segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

eu não gostava de ser os Beatles ou os Stones, eu gostava era de ser os Kinks

MacBook Air, eu resisto-te

Sempre que vou à Fnac, oiço o chamamento de sereia do stander da Apple. Odeio a Apple, odeio o sentimento de pertencer ao rebanho das pessoas que acham que o Steve Jobs é novo messias e que usar auscultadores brancos é sinal de riqueza intelectual e que o iPhone dá jeito. Mas filha da puta de MacBook Air. Aquele alumínio escovado, aquelas teclas bem separadas e bonitas, aquela espessura ínfima... Este fim de semana não resisti e toquei-lhe. Ainda andei às voltas, na parte dos jogos de PS3, nos livros, mas na realidade o meu objectivo era o MacBook Air. Tive de lhe tocar para ver se era real. Primeiro, envergonhado por estar gente a ver, mas depois de sentir o suave toque das teclas, perdi-me, comecei a apalpar o computador de alto a baixo, a sentir-lhe o processador Intel Core 2 Duo a 1.6Ghz, a deslizar as minhas mãos pelo seu corpo leve e compacto, sem o peso da bateria interna de polímero de lítio de 35 watts/hora, testei o teclado, a escrever inícios de romances em catadupa, tchk tchk tchk, a sonhar com prémios nóbeis, poemas infinitos, imagens de mim na esplanada da Gulbenkian, a fumar e escrever no meu MacBook Air, finalmente parte da paisagem, e uma bailarina etérea a morder o lábio a dizer-me "que belo Mac, adoro homens com Macs"... saí do transe quando um senhor gordinho e suado me deu um encontrão, também queria tocar no MacBook Air. Afastei-me, ainda olhei por cima do ombro, cheio de ciúmes e perturbado pelas manápulas do gordo a ensebarem o teclado do meu MacBook. Resisti, resisti, resisti... a caminho da saída, uma miúda com um ipod nas escadas rolantes, na mesa do café um geek com o iPad, dois gajos com o iPhone ARrggghhhh
Corri o mais depressa que pude. Uma vez no parque de estacionamento, dentro do carro, encostei a cabeça ao volante e recuperei as forças. Estava a tremer.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Rogério Alves

Quando o José Eduardo Bettencourt ou o Filipe Soares Franco foram eleitos, eu ri-me cá para os meus botões benfiquistas. A endogamia das elites nunca apura os genes da sobrevivência necessários no mundo real. Mas o Rogério Alves? Falam de "apoio alargado" nos jornais. Apoio alargado de quem? Só vejo antecessores e a banca, os meus amigos do Sporting não gostam dele.

Devo dizer que nunca fiquei entusiasmado pelo Luís Filipe Vieira e em diversas ocasiões senti alguma vergonha pelo estilo truculento e aquela fase insuportável em que a teoria da conspiração (que existe) era utilizada em momentos onde não se justificava, para fugir à realidade, num discurso de propaganda bastante básico e mais próprio do clube das Antas. Na verdade, ser benfiquista inspira-me muitas vezes um sentimento de desconforto e crises de identidade. Quando vou ao estádio é frequente olhar à minha volta e não me rever em ninguém, mais ninguém trouxe o Todas as Dores do Mundo do Schopenauer para ler no intervalo, nem um ipod para ouvir Steve Reich, como sucede na própria claque do Juve Leo por exemplo. O que eu pensei, e que é natural pensar-se, é que para alguém como o Luís Filipe Vieira chegar onde chegou sendo ele aquilo que é (o orelhas) é porque outras qualidades haveria de ter, umas qualidades algo primitivas que eu, por exemplo, não tenho. Nem o Rogério Alves. Mas tem o apoio alargado. Boa sorte, saudações Benfiquistas.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

post padrão #22, a blogger feminina que critica mulheres

Gosto de ser mulher e não me considero pouco feminina. Mas as mulheres quando se juntam têm a mania de [COMPORTAMENTO SUPERFICIAL ALEATÓRIO]. É uma coisa que não suporto! A sério, eu também gosto de [VERSÃO SUAVIZADA DO COMPORTAMENTO PARA MOSTRAR QUE NÃO SE É POUCO FEMININA] de vez em quando, mas será que só há isso na vida? São mulheres assim que [COMPORTAMENTO SUPERFICIAL ALEATÓRIO] dão às mulheres a má fama. Deve ser por isso que a maior parte dos meus amigos são homens.

[INSERIR COMENTÁRIOS DE EMPATIA DAS MULHERES QUE SE IDENTIFICAM TODAS COM A BLOGGER E DE HOMENS QUE DIZEM QUE GOSTAM DELAS ASSIM COMO A BLOGGER]

post padrão #45, o blogger incompreendido

As pessoas à minha volta não me percebem. Quando eu [ATITUDE/COMPORTAMENTO] ficam todos preocupados comigo ou estranham. Já não se pode [ATITUDE/COMPORTAMENTO]? Eu sempre [ATITUDE/COMPORTAMENTO] e vou continuar a [ATITUDE/COMPORTAMENTO]. Admito que se calhar devia mudar porque as pessoas levam a mal que [ATITUDE/COMPORTAMENTO]. Mas não me preocupa o que os outros acham e não é agora que me vai começar a preocupar. Sou como sou.

[INSERIR COMENTÁRIOS DE EMPATIA DOS 100% DE LEITORES QUE SE IDENTIFICAM COM A ATITUDE/COMPORTAMENTO E TÊM O MESMO PROBLEMA DE SEREM INCOMPREENDIDOS POR TODOS]

youtube thumbs up counter

Jogger- Nephicide: 33 thumbs up and counting

não, não vou postar, este também não

e minha casa é fria e tenho os pés gelados. Não gosto de beber vodka pura mas já não tenho sumos. Deixei de jogar GT5 e voltei ao BattleField2 que tem um modo online decente. De cada vez que reescrevo qualquer coisa no romance com a intenção de compactar, escrevo mais e ainda meto mais uma personagem. O que me obriga a reescrever tudo dali para a frente. Sou extremamente impaciente com estados fixos, mesmo que confortáveis e bons, porque tenho medo de morrer (não que queira, não é algo depressivo, mas parece-me inevitável) e queria morrer de cansaço, de ver as mesmas coisas em loop e fartar-me aos 70-80 anos. Paradoxalmente, o que me dá mais saudades são as rotinas, os rituais que já não tenho, coisinhas pequenas. O pior no fim de uma relação não é o fim da paixão, um estado delirante, normalmente baseado numa concepção errada e por isso frágil, mas as coisas pequenas e os rituais, como a posição a adormecer por exemplo, costas com costas e pés nos pés, para aquecer, ou um abraço. Às vezes interrogo-me se o resto da humanidade adormece assim, alguém alguma vez faz conchinha com o José Sócrates ou o Cavaco Silva, não sei, tenho as minhas dúvidas. Cada vez tenho mais vontade de ter um cão. Ou uma cadela. Sim, com uma cadela podia fazer conchinha e dar-lhe beijos no focinho, com um cão era demasiado gay. Não gosto de pessoas que

estou extremamente desinspirado para o blog

Tenho optado por não postar o que escrevo. É-me impossível fazer daqueles mini posts de duas linhas com algo irónico.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

grande Rita

Esta gaja faz-se.

