Epá, eu até compreendo. Ia deixar aqui uma nota como sendo esse um dos dois pontos de discórdia (o outro é de que depois de Melville não houve outro americano) mas percebo a cena dele e de outros que vilipendiam Dostoiévski. Não é tanto o Dosto ser colocado em 5º lugar (acho que um 5º lugar naquela lista equivale a ser o Fernando Pessoa em Portugal) mas sim a crítica, que tantas vezes (bom, só conheço mais um com quem tenho esta discussão) oiço. O Dostoiévski exige um coração aberto digamos assim. Não sei como explicar bem as coisas. O único comparável no humanismo é o Tchekhov, na compreensão do ser humano, da vida... Há uma coisa nos grandes escritores que nos faz pensar "pois é, ele tem razão". O Nabokov enerva-me muito, é um génio e um artista acima do Dosto em tudo, menos nesse lado mais humano. O Nabokov não me cria qualquer empatia, é uma leitura fria e puramente intelectual que, no limite, consegue ser angustiante ou erótica mas poucas vezes comovente. O Dosto apela à sopeira filosófica que há em mim e eu assumo-a.
Também eu. E concordo em relação ao Nabokov (e ao Tchekhov e Dostoievski), aquilo não (me) diz nada. Pode até ser um génio mas parece-me demasiado tolhido pelo virtuosismo, e depois sempre a tentar mostrar o "tão bem que sei" e depois o efeito é aquilo não interessar para nada. Zero. Nem para escrever, para isso há o Conrad (que detestava Dostoievski mas isso é lá coisa entre gigantes). Questões de empatia :)
A prosa tem nível, mas gostos e listas é como o Instagram, toda a gente tem os seus filtros e acha que assim é que fica bem ou então não usa filtro nenhum e acha que os outros todos é que estão mal.
7 comentários:
assim dás cabo das nossas estatísticas :)
Pá... Wow.
Por amor de Deus! O Nabokov? Manchou logo o post todo...
um bom post, mas (o insuportável) Nabokov acima de Dostoievki é daquelas que enfim...
Epá, eu até compreendo. Ia deixar aqui uma nota como sendo esse um dos dois pontos de discórdia (o outro é de que depois de Melville não houve outro americano) mas percebo a cena dele e de outros que vilipendiam Dostoiévski. Não é tanto o Dosto ser colocado em 5º lugar (acho que um 5º lugar naquela lista equivale a ser o Fernando Pessoa em Portugal) mas sim a crítica, que tantas vezes (bom, só conheço mais um com quem tenho esta discussão) oiço. O Dostoiévski exige um coração aberto digamos assim. Não sei como explicar bem as coisas. O único comparável no humanismo é o Tchekhov, na compreensão do ser humano, da vida... Há uma coisa nos grandes escritores que nos faz pensar "pois é, ele tem razão". O Nabokov enerva-me muito, é um génio e um artista acima do Dosto em tudo, menos nesse lado mais humano. O Nabokov não me cria qualquer empatia, é uma leitura fria e puramente intelectual que, no limite, consegue ser angustiante ou erótica mas poucas vezes comovente. O Dosto apela à sopeira filosófica que há em mim e eu assumo-a.
Também eu. E concordo em relação ao Nabokov (e ao Tchekhov e Dostoievski), aquilo não (me) diz nada. Pode até ser um génio mas parece-me demasiado tolhido pelo virtuosismo, e depois sempre a tentar mostrar o "tão bem que sei" e depois o efeito é aquilo não interessar para nada. Zero. Nem para escrever, para isso há o Conrad (que detestava Dostoievski mas isso é lá coisa entre gigantes). Questões de empatia :)
A prosa tem nível, mas gostos e listas é como o Instagram, toda a gente tem os seus filtros e acha que assim é que fica bem ou então não usa filtro nenhum e acha que os outros todos é que estão mal.
Enviar um comentário