões que atormentam Shakespeare, sempre eternas. Não perca. Aqui sobre roupa da pull&bear, até tinha fotos e preços:
O laranja é uma das minhas cores preferidas, e das que mais usei neste Verão. Fica bem com quase tudo, é alegre, tem muita vida e acho que transmite optimismo e boa-disposição. Na Pull&Bear há este mesmo modelo em muitas outras cores. É um básico, mas, como se sabe, os armários vivem da combinação de uma boa variedade de básicos com peças mais fortes. [foto de catálogo da t-shirt, com preço]
É verdade que o laranja (e o rosa já agora) transmite optimismo, porque é preciso ser optimista para o usar. Aqui um dos mais interessantes, sobre cultura e jovens:
Há dias surpreendi-me quando uma miúda de 21 anos me disse que nunca tinha visto o "Top Gun". Depois escandalizou-me quando me perguntou o que era o "Tog Gun". (...) Mais tarde, dei por mim a pensar naquilo. E mudei de ideias. Não, não é normal que se desconheçam fenómenos deste género, ou filmes importantes que marcaram décadas.(...)Claro que nem todos os miúdos são assim. Claro que haverá os que continuam a ser interessados, a ler, a entender os fenómenos, a procurar. Mas a verdade é que nove em cada dez dos que tenho conhecido não são assim. Ora aqui está uma boa razão para os que se acham à rascar poderem distinguir-se: tornem-se mais cultos, intelectualmente mais activos e vão ver que acabam por se distinguir dos outros, por sobressair, e isso poderá fazer toda a diferença quando tiverem de enfrentar uma selecção.
Claramente, aquela miúda de 21 anos não escolheu o caminho correcto, mas sim o das asneiras. E agora, para descomprimirem e relaxarem, um videozinho de road rage na Rússia.
«Ontem ao jantar falava com alguns amigos sobre os projectos em que estou a trabalhar. Às tantas, um deles riu-se e disse-me que já tinha saudades de ouvir alguém falar com entusiasmo e motivação sobre aquilo que faz, coisa que também lhe acontece a ele, mas que é cada vez mais difícil de encontrar. Tive de concordar.»
Teve de concordar. Ele nem queria, mas tsk tsk.. a humanidade. Aqui sobre o romance que está a escrever:
Sinto-me uma espécie de Deus do mundo daquelas pessoas, com poder para decidir quem se apaixona por quem, quem morre, quem sobrevive, que é bom e mau, quem faz asneiras ou segue o caminho correcto. É um desafio que me está a preencher. Dou por mim, no carro, a pensar no destino de todos, na forma mais surpreendente e eficaz de fazer avançar a história, de como posso preencher algumas lacunas com pormenores curiosos, dando-lhes um passado, acrescentando-lhes familiares, apoiando-os em novos amigos.
Quem faz as asneiras? Quem segue o caminho correcto? As questões que atormentam Shakespeare, sempre eternas. Não perca. Aqui sobre roupa da pull&bear, até tinha fotos e preços:
O laranja é uma das minhas cores preferidas, e das que mais usei neste Verão. Fica bem com quase tudo, é alegre, tem muita vida e acho que transmite optimismo e boa-disposição. Na Pull&Bear há este mesmo modelo em muitas outras cores. É um básico, mas, como se sabe, os armários vivem da combinação de uma boa variedade de básicos com peças mais fortes. [foto de catálogo da t-shirt, com preço]
É verdade que o laranja (e o rosa já agora) transmite optimismo, porque é preciso ser optimista para o usar. Aqui um dos mais interessantes, sobre cultura e jovens:
Há dias surpreendi-me quando uma miúda de 21 anos me disse que nunca tinha visto o "Top Gun". Depois escandalizou-me quando me perguntou o que era o "Tog Gun". (...) Mais tarde, dei por mim a pensar naquilo. E mudei de ideias. Não, não é normal que se desconheçam fenómenos deste género, ou filmes importantes que marcaram décadas.(...)Claro que nem todos os miúdos são assim. Claro que haverá os que continuam a ser interessados, a ler, a entender os fenómenos, a procurar. Mas a verdade é que nove em cada dez dos que tenho conhecido não são assim. Ora aqui está uma boa razão para os que se acham à rascar poderem distinguir-se: tornem-se mais cultos, intelectualmente mais activos e vão ver que acabam por se distinguir dos outros, por sobressair, e isso poderá fazer toda a diferença quando tiverem de enfrentar uma selecção.
Claramente, aquela miúda de 21 anos não escolheu o caminho correcto, mas sim o das asneiras. E agora, para descomprimirem e relaxarem, um videozinho de road rage na Rússia.
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