41 personas no pudieron encasillar esta canción en un género musical específico


comentário ao fabuloso video acima dos Jogger, com 11 thumbs up, há esperança na humanidade e, incrivelmente, nos comentadores espanhóis do youtube (dica: espere-se pelo menos até ao minuto 2:00)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

finish

Finish - Charles Bukowski
We are like roses that have never bothered to
bloom when we should have bloomed and
it is as if
the sun has become disgusted with
waiting

carta de Fernando Pessoa a Ofélia

Exma. Senhora D. Ophélia Queiroz:

Um abjecto e miserável indivíduo chamado Fernando Pessoa, meu particular e querido amigo, encarregou-me de comunicar a V. Ex.ª — considerando que o estado mental dele o impede de comunicar qualquer coisa, mesmo a uma ervilha seca (exemplo da obediência e da disciplina) — que V. Ex. ª está proibida de:

(1) pesar menos gramas,
(2) comer pouco,
(3) não dormir nada,
(4) ter febre,
(5) pensar no indivíduo em questão.

Pela minha parte, e como íntimo e sincero amigo que sou do meliante de cuja comunicação (com sacrifício) me encarrego, aconselho V. Ex.ª a pegar na imagem mental, que acaso tenha formado do indivíduo cuja citação está estragando este papel razoavelmente branco, e deitar essa imagem mental na pia, por ser materialmente impossível dar esse justo Destino à entidade fingidamente humana a quem ele competiria, se houvesse justiça no mundo.

Cumprimenta V. Ex. ª
Álvaro de Campos
eng. Naval

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

isto não é só palhaçada ok?

O meu texto maldito, sobre o livro do Houellebecq e outras coisas interessantíssimas, postado, apagado, postado, reescrito 24 vezes, está aqui num blogue como deve ser, o Tenho Estado a Ler Whitman, foi a única forma de me livrar dele sem ser pelo delete.

tão importante como os dois cafés da manhã

(já postei esta mas hoje é sexta) Gary Wilson - Hold Back The Daylight


Gary Wilson - Electric Endicott

Powered by mp3skull.com

Tendo a ouvir obsessivamente algumas faixas durantes semanas, por vezes meses, às vezes o resto do álbum até fica por ouvir se calhar a faixa ser uma das primeiras dos respectivos álbuns.

é sexta feira

É sexta feira

Gostas de sextas feiras
Talvez mais do que de
Sábados
Porque às sextas
o Sábado
Vem aí
No Sábado o Sábado
Está a ir
cheio de pressa
mas o Domingo é o pior
Porque a segunda é
Miserável
E é no dia a seguir
ao Sábado
Não tenho nada de especial
A dizer sobre a terça

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

molhei as calças @_@

sofro de ADHD

Típicas e úteis notas que encontro nos meus blocos utilizados em reuniões de trabalho:

meeting cliché ranking:
"novo paradigma": IIIIIIIIIIIIII 14 vezes we have a winner!!!
"sinergia": IIIIII 6 vezes
"no fim do dia / ao final do dia": III 3 vezes
"work in progress":  :( zero!!?

Corrigir slide 23 na próxima apresentação e resumir a introdução, está longa demais!!
Pesquisar base de dados do INE e Banco de Portugal, Turismo de Portugal etc. etc. levantamento geral de dados para caracterização macroeconómica do sector etc. etc para incluir na proposta técnica blah blah etc
Aquela miúda do departamento de comunicação é gira, perguntar ao C o nome, não fixei, step 1 linkedin, step 2 facebook, step3 "tenho um blogue" step 4 perder o emprego
Um esquimó idoso bêbedo deu um trambolhão no gelo, ficou cheio de pisaduras e até a dentadura lhe saltou da boca. Uma foca ia a passar e disse “Deus dá esquimoses a quem não tem tem dentes arf arf arf” (desenvolver ideia, foca que foca (focar), urso polar bipolar, pinguim pinguim... pinguado? pínguas de chuva? pinguim pingua amor meets urso polar bipolar polarizado, raposa repousa, raposa rapper
Cliente pouco receptivo ao estudo interno, fizeram recentemente um de clima interno, pedir ao C. que me envie o mesmo. Possível erro nas estimativas do ano passado, rever metodologia, é provável que a mudança de empresa de trabalho de campo tenha tido impacto nas amostras, pedir ao T e o R que me revejam as bases
Cláudia, chama-se Cláudia,
Sugerir metodologia combinada online, offline, quantificação dos canais e ROI, modelo regressivo para estimar eficácia do marketing mix em 2008, 2007, desistir definitivamente da ideia do estudo interno, não é prioritário, rever a nossa metodologia de estudo interno
foca: o que foi, não me consegues focar velho esquimó? Eu foco-te bem arf arf foste às esquimoas! arf arf
a Cláudia tem coldplay no toque do telemóvel, cuidado

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Pessoas que perderam o emprego e agora tiveram de arranjar outro: o professor que agora é Padre

- Meus irmãos, silêncio! Silêncio meus Irmãos! Sentem-se! O recreio acabou há 5 minutos! Silêncio!... Bom. Bem vindos à casa de Deus, neste dia santo em que se celebra a Solenidade da Epifania do Senhor e o Milagre da Santa Engrácia do Sagrado Coração Misericordioso de Piedade e Bom Senso, que ao dia quinze de Janeiro do século um depois de Cristo, conseguiu passar no exame de condução de quadrigas da escola Romana, apesar de ser mulher. Fizeram os Exercícios Espirituais? Todos? Tantas mãos no ar… Dona Francisca, ao altar. Recite então uma passagem da primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios, pode ser a 15:45-49.
- Não trouxe a Bíblia, devo ter-me esquecido.
- Falta de material. Já é a 3ª este mês, olhe que vai parar ao inferno por faltas de material...
- Padre, a Dona Francisca tem Alzheimer.
- Desculpem, esqueci-me. Desculpe Dona Francisca, pode parar de chorar, está tudo bem, está tudo bem…
* Vamos fazer queixa de si Padre! Traumatizou a Dona Francisca Padre! O Padre vai perder emprego, não foi pedagógico! Vou fazer queixa ao meu filho que é do tribunal eclesiástico Padre, vai ver!*
- Calma, calma! Desculpem, já pedi desculpa caramba, por favor não façam isso, foi sem querer, vá... para a semana vamos todos numa visita de estudo ao Mosteiro dos Jerónimos, hein?
* Boooring *
- Pronto, e passamos no MacDonalds lá ao pé, happy meals para todos
* Ehhhhh!!!*
- Vamos continuar. Então pode ser a Dona Aurora a responder, está sempre aqui na fila da frente com a mão no ar e é a única que me presta atenção… venha ao altar.
- Sim Padre. É a 15:45-49? O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial.
- Obrigado, pode sentar-se. Alguém percebe o que isto significa, a passagem “E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial”?
- É a Google, Padre! O Google Earth e o Google Sky!
- Muito engraçadinha a sua filha Dona Odete, agradecia que a mantivesse calada durante a missa. Alguém? Então? Ninguém? Tem de ser a Dona Aurora a responder outra vez? Diga lá Dona Aurora.
- Significa que todo o ser humano carrega em si a ideia de Deus e do céu, para além da imagem do terreno onde vive durante a sua existência mortal. É a ideia de transcendermos a nossa existência mortal e…
- Sim, sim, chega, sente-se, obrigado. Vamos agora corrigir os exercícios espirituais... hei! Quem atirou a hóstia? Quem foi o engraçadinho? Quem é que me atirou a hóstia às costas? Não dizem? Não dizem? Muito bem, no fim da aula, tudo no confessionário, fila indiana! Isto já está a descambar, vocês querem que eu seja mau, eu sou mau! Já bastou a piada de meterem bloody marys na Taça do Vinho Sagrado, eu não estou para aturar mais a vosssa indisciplina! Ouviram!?
- Não pode ralhar connosco assim Padre, o meu sobrinho trabalha nas Ciências da Educação Religiosa do Ministério da Educação Religiosa e diz que sempre que o Padre levanta a voz está a reprimir o nosso eu criativo em desenvolvimento.
- Epá não me f... bem... capítulo II do livro de excercícios Católicos Aplicados. Menina Teresa, página 32, exercício 1, leia o enunciado.
- Jesus pronunciou: - "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim ainda que morra viverá. E todo o que vive e crê em mim nunca morrerá eternamente:" João 11:25. Considere o cenário em que o Pedro, católico, fica em coma devido a uma colisão frontal com um camionista sindicalizado. Os pais de Pedro, membros do partido comunista, dizem que o cérebro de Pedro morreu e que devem desligar a máquina e assassiná-lo. A decisão difícil cabe a Tiago, um médico católico. Sabendo que 70% de Pedro está morto e 30% vivo, e que os 30% ligados a uma máquina morrem à razão de 21/25n por mês, e que a ressureição implica a morte de 100% da pessoa humana para viver eternamente, estime quanto tempo demorará até que Pedro esteja 100% morto para poder ressuscitar e aparecer em casa dos pais comunistas com a conta do hospital e justifique. É permitido ao aluno o uso de calculadora gráfica para o exercício."
- Muito bem, Teresa, qual é a resposta. Utilizou a progressão geométrica de…
*i want to fly away, I want to flyyyy awaaaay yeaaah yeaah*
- Agradecia que desligassem os telemóveis! Dona Carla, desligue o telemóvel.
- Não!
- Dê-me cá o telemóvel. Pronto, onde é que isto se desliga… No fim da missa dou-lhe o telemóvel.
- Dá-me o telemóvel já!
- Sente-se Dona Carla! O que está a fazer!?
- Dá-me o telemóvel já! Dá-me seu cabrão, dá-me o telemóvel, larga! LARGA!
- Larga velha, LARGA O TELEMÓVEL!!!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

graças aquele videozinho do surf descobri estes gajos e este disco castiço

esta faixa é muito boa ou é impressão minha?

as bebidas da Kapital faziam-me ver este tipo de coisas


(diz-se que era dos químicos congelantes para o gelo, davam um efeito parecido a meth, uma droga que em Portugal nunca teve grande expressão)

agora pus a fasquia muito alto

Isto é o mal de vos mimar com textos geniais, já caí neste erro no passado, uma pessoa começa a subir a bitola e depois vem um texto pior e ouve-se "ah, este não é tão bom como o anterior" e eu atiro-me para o chão em desespero, sou muito frágil. Com as pessoas é a mesma coisa, acho que não devemos fazer aqueles esforços para as surpreender com uma boa atitude só porque na véspera lemos mais um livro de auto-ajuda e vamos cheios de bom karma para o escritório porque isso só vai tornar evidente o nosso estado lastimoso no dia seguinte, após uma noite de copos. A propósito, comprei uma GoPro HD. Mesmo não sendo grande coisa no surf, prometo-vos umas imagens bonitas do género destas, uma coisa que gosto muito é meter-me em beach breaks violentos e brincar, o mar é tão fixe e eu ia morrendo afogado aos 10 anos foi numa piscina vigiada, a lição que retirei para a vida é que a morte surge quando estamos distraídos e não quando estamos concentrados e alertas.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Pessoas que perderam o emprego e agora tiveram de arranjar outro: o criativo publicitário que agora trabalha nas obras

- Meu, larga o caralho do telemóvel, passa-me a broca, temos de furar o betão para passar os cabos ainda hoje...
- Isto não é um telemóvel Djalmão, é um iphone. Ai, mal consigo mexer nisto, tenho as mãos cheias de bolhas…
- Temos de ter o parede do prédio pronta às seis da tarde meu. Quero tirar o pé para ir buscar minha dama ao comboio, estás a boelar aí parado e o patrão deu ordens a Djalmão para não tirar a pata do candengue das calças queima bilhas, por isso, trabalha!
- As calças “queima bilhas” são umas WESC de Nova Iorque “meu”: We Are the Superlative Conspiracy. Não há disto cá em Portugal, parecem umas 501 mas este corte aqui assim ó, este botão, vês a diferença?
- Usa calça larga como Djalmão puto.
- Por acaso as tuas calças são fixes... Onde é que compraste essas calças? São mesmo vintage? Já vinham com o efeito sandlbasting e bleached ou fose tu que...
- Não é calça queima bilhas como as tua, passa-me a broca puto, esta aqui avariou o motor elétrico.
- Compra um Mac.
- Vais ficar parado a dar jajão o dia todo?
- Só não gosto do conceito desta parede Djalmão, é demasiado igual às outras paredes do prédio! Qual é o conceito?
- Parede é parede! É um prédio! Tu bebeu muita bitola boiado!
- Alguma vez viste o meu portfolio pá? Eu ganhei o prémio Melhor Campanha Activa de Point of Sale de Guerrilha Strategy Buzz de 2008! E o prémio Activation Brand Sell of Point Online Offline Below the Line Above the Line Under the Line Between the Lines, categoria new talents, de 2006!
- Ui, Djalmão quer dar gasosa às seis e ser pago, vamos furar o parede agora!
- Não, estás a ser racional demais… vamos fazer um brainstorm criativo, espera, deixa-me abrir o moleskine. O briefing que nos deram, que eu anotei foi “é para fazer os cabrões dos buracos das caixas de derivação para o caralho dos cabos de electricidade e passar o primário para a 1ª demão, e a andar foda-se” . E tu estás simplesmente a pensar de forma demasiado racional, sem conceito. Quantas paredes iguais a esta já viste? Temos oportunidade de deixar a nossa marca no prédio, criar buzz. Podíamos assim desenhar letras com a broca e furar as paredes com frases como “isto não é uma parede” em todas as paredes, era uma coisa original, ou então "isto é a sala de jantar" na casa de banho e "isto é a casa de banho" na sala de jantar! Temos de…
- ÉS TÃO CREMOSA! PASSAVA-TE NO PÃO E COMIA-TE TODINHA!
- O que foi? Porque estás a gritar para a rua?
- Olha-me aquela dama, ui ui, que mbunda…
- É interessante é, gosto dos óculos de massa, deve estudar ali na Nova...
- Olha puto, outra dama: TANTA CARNE BOA E DJALMÃO A PASSAR FOME! Ih ih ih… olhou!
- Mas foi-se embora também. Djalmão, alguma vez arranjaste uma mulher assim a gritar para a rua?
- O quê? Tu tá cacimbado puto, Djalmão agora tem de trabalhar e furar o parede, vamos...
- Mas pensa nisso Djalmão! Vou-te arranjar uns headlines, nem precisam ser long copys! Ok, qual é o teu selling point? Aquilo que te torna diferente dos outros?
- Djalmão tem 206 kitado com aparelhagem alpine, quando põe kizomba ele...
- Não, não pode ser isso, o teu target aqui é urban alternative. Outra coisa?
- Barraco tem sportv, um primo meu consegue desloquear a boxe.
- Espera, vou pensar um bocado, há aqui algum brainstorm lounge? Em 10 minutos resolvo isto, sou um génio ouviste? Um génio, eu ganhei o Activation Brand Sell of Point Online Offline Bellow the Line Above the Line Under the Line Between the Lines
- Volta aqui puto! Puto! Já deu gasosa... Djalmão fura isso sozinho.
(...)
- Pronto Djalmão, está aqui!
- Tu voltou!? Djalmão está quase a acabar o parede.
- Tenho a ideia, isto é genial, vem aqui para a varanda, para rua, daqui vêem-te bem quando vierem a descer a rua, agora é só por este balde ao contrário, e este também, e aqui este prato de plástico, e tu sentas-te aqui nestes tijolos, toma estes pauzinhos e vais fingir que estás a tocar bateria quando eu meter o iphone com o mp3 a tocar no máximo, mas só começas a tocar quando aparecer a bateria, antes fazes assim um ar concentrado e sério antes ok?
-Tu tá cacimbado?
- A sério, confia em mim... olha, vem lá uma...
I CAN FEEL IT COMING IN THE AIR OF NIGHT

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

a vida real é overrated

Comprar, kitar e guiar o Ford Mach 1 de 1969 no GT5 na playstation.

As pessoas devem perder amigos à medida que envelhecem porque…

… a julgar pelo que se vê no facebook, a correlação entre a idade e o número de amigos é extraordinariamente negativa. Um jovem de 15 anos tem em média 642 amigos e um sénior de 60 e muitos tem cerca de uma dúzia e normalmente são só familiares também séniors (os netos devem, naturalmente, rejeitar-lhe os pedidos de add).

Esta relação negativa não pode ser explicada apenas pela morte, natural ou acidental, dos amigos das pessoas. É possível que uma pessoa de 15 anos perca cerca de 30 a 40% dos amigos por morte antes de chegar aos 65 anos, especialmente pessoas que façam amigos em guerras ou em bairros problemáticos com toxicodependentes, alcoólicos, criminosos e/ou homossexuais. Mas não chega para justificar este desbaste. Uma explicação possível seria a de que as novas gerações fossem mais amigas do seu amigo, menos individualistas que as gerações anteriores. Uma pessoa como o Pedro Magalhães poderia observar que isto tem a ver com a média de idades das pessoas que aderem ao facebook e que no universo dos jovens quase 100% tem facebook enquanto na 3ª idade a pct rondará os 2%, mas penso que isto é falacioso e pouco imaginativo. O meu palpite é o de que as pessoas se vão simplesmente chateando ao longo da vida e acabam por ficar sozinhas e com poucos amigos, a não ser que criem um facebook para os gatos que acumulam ou então para pessoas que já morreram, só para matar as saudades e prestar homenagem. Se calhar fazem isso, criam as contas de pessoas mortas, depois fazem login e fingem que são elas e desatam a fazer likes a tudo e mais alguma coisa, especialmente aos próprios status, e deve ser algo bastante creepy de se ver.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Pessoas que perderam o emprego e tiveram de arranjar outro: o psiquiatra que agora é vendedor de automóveis

- Boa tarde, posso ajudá-lo?
- Estou interessado neste BMW X3, mas isto agora com a crise... não sei...
- Deixe-me só colocar aqui o cronómetro. Temos 15 minutos, esteja à vontade. O que aprecia em particular neste automóvel?
- O que aprecio? O design. E o Tiguan do meu cunhado é um pigmeu ao pé deste BMW X3, este parece tão grande e forte. Mas é um bocado caro, 54 mil euros. Nem tenho contrato de trabalho ainda.
- Hmm… kleinen salsichen syndrom…
- O que foi? Porque está a tirar notas.
- Porque é importante para si a potência, dimensão e grossura do carro que conduz?
- Porquê? Não sei, é mais seguro, se chocar estamos mais protegidos.
- Tem medo de morrer? Pensa na morte de forma recorrente?
- Não, mas ando todos os dias na estrada, há com cada maluco.
- Acha que é por isso apenas… “desejo de segurança”?
- Só sei que não gosto daqueles carros pequeninos e frágeis, parecem umas latas ou umas coisas de plástico, se batem de frente contra um X3 não há safa possível.
- Hmm hmm… itsy bitsy kleinen salsichenzinha syndrom...
- A tirar notas de novo? O que está praí a murmurar?
- Estou apenas a ouvi-lo com atenção. Então e prefere a versão diesel ou gasolina?
- Diesel, claro.
- E como caracterizaria a sua vida sexual?
- A minha vida sexual!?
- Se não lhe apetecer falar nisso eu compreendo, podemos falar de outra coisa, o que quiser. Estofos em pele?
- Estofos em pele é um extra um bocado caro, mas... mas porque raio falou na vida sexual? Acha que eu preciso de carro para sacar gajas?
- Repare que não fui eu que disse isso e por mim o assunto estava encerrado. O senhor é que o está a dizer. Porque acha que fez essa pergunta e insiste nesse ponto?
- Você é que falou nisso! Eu saco as gajas que eu quiser, ouviu? Não preciso deste X3 nem de nenhum carro para nada!
- Espere, espere.... Sabe que se quisesse mesmo um carro para “sacar gajas”, para usar a sua expressão, nem eu nem ninguém poderíamos censurar esse seu desejo, é inteiramente legítimo. Sente-se culpado por querer manifestar a sua potência e virilidade através de um automóvel?
- Culpado!? Não! Mas eu não quero isso, só quero um carro seguro e económico e bonito e...
- Não digo que seja o seu caso, mas se fosse, saiba que teria razão em boa parte. As mulheres ainda percepcionam os seus alpha männlich cobridoren como tendo um papel relevante na hierarquia social. Sinais exteriores de sucesso e força induzem fantasias, indudizisten fantasian, e lubrificação sexual da vagina na via pública, koninen molhaden. É científico.
- Bem eu... não é que eu queira isso mas...
- A uma pessoa que, vamos supor, quisesse isso, eu receitava-lhe este aqui.
- O BMW X6M? Não posso comprar esse, custa 170 mil euros!
- Compreendo.
- A sério, já estou endividado com as prestações da casa. Teria de usar as poupanças dos meu avós e eles precisam delas para a reforma, isto só para dar uma entrada, depois teria de pedir a quase totalidade do empréstimo e pagar a prestações, não sei se tenho emprego ainda no mês que vem...
- Vou ajudá-lo. Por favor inspire fundo e olhe-me nos olhos.
- O quê está a fazer?
- Descontraia... descontraia... está numa praia... numa ilha paradisíaca...
- Sim mestre... @_@
- a ouvir Enya...
- Odeio Enya...
- Então outra merda qualquer, Vivaldi?
- Não sei o que é... mestre...
- Ok, ignore a música... vai obedecer a tudo o que eu lhe disser e acreditar que tudo é verdade.
- S... sim mestre...
- Quando eu contar até 3 e estalar os dedos, você vai acordar cheio de vontade ter um BMW X6M e vai assinar o contrato hoje mesmo acordando o empréstimo máximo de 75% do valor total. Vai acreditar que com o BMW X6M irá ter todo o sexo que alguma vez desejou e será imortal também.
- S... sim mestre.
-1,2 espere, já agora, é de que clube?
- Benfica, mestre.
- E acordará do Sporting e convencido para sempre que o Sporting joga o melhor futebol do mundo e nada do que lhe disserem o vai demover dessa opinião. E que o Benfica rouba em todos os jogos e é o pior clube do mundo e o responsável pelo 11 de Setembro.
- S... sim mestre...
- 1, 2, 3 *clac*
- Wow! Quero este carro já! Despache-se que quero ir ao estádio ver o jogo. Onde assino?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

promessa de mudar

Com um rol de promessas e um DVD dos U2, reconquistei a confiança da minha namorada Princesa. Parte das minhas promessas tiveram a ver com um suposto desejo genuíno de mudança da minha pessoa. Disse-lhe que iria mudar certos hábitos e comportamentos que causaram stress na nossa relação e que a fizeram perder parcialmente o interesse em mim e retomar perigosos contactos com o ex namorado que já percebi que era fuzileiro, ou isso ou traficante de droga, isto foi só umas coisas que apanhei e que envolviam armas de fogo de calibre militar e ciúmes. Já sei que algumas vozes cínicas se vão levantar e dizer que é pouco correcto alguém transformar-se numa pessoa que não é só para agradar a outra. Primeiro, é neste princípio que reside a base das relações humanas em geral. E segundo, os meus defeitos podiam ilustrar todos os livros de auto ajuda que já li (e foram muitos) naqueles capítulos dedicados à sensibilização, com exemplos reais de pessoas miseráveis nas quais o leitor se pode rever. Portanto, também pensei que a Princesa me podia ser útil no intuito de me transformar numa pessoa mais feliz e fisicamente saudável. É certo que não passa de teatro, no íntimo, mas é como aquela terapia do riso, não importa o motivo da risota, o que conta é o efeito do acto físico de rir. Portanto, por mais que odiasse correr com ela às 7:30 da manhã às voltas na Cidade Universitária, com um cigarro ao canto da boca, a verdade é que aquilo me teria feito bem nos dias em que não desmaiava à 4ª volta e acordava com ela a dar-me estalos na cara e a sibilar “levanta-te mariquinhas, está tudo a olhar”. Isso e passar pela decathlon depois, comprar mais um stock de barrinhas de cereais e líquidos hidratantes, que já topei que até são bons para as violentas ressacas de vinho rasca que bebo quanto estou sozinho. Fez parte da negociação trocar a corrida pela surf.

Um desporto de que gosto é o surf. Gosto de fazer surf, é uma afirmação estética do corpo enquanto objecto frágil exposto aos elementos mais brutais da natureza, há qualquer coisa de Caspar Friedrich na imagem do surfista de costas para o espectador, enfrentando a fúria do mar. E é essencialmente esse o motivo que me leva a fazer surf e acredito que a maior parte dos surfistas sente o mesmo.
O problema é que exagerei um pouco nos meus supostos dotes de surfista e criei elevadas expectativas e este fim de semana, sem saber bem como, vi-me atirado para o Lagide em mar de dois metros, com ventos gélidos acima de 20 nós offshore, com um fato de verão, em cima de uma placa de rocha a 50cm de profundidade coberta de ouriços de mar. De maneiras que optei por parecer ocupado, remando de um lado para o outro, evitando cuidadosamente a rebentação pelo elegante acto de largar a prancha e mergulhar e fechando os olhos quando uma das crianças surfistas de uma equipa local em treinos vinha direita a mim.
Felizmente, a Princesa é um pouco míope e havia lá um surfista bastante bom com um fato escuro parecido com o meu. Ela não me distinguia do promontório, onde o carro estava estacionado, pelo que no fim bastou-me dizer que apanhei umas “ondas do caraças” e ela disse “eu vi” e deu-me beijinhos e parece que ficou com qualquer coisa vagamente semelhante a respeito e admiração no olhar, algo que nunca lhe arranquei por sacar uma medalha de ouro numa corrida extreme no GT5 na ps3. Também estava gelado a sério e essa parte não era a fingir, nem a parte de ter de ser ela a conduzir porque não sentia os pés e ao largar a embraiagem quase que atropelei um casal de velhotes com um caniche.

humor para mulheres


Sou dos poucos homens straight em Portugal a achar que os 6 fotogramas acima atingem o pináculo da evolução humana no que respeita ao humor. Já desisti de forwardar cenas do http://icanhascheezburger.com para colegas, porque o comentário habitual variava entre "gostas muito de coisinhas fofinhas destas?" com ar desconfiado e o "não gosto de gatos", quando não me calha enviarem-me de volta piadas com bebés a imitar cantores de hip-hop. Nestas coisas, o melhor é não provocar as pessoas e não lhes suscitar o desejo de retribuir com videos de bebés a imitar cantores de hip-hop, quando não são pretos a falhar respostas no quem quer ser milionário angolano.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

lol, os Beatles não têm um telemóvel 3G sincronizado com o gmail e outlook :)) losers...

série pessoas que perderam o emprego e tiveram de arranjar outro: o gestor de redes informáticas que agora trabalha na Zara

- Bom dia, tem esta camisola em XS?
- Eish, isso é uma uber complicação... Vai-me obrigar a ir consultar a base do inventário que está a fazer o update e nem deve estar actualizado. Só indo mesmo ao armazém ver.
- E… pode ir ver então?
- Mesmo que vá ver é possível que esteja na secção errada, eles aqui arrumam tudo mal, aqueles n00bs, metem camisolas XS na prateleira das M, no outro dia tinham as calças 38 nos cabides com etiquetas das de 40, depois tenho eu de andar a scanar e a arrumar tudo outra vez.
- Mas eu gosto mesmo desta camisola, combina mesmo bem com uma mala que tenho. Pode ir ver?
- Mas quer essa? Isso é um tecido misto, com poliester, politereftalato de etila: C10H8O4 … Eu se fosse a si não queria C10H8O4 no meu corpo. Só a estou a avisar. As pessoas querem as coisas porque dizem que “combina” ou “fica bem” ou “gosto do Vista”, nunca querem Linux, depois ficam com a pele toda instável e cheia de alergias. Porque não leva antes esta aqui, em algodão, 94% celulose, 6% glicose, bom algodão, tamanho XL, estável…
- Mas essa cor é horrível! E é XL, eu sou XS!
- É XS agora, mas quando começar a engordar das porcarias que come vai parar ao XL num instante, já sei como é e depois vem-me pedir a mim para lhe trocar a camisola e deve pensar que eu não faço mais nada.
- Eu não como porcarias!
- Ai não? Uma pessoa que mete politereftalato de etila na pele diz que “não come porcarias”. É como aquelas que chegam aqui e compram as minisaias que estão na montra e depois queixam-se da webcam que eu pus no provador porque "querem privacidade". Elas querem é desmagnetizar-me as etiquetas! Sabe o trabalho que dá magnetizar etiquetas? Pensa que é chegar ali e é por magia, como aquelas pulseiras powebalance. Agora uma camisolinha de algodão, estável, isso já não compram.
- Eu não vou levar essa camisola XL! Adeus!
- Então e se engravidar por aí nessas noites em que sai e apanha bebedeiras ou se droga? Vai para casa com homens que nem conhece, engravida, precisa de roupa larga e e quem é que tinha razão? Pwnage! Eu! E quem é que a menina vai chatear? vai-me chatear a mim! vai dar-me trabalho!!! @#%! vai-me aparecer aqui com a camisola DE politereftalato de etila, CHEIA DE NÓDOAS DE cerveja, vómito seco e esperma e COM A MALINHA A COMBINAR E vai-me pedir para trocar pela XL de algodão que eu lhe sugeri agora! mas nessa altura já não vai estar aqui a camisola!!!! vou ter de ir ao armazém ver se há XL e está tudo fora do sítio no armazém porque aqueles n00bs desarrumam tudo! @#%!  Adeus... Vaca...

os meus discos preferidos não interessam a ninguém #31: The Smiths - Hatful of Hollow (1984)


With such strong material forming the core of the album, it's little wonder that Hatful of Hollow is as consistent as The Smiths and arguably captures the excitement surrounding the band even better.- AMG

mas a poder votar noutro, votava neste:

Não no Michel Houellebeq, no Clément, o cão.

...por exclusão de partes

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

há alturas em que penso que o meu blogue deve parecer isto

pessoas que perderam o emprego e tiveram de arranjar outro: o banqueiro que agora é taxista

- Boa tarde.
- Muito boa tarde.
- Queria ir para a rua Actor Tasso, é uma paralela à Fontes Pereira de Mello, sabe onde é?
- Com certeza. Temos percursos para a Fontes Pereira de Melo, Avenida Duque de Loulé, Avenida da Liberdade, Marquês de Pombal...
- Mas eu queria ir para a Actor Tasso, é perto do Sana Capitol Hotel, fica mesmo numa parela à Fontes Pereira de Melo.
- Lamentamos, a não ser que seja cliente Premium Taxi Executive VIP, a nossa oferta só inclui estes percursos às taxas de mercado.
- Não me pode levar para a rua Actor Tasso?
- Lamento muito, o sistema informático não deixa.
- Pergunte lá a um responsável, isto não faz sentido...
- Muito bem... RETALIS, aqui taxi 503, tenho um cliente que quer ir para uma rua não disponível na oferta básica. Escuto.
- Alô 503. É cliente Premium Taxi Executive VIP? Escuto.
- O senhor é cliente Premium Taxi Executive VIP?
- Não!
- O senhor diz que não. Escuto.
- Então não pode ser. Escuto.
- Como vê, não é possível. Tenho imensa pena.
- Que maçada! Estou atrasado para uma reunião!
- Está interessado em ser cliente Premium Taxi Executive VIP? Temos uma série de condições especiais e acordos com o ginásio Holmes Place e oferecemos uma torradeira com bluetooth e mp3 que...
- Não, deixe lá, leve-me então para a Fontes Pereira de Melo.
- Muito bem, deseja ouvir música? Pode seleccionar a estação de rádio que quiser.
- Então ponha aí na Antena 1, está quase a dar o noticiário.
- Com certeza. A temperatura está boa assim? Quer que feche a janela?
- Está um bocadinho frescote, feche lá a janela, obrigado. E pode ir um pouco mais depressa?
- Com certeza.
*CLUNK*
- Que barulho foi este!?
- Qual barulho?
- O para-choques traseiro caiu!
- Não se preocupe, está tudo bem.
*SLANK*
- Saiu uma jante disparada! Quero sair, deixe-me sair!
- Se sair agora tem de pagar a totalidade da tarifa. Mas não se preocupe, são apenas alguns problemas com peças mas que serão rapidamente tratados.
- Mas, mas... O Taxi está a cair aos bocados! Deixe-me sair!
- Não se preocupe, isto era o nosso intermediário na Alemanha que nos arranjava os Mercedes que comprava a checoslovacos que os iam buscar à Polónia que os montavam de peças compradas a ciganos Romenos, mas está tudo bem agora, excelente carro, de confiança, não ligue a boatos.
- O carro está a deitar uma fumarada!
- Ah, o depósito devia ter um restinho de gasolina de marca branca, isto nunca se sabe o que metem nos depósitos... no tempo do Salazar as coisas não eram assim. No outro dia apanhei um preto no martim moniz que...
(...)
- Muito bem, chegámos... são 22 euros e 56 cêntimos.
- O quê!? O taxímetro diz 8 euros!
- Temos de incluir a taxa de escolha de música, taxa climatização e taxa de urgência...
- Qual "taxa de escolha de música", o que é isso?
- Estava estipulado nas condições do serviço dos nossos taxis.
- Onde!? Não vi nada!
- Debaixo do tapete dos pés do passageiro do lado encontrará a lista de condições do nosso serviço e as taxas aplicáveis nos casos em que...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

*glup* @_@

pessoas que perderam o emprego e tiveram de arranjar outro: o advogado que agora é empregado de mesa

- Olhe, se faz favor, eu pedi água fresca, esta está natural...
- Exmo. Cliente, a sua petição inicial contida na exordial não logrou agasalho nos meus orgãos auditivos. Manifesto repúdio pelo lapso procedual que inquinou o procedimento subsequente à sua exortação. O estabelecimento acolherá a sua observação com agravo e procederá à efectivação do mesmo conforme estabelecido no contrato comercial do regime geral da restauração.
- O quê?
- Não ouvi, peço desculpa, trago-lhe já outra.
(...)
- Exmo. Cliente, perante a objecção disposta no momento procedual precedente, a saber, o momento da entrega do recipiente com água mineralizada superavitariamente acima dos limites térmicos pressupostos no requerimento oral, entregamos um recipiente albergado em contentor refrigerador durante um período superior a 12h e que, consequentemente, se encontra na espectro termal por si especificado.
- O quê!?
- Esta aqui está fresquinha. E para almoço, o que deseja?
- O que é que sai mais rápido? Estou com pressa.
- Exmo Cliente, festinare docet. A imprecisão linguística contida no seu requerimento oral, leva-me a indeferi-lo por ausência de sentido objectivamente objectivo. Não obstante, e por prova de boa fé da Nossa parte, visto que aequiparat factum nobile velle bonum, se o Exmo Cliente ao usar a intervenção coloquial "sair mais rápido" especificava especificamente o tempo cronológico de confecção das refeições nutricionais deste estabelecimento legal, é nossa fulcral obrigação incontornável retorquir-lhe que a totalidade do leque de panóplia de universo dos repastos inclusos no cardápio do dia cinco de Janeiro de 2011 no período entre as 12:00 e as 15:00 e que elenca com devido pormenor a constituição e o preço dos mesmos, possuem tempos cronológicos de confecção e alicerção logística idênticos.
- O quê?
- Está tudo a sair rápido, digamos assim.
- Então queria um frango de caril se faz favor. E depressa!
- Utilius tarde quam nunquam!

série pessoas que perderam o emprego e tiveram de arranjar outro: o consultor que agora é canalizador

- S...sim?
- Bom dia, tenho uma reunião com a senhora Alzira Costa. Sou o canalizador da Forrester Daymon Lynch & Plumbing - estende cartão.
- É o canalizador?
- Exactamente.
- Ah, desculpe, sou a Alzira, pensei que fosse testemunha de Jeová, assim com o fato, entre, entre...
- Com licença.
- Deseja um café, uma água?
- Obrigado, estou bem. Aguardo no hall?
- Não, não, pode já tratar disto, é o lavatório da cozinha que está entupido, o meu marido ontem ainda despejou soda cáustica e esteve com o desentupidor mas isto não deu e a empregada vem hoje, de maneiras que...
- Muito bem. Vou-lhe mostrar os trabalhos que fizemos até hoje. Tem projector? Não, deixe estar, não é preciso, somos só os dois, podemos ver a apresentação no meu computador. Onde posso ligar o portátil?
- Olhe, não é preciso, eu só queria mesmo desentupir o lava-loiças e...
- Está a arrancar. Isto do windows demora um eternidade a fazer o start up... Ok, power point... está quase... A Forrester Daymon Lynch & Plumbing nasceu em 1982 pela mão de dois canalizadores de Massamá, chamava-se Silva & Fagundes Desentop. Aqui no slide são os dois fundadores ao pé do nosso headquarters em Benfica. Depois, com a minha entrada em 2010, fizemos um rebranding para Forrester Daymon Lynch & Plumbing. Fazemos trabalhos para toda a geografical area de Lisboa, Sintra e Almada. Já fizemos trabalhos para mais de...
- Olhe, não tenho mesmo muito tempo, vai desentupir-me o lava-loiças ou...?
- Deixe-me só então saltar uns slides então... Estes foram os nossos projectos em lava-loiças. Este aqui foi um lava-loiças que tinha entupido com óleo de frigideira arrefecido, num t0 de Chelas, podemos ver ali que o cliente tinha deixado (...)
Meia hora depois
- ... e os nossos valores são colocar as plumbings no século XXI com a promessa de um new paradigm de serviço assente em inovação e performance, com as sinergias dos nossos human resources e o know-how de experiência adquirida. Obrigado. Tem alguma questão?
- Pode ver o lava loiças agora?
- Vamos então fazer uma análise SWOT ao lava-loiças... Ah, um classico modelo IKEA com estrutura em alumínio e pedra, tubagem de pvc de categoria 4. Muito bem, um modelo posicionado nos eixos qualidade preço e design simples, por contraste com as loiças italianas posicionadas no luxo e no design requintado... deixe-me por água a correr... exacto, como suspeitava, isto está entupido com gordura, entupited with fat, e é só colocar soda caústica...
- O meu marido já tentou isso, não deve ser gordura, ele diz que são resíduos sólidos quase de certeza e que o senhor devia ter uma daquelas bombas hidráulicas ou aqueles arames muito compridos para conseguir chegar ao cano entupido.
- Cara Alzira, isto é de certeza um case study de fat entuped pipe, já vimos dezenas de case-studys destes. Vou-lhe fazer uma technical proposition of reparation.
- Mas não é gordura, eu nem tenho cozinhado nada com óleo ou gordura!
- Ora, estimando aqui uma timeline de 16 horas, reunião de kick off, update meeting daqui a duas horas, custos externos de material e químicos, avaliação do resultado e...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

os meus discos preferidos não interessam a ninguém #30: At The Drive-In - Relationship of Command (2000)


Welcome to the breath-robbing, heart-pounding Relationship of Command, an album many have been waiting for with red-faced anticipation since their last EP, the brilliant Vaya. On this 11-track masterpiece, so full of adrenaline and swarming moods, ATDI has created one of the most infecting and mind-blowing rock albums in a long time.

os meus discos preferidos não interessam a ninguém #29:Tricky - Maxinquaye(1995)


Maxinquaye still manages to retain its power; years later, it can still sound haunting, disturbing, and surprising after countless spins. It's an album that exists outside of time and outside of trends, a record whose clanking rhythms, tape haze, murmured vocals, shards of noise, reversed gender roles, alt-rock asides, and soul samplings create a ghostly netherworld fused with seductive menace and paranoia. -AMG

o apelo da Igreja (ou porque nunca recebi convites para escrever crónicas pagas em revistas de referência)

Tentei em tempos uma aproximação à Igreja porque me agradava francamente o resultado artístico e estético da arte a ela associada, é uma coisa que confere ao criador alguma credibilidade e um lado dramático bíblico e histórico, separando-o do resto da manada hedonista e secular que caracteriza os "artistas" em geral, especialmente os do rock. A Igreja propõe-me uma alternativa interessante à lucidez e à solidão: transformar-me numa espécie de ser feliz, seguindo placidamente rituais com hierarquias e regras claras, oferecendo-me em troca um sentimento de pertença cultural e social e um género de apoio moral omnipresente, muito em procura nos dias de hoje. Aquela cumplicidade entre os cristão, ao domingo de manhã, parece-me uma coisa agradável, parece-me bem, embora a média de idades seja assustadoramente semelhante à dos participantes nos comícios do PCP, quase que dá a sensação que os velhinhos portugueses evoluíram em direcções diferentes, como a raposa do deserto que tem orelhas grandes para dissipação de calor e a do ártico que tem orelhas pequenas para a sua conservação, mas que no fundo vieram da mesma raposa original que, em princípio, vivia em climas temperados.
O meu apoio moral neste momento vem de cerveja ou vinho, ocasionalmente vodka e dos autocolantes nos maços de tabaco a felicitar-me pelo lento suicídio. Invejo os católicos, vejo-os na sopa dos pobres no Natal, com um olhar sincero, a afirmar perante as cameras da SIC que “encontraram a felicidade em Jesus” e que “vivem no amor pelo próximo” enquanto distribuem postas de bacalhau demasiado cozido e couves duras por pessoas com aspecto sujo e pobre e com quem os ateus não haviam de querer ter nada a ver. Em boa verdade, consigo imaginar-me mais facilmente no lugar dos maltrapilhos, a ser alimentado à colher por cristãos e mostrar-me agradecido e piedoso (contando que me deixassem escrever em paz) do que propriamente a ajudar excluídos sem talentos artísticos de qualquer espécie.
Mesmo assim, preciso de Internet, electricidade, água, gás etc. não é só comida, e nisso acho que a Igreja já não ajuda nada e também não conheço casos de pessoas que rezem muito para ter a conta do meo paga por milagre ao fim do mês. Se Jesus descesse à Terra, penso que teria de repensar os milagres. Em vez de ressuscitar Lázaro, o que é um pouco politicamente incorrecto e coloca sérias questões sanitárias e burocráticas (imagine-se o caos no arquivo de identificação civil) podia pagar-lhe as prestações do T2 no Parque das Nações, em vez de transformar água em vinho poderia transformar água em vitamin water ou formas luso. Por mais apelativo que possa ser tornar-me cristão, a verdade é que a Igreja também tem um lado soturno e profundamente deprimente, com Cristos sangrentos por todo lado e mártires torturados das formas mais engenhosas, uma coisa própria da mente de um Frank Miller ou de um Tarantino. Também temos o povo a arrastar-se a Fátima e a cumprir promessas em que, supostamente, há uma tácita correlação positiva entre o grau de dor e sacrifício e o objectivo pretendido e isso é uma coisa que me deprime um pouco, não tanto como as touradas, é certo, mas não é bonito. Fazer 100 metros de joelhos pode garantir 20% de visão ao pequeno Amilcar, cego de nascença, mas se forem três pessoas, por exemplo, pai, mãe e avó, e cada um fizer 300 metros, podem recuperar 100% da visão do Amilcar e se calhar ainda metem uma cunha para a artrite do tio João. Não sei. Sempre que tentei uma aproximação, algo me dizia que aquilo não era para mim, mas não desisti.

Bandido cha cha cha



agora ficam isto no ouvido o dia todo hi hi hi ^_^

A Princesa é que me mostrou esta música, tinham uma coreografia especial no clube de salsa :))
saudades :(

quando menos esperam... NINJA ATACK!!!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

o amor

(acho que ela está mesmo chateada :\ e hoje é noite de poker com os amigos nem vou escrever, é um desperdício)

elas não percebem nada de arte

Depois de um interregno dedicado às rotinas agradáveis do amor, como comprar mantimentos frescos no Pingo Doce, adormecer a ver filmes com o Hugh Grant e ouvir uma pessoa a falar comigo sobre o que a Fernanda lhe disse a propósito do Alberto que é um grande parvo em não namorar com a Roberta da recepção, eis que é chegado o momento de recomeçar uma vida artística de grande escritor. Foi uma resolução de ano novo. Essa e fazer inspecções sanitárias ao frigorífico pelo menos uma vez por mês. Tenho um romance inacabado, um monstro de 191 palpitantes páginas a esperar o meu esforço e dedicação de grande artista. O problema é que para me sintonizar para o romance, preciso de sofrer a sério. Sofrer a bom sofrer, não tanto como um poeta ou o Torres Couto, mas mesmo assim sofrer. Portanto, a única forma de compatibilizar relações amorosas e arte é por intermédio de relações atribuladas ou de casamentos e a natural infelicidade que vem com o tédio da rotina. A fase do namoro e do encantamento é totalmente incompatível com criação de valor. Qualquer aprendiz de escritor sabe isto muito bem à primeira discussão com o tópico “mas vais ficar em casa outra vez o fim de semana todo?”
É evidente que num casamento, este problema já não se coloca porque a mulher já se cansou de sair à noite e também já não é tão bonita e não está para se meter ao pé de miúdas universitárias todas produzidas e empinadas, preferindo rever-se na Bridget Jones no canal Hollywood.
Ontem, tive o ímpeto de a mandar embora de casa para escrever, para criar. Ela arrumou as suas coisas, furiosa, e mal a porta bateu senti-me profundamente triste e culpado e sozinho. Finalmente! Fui a correr para o computador para aproveitar o estado de espírito e ainda escrevi uns parágrafos bons. Telefonei-lhe depois para pedir desculpa, até porque ia jogar playstation e não se justificava continuar atrofiado, mas não me atendeu. Não há crise. Combina-se uma ida ao playcenter do Colombo, ela adora o bowling. Safo-me sempre. As mulheres em geral gostam muito de artistas como eu porque temos um olhar intenso e febril, com aquela densidade e paixão que caracteriza os mártires. Embora o objecto do nosso desejo seja um mistério ainda por definir, elas gostam de se colocar entre o objecto e o artista, de maneiras que o olhar incida sobre elas, no fundo, como um guaxinim encadeado pelos faróis de uma Nissan Patrol antes de ser esborrachado. A Princesa tem exactamente esse olhar quando lhe falo dos meus projectos confusos e das dificuldades que se avizinham e suspeito que não compreende metade do que lhe digo, até porque no outro dia referiu-se a dois misteriosos livros que lhe terei recomendado, um tal de “Crime e Paz” e um “Guerra e Castigo”